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O Amor na Porta à Frente

por Andrusca ღ, em 22.12.12

Capítulo 29

Os Preparativos

 

Os preparativos para o casamento andavam “de vento em popa”, porém o stress e o nervosismo também andavam em alta. Evelyn estava sentada no sofá da sala, toda encolhida, com uma taça de gelado nas mãos e com um ar tristonho. Há pouco mais de duas horas tinha tido uma discussão terrível com Doug, apesar de agora já mal de lembrar da razão. Tinha sido a pior discussão dos dois até agora, e, por algum motivo, tinha medo que não pudesse ser ultrapassada de um modo tão pacífico como as outras.

Já tinha anoitecido quando ele voltou a casa. Tinha andado às voltas pela cidade para espairecer, tinha saído logo após a discussão e precisava de pôr as ideias em ordem. Encontrou-a adormecida no sofá, com a taça de gelado derretido nas mãos, e sorriu ligeiramente. Aproximou-se com a intenção de a agarrar ao colo para a levar para a cama, porém ela despertou a meio do caminho.

- Doug? – Perguntou.

- Estou aqui.

Ele pousou-a na cama e ela voltou-se de modo a vê-lo bem, com um nó na garganta.

- Pensava que ias passar a noite fora – lamentou, a medo. Ele sorriu e fez-lhe uma festa na bochecha.

- Desculpa – disse-lhe – Sinceramente já nem sei porque é que discutimos.

- Também peço desculpa. Desculpa.

- Está tudo bem. Dorme.

- Só quando estiveres ao meu lado.

Ele sorriu e, após mudar de roupa, deitou-se ao seu lado e abraçou-a sem dizer mais nada. Nessa noite houve um pequeno vendaval, porém nenhum deles deu por nada. Quando acordou, Evelyn levantou-se e arrastou-se até à cozinha, onde começou a fazer o pequeno-almoço para os dois. Hoje teria que ir para a clínica apenas na parte da tarde.

- Bom dia – cumprimentou Doug, ao chegar ao pé dela.

- Bom dia.

Sentaram-se ambos à mesa e começaram a comer, sem nenhuma outra palavra ser dita.

- Ouve, Doug, sobre ontem…

- Deixa isso – ao princípio ela pensou que ele ainda estivesse chateado mas então, ao ver aquele sorriso aparecer-lhe nos lábios, ficou um pouco mais descansada – Nem sei o que se passou, stressei sem razão nenhuma.

- Não, eu também tive culpa, tenho andado com os nervos à flor da pele.

- Mas tu sempre foste assim – brincou ele, fazendo-a revirar os olhos – Uma stressada do pior.

Ela riu-se e o clima aliviou. Depois de acabarem de comer e de terem mudado de roupa, Doug perguntou-lhe se queria continuar a colocar as moradas nos convites do casamento para enviarem aos convidados, e ela disse que sim. Foram buscar as coisas e puseram todos os convites na mesa da sala de jantar. Só de olharem para os duzentos e poucos convites, perderam logo toda a vontade de colocar as moradas para os enviarem, apesar de muitos deles já estarem preenchidos.

- Que trabalheira – murmurou Doug, enquanto agarrava na caneta. Evelyn riu.

- Podíamos mandar e-mails, era mais prático.

- Que graça. Mas já só faltam uns cinquenta, ainda acabamos isto hoje.

Puseram mãos à obra e quando estava quase na hora do almoço apenas faltavam dois convites. Doug escreveu a morada de um e, quando olhou para a noiva, reparou que ela fitava aquele envelope sem saber se havia de escrever, ou não, a morada.

- Só falta um, Evie – disse ele, para a trazer de volta ao mundo real.

- Não sei se o devíamos enviar, Doug. Já não falo com ela há dois anos, de certeza que nem vem. E, se vier, o mais provável é só nos chatear.

Ele olhou para o convite e depois arrastou a cadeira mais para ao pé da médica, de modo a conseguir abraçá-la. Sabia o quanto aquela situação lhe custava, e não conseguia deixar de desejar que as coisas não fossem assim e que a relação dela com Christina melhorasse. Ela suspirou e encostou a cabeça ao peito dele, ouvindo o seu coração a bater.

- Ela não deixa de ser tua mãe. Por muito chateada que ainda estejas, sei que nunca te ias sentir bem se não a convidasses.

- Mas…

- Vá lá, não vai ser assim tão mau. E então se ela nos tentar chatear? Vai ser o nosso dia, e não dela, e nada o vai conseguir estragar.

- Prometes?

- Prometo.

Acabaram tudo e depois Evelyn deixou quase todos os convites nos correios a caminho da clínica, ficou apenas com aqueles das pessoas a quem ia entregar pessoalmente. Ao chegar, Phil cumprimentou-a e perguntou-lhe como iam a correr os preparativos. Em resposta, a médica mostrou-lhe o seu convite e entregou-lho. Entregou também os outros a Claire e a Carl, que estavam na sala comum. Em seguida foi para o seu consultório e vestiu a bata branca por cima da roupa. Sentou-se na secretária e passou com os dedos pela moldura que lá tinha, com uma fotografia que tinha tirado com Doug na última ida a Billingsley. Deu por si a sorrir quando Phil lhe foi bater à porta para lhe anunciar que ia entrar uma paciente. Depois de ver a senhora, e de lhe receitar os medicamentos, saiu do gabinete e juntou-se a Phil na recepção, visto as coisas estarem bastante calmas hoje.

- Já escolheste o vestido de noiva? – Perguntou-lhe ele, a fazer conversa.

- Já vi alguns, mas estou indecisa entre dois. Mas ainda faltam três meses Phil, ainda há tempo.

Ele riu-se.

- Quando se está a organizar um casamento, o tempo voa.

Nesse momento apareceu Claire, vinda do seu gabinete, com uma revista na mão. Meteu-a à frente dos outros dois.

- Já viram o que vem aqui? – Ambos negaram – Leiam, vá.

Eles começaram a ler. Era uma daquelas revistas de mexericos, e lá vinha uma referência ao casamento do vocalista dos Silent Lovers com a Dra. Tucker, uma médica altamente recomendada. Dizia ainda que a banda estava a começar a ser mais conhecida e que o facto de Doug se ir já casar deixava as fãs destroçadas. Evelyn não conseguiu evitar uma gargalhada.

- Ele vai ficar tão vaidoso quando vir isto – comentou, ainda a rir.

 

Já não falta muito para esta história acabar, talvez uns cinco ou seis capítulos...

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