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Destino Amaldiçoado

por Andrusca ღ, em 24.02.11

Consegui os comentários, mas a única razão porque estou a postar ainda hoje é a Tila que nunca aceita um 'não' como resposta...

Ela é insistente como tudo (a)

Sabes que te adoro xD

Agradeçam-lhe a ela, sim?

E já agora, dedico-lhe o capítulo, porque vá, apetece-me xD

 

Capítulo 18

De volta a São Francisco

 

Tinham-se passado duas semanas desde que eu e Luc tínhamos acabado tudo e agora, recém chegada das Bahamas, estava na rua à frente da casa dos Connor, encostada a um carro, há algum tempo, a pensar no que dizer ou fazer quando o visse. 

- Tudo bem? – Perguntou-me um homem, muito esbelto, loiro de olhos castanhos e um pouco para o musculado, apesar de não ser nada a ver com Chad ou Luc.

- Desculpe, eu conheço-o? – Perguntei, um bocado confusa.

- Não, eu sou… bem, sou o dono do carro. – Sorriu.

- Oh! – Exclamei, desencostando-me do carro e corando. – Peço desculpa eu estava…

- Concentrada nos pensamentos? – Perguntou-me, sorrindo, exibindo os seus maravilhosos dentes brancos.

- Exacto.         

- Não faz mal. – Disse, encostando-se ao carro. – Já não te via por aqui há algum tempo.

- Eu não te conheço, mas tu conheces-me. – Afirmei, encostando-me também.

- Ei, eu moro do outro lado da rua Joanna, não é difícil conhecer-te quando estás sempre em casa dos Connor e quando gritam pelo teu nome a toda a hora.

Sorri.

- Então estou em desvantagem. Tu sabes o meu nome, mas eu não sei o teu…

- Kevin Mcgory. Mas sabes, eu lembrava-me de ti morena. O que te aconteceu?

Ri-me.

- Eu precisava de uma mudança. Um novo começo.

- Por isso pintaste o cabelo de loiro?

- Também…

- Mesmo assim, continuas esplêndida.

- É bom saber.

- Ouve, estás aqui há quase duas horas, não me estou a queixar mas tenho que dizer que só cá vim por um pouco de pena…

Interrompi-o.

- Duas horas? A sério?

- Sim. Ouve, não sei qual foi o problema com os Connor e não é da minha conta, mas vocês davam-se todos lindamente, seja o que for, de certeza que se vai resolver.

- Sim, claro que vai. – Disse eu, apesar de não acreditar.

- Então do que é que estás à espera? De certeza que eles vão gostar tanto do cabelo como eu.

Soltei uma gargalhada.

- Então não tenho nada com que me preocupar. Obrigada, acredites ou não, ajudaste, e muito.

Atravessei a estrada e parei em frente à porta dos Connor. Vi-me no espelho da porta. Estava diferente, nas Bahamas tinha cortado um pouco o cabelo, apesar de continuar comprido, escadeei-o mais e pintei-o de loiro. E além disso estava mais morena…

Respirei fundo e bati à porta. Ninguém respondeu. Dei meia volta e comecei a afastar-me. «Vá lá Joanna, não sejas cobarde» pensei para mim mesma.

Voltei a bater mas ninguém respondeu de novo. Abri a porta e entrei. A casa estava tal e qual como me lembrava.

Ouvi Sheilla a falar na cozinha.

- Sim Louis. – Dizia ela ao telemóvel. – Eu sei disso tudo, mas ele também é teu filho e está a passar por uma fase má, tens que fazer um esforço maior! Hoje pedi-lhe para ficar com os pequenos e ele saiu não sei para onde. E agora? Não os posso levar para o High Spot enquanto trato das coisas de lá, ainda se podiam magoar. De certeza que não te consegues despachar?

- Eu posso ficar com eles. – Apressei-me a dizer.

Sheilla olhou para mim, desligou o telefone sem dizer nada a Louis e abraçou-me.

- Oh querida, estou tão feliz por teres voltado. Como estás?

- Óptima! – Exclamei, parecendo bastante convincente.

- De certeza?

- Sim Sheilla, certeza absoluta. Não tinhas que te despachar?

- Pois é. Olha, os meninos estão no quarto, até logo então. Sentimos a tua falta. – Disse, saindo porta fora.

- E eu a vossa. – Gritei.

Parece que as coisas não mudam, Sheilla continua na mesma correria de sempre.

Subi as escadas e fui para quarto dos pequenos. Chad estava a construir um castelo com as peças do lego e Luc estava sentado com uns bonecos. Assim que me viu a passar da porta, Chad correu logo para mim.

- Estás de volta, estás de volta! – Dizia, com uma alegria contagiante na voz. – O teu cabelo está engraçado.

- Obrigada! – Disse-lhe, desmanchando-me a rir.

Dei-lhes o lanche brinquei com eles. Voltámos lá para cima para o quarto deles e de um momento para o outro, Chad ficou em pouco estranho.

- Passa-se alguma coisa querido? – Perguntei.

- Tu gritaste com ele. Com o Luc grande. Eu pensava que não ias voltar.

Ajoelhei-me ao lado dele e de Luc.

- O quê? Isso é ridículo Chad, é claro que voltava.

- Mim pensei tambiem… - Disse o pequeno Luc.

- Não te chateies com isto Luc. Vai brincar, eu estou aqui, e vou estar sempre.

Luc sentou-se no chão e começou a brincar com um avião. Mas Chad continuou o interrogatório, estava na idade dos “porquês”.

- Mas vocês gritaram tanto um com o outro. Porquê? – Perguntou-me.

- Sim, gritámos, mas isso não tem nada a ver contigo ou com o teu irmãozinho ok? São problemas de adultos.

- Mas já não gostas dele?

- Oh Chad, não tem a ver com isso. É complicado mas não é nada para te preocupares. É claro que eu ia voltar, eu fui só de férias, e agora voltei.

- Nunca nos vais deixar?

- Não, nunca vos vou deixar. Prometo. Nem a ti nem ao teu irmão ok?

Ouvi passos e olhei para a porta. Luc, o Luc adulto estava lá, imóvel, a olhar para mim.

- Olha Chad, vocês agora ficam com o Luc porque eu vou desfazer as malas ok?

- Sim. – Respondeu-me, acenando afirmativamente com a cabeça.

Levantei-me e fui ter com o Luc mais velho à porta, ainda sem conseguir olhar muito bem para ele sem que aquela dor aguda no peito viesse. Notei eu não estava muito bem encarado, mas não quero saber, agora quero é não me preocupar com ele.

- Eu dei-lhes o lanche e brincámos um bocado. A Sheilla deve estar quase a chegar. – Disse-lhe, saindo do quarto de começando a descer as escadas em seguida. Ele veio atrás de mim.

- Jô espera. – Disse-me. – Não podemos falar?

- Eu não tenho mais nada para te dizer Luc. – Disse-lhe, abrindo a porta.

- Jô! – Gritou-me. – Gostei do cabelo.

- Obrigada. – Disse, secamente, saindo porta fora.

Fui para o meu apartamento e as minhas malas já lá estavam. Entrei em casa e comecei a desfazer as malas quando fui surpreendida por trás. Sheilla tinha dito a Sue que eu já chegara à cidade e esta decidiu verificar, e claro, assustou-me imenso por se ter teletransportado. Qualquer dia ataco-a a pensar que é um demónio…

- Então, conta-me tudo, como foram as Bahamas? – Perguntou, sentando-se na cama enquanto eu arrumava a roupa.

- Foram espectaculares, havia água e palmeiras e… bem, mais água.

- E gostaste?

- Amei. – Disse, forçando outro sorriso.

- E como é que estás em relação ao Luc?

- Como é que devia estar? Nós acabámos, está tudo acabado, eu estou bem.

- Jô, não precisas de te fazer de forte.

- Eu sei, e não me estou a fazer. É verdade, fiquei um pouco abalada mas agora estou melhor que nunca.

- Tu é que sabes. Enfim, o que é que te deu pela cabeça para pintares o cabelo?

- Não gostas?

- Sim mas…

- Achei que precisava de uma mudança. – Conclui, encolhendo os ombros.

Ficámos à conversa durante um tempo e depois ela foi embora. Eu saí para ir comer a um restaurante porque não tinha comida em casa e não queria ir à casa dos Connor.

Encontrei Kevin no restaurante e a acabámos por comer juntos. Gostei imenso da companhia dele, fazia-me rir e conseguia, por uns segundos, fazer-me esquecer Luc. Quando acabámos, ele fez questão de me levar a casa apesar de eu dizer que não valia a pena. Pelo caminho avistei um homem num beco e vi uma bola de energia a voar.

- Isto só pode ser uma brincadeira. – Disse em voz alta. – Oh vá lá, eu estava de férias!

- Hã? – Perguntou Kevin.

- Fica aqui, volto já.

Fui até ao beco e dei uma coça ao demónio, dando oportunidade ao homem para fugir mas ouvi a voz indignada de Kevin por trás de mim. Desviei os meus olhos por um segundo e o demónio já estava ao lado dele, agarrou-o e levou-o.

- Não! – Gritei.

Corri até ao High Spot e entrei sem ligar à fila, como o segurança já me conhecia não fez questão de me mandar parar. Dirigi-me à mesa em que os Connor costumam estar e fui ter com eles. Estavam lá Sheilla, Claire, Sue, Chad e Josh.

- Preciso de vocês. – Disse-lhes, ofegante.

- Olá Joanna, bem-vinda de volta. – Disse Claire. – Como é que estás?

- Olá. Bem, mas temos um problema.

Os meus olhos passaram por toda a sala numa questão se semi-segundos e pararam em Luc, que estava junto ao bar a beber.

- Ele não está a beber de mais? – Perguntei.

- Na verdade hoje foi dos dias em que bebeu pouco, já não sabemos o que fazer com ele. – Respondeu Josh.

- Bem, não interessa, continuando. – Disse eu. – Eu fiz um amigo…

Expliquei a história toda e depois fomos ver o livro a casa deles. Levámos Luc, que já estava podre de bêbedo e Claire ficou com ele enquanto eu, Sue, Sheilla e Josh fomos fazer uma visita ao demónio. Encontrámo-lo numa parte mais escondida do parque e como era de uma classe baixa de demónios, não era preciso poção, podia ser explodido. Chad as irmãs mantiveram-no ocupado enquanto eu corri até Kevin, que estava amarrado a uma árvore e desamarrei-o.

- Joanna, o que é que está a acontecer? – Perguntou, aterrorizado.

- Tem calma, vai tudo correr bem, confia em mim.

Ouvi um grito de dor, vindo de Chad e vi que o demónio tinha desaparecido. Olhei em volta mas não adiantava de nada, dei um passo em frente, tentando ver melhor, mas com a escuridão não serviu de muito.

Ouvi um riso e voltei-me imediatamente para Kevin.

- Não! – Gritei.

O demónio tinha-lhe mandado uma bola de energia. Eu explodi-o instantaneamente e corri para ao pé de Kevin, ajoelhando-me ao lado dele.

- Não, não, não, não, não, não desistas Kevin, não podes desistir! Chamem uma ambulância. – Gritei para eles. – Kevin vá lá, não pares de lutar, não agora.

- Eu sabia que eras especial, não sabia era que tipo de especial eras. – Disse-me, sorrindo.

Parou de piscar os olhos.

- Não, por favor não, Kevin...

- Ele está morto Jô. – Disse Chad, pousando a mão no meu ombro. – Lamento.

Fechei os olhos a Kevin e caiu-me uma lágrima.

- Também eu. – Sussurrei.

Levantei-me e abracei Chad, fazendo um esforço enorme para não largar mais nenhuma lágrima.

Passou-se uma semana e apesar de não o conhecer muito bem, senti a falta de Kevin, ele foi o único que me fez sentir bem após o fim do meu namoro com Luc. Luc, esse continuava a beber demasiado e ir contra demónios que não podia destruir, se não o conhecesse diria que se queria matar.

No fim desta semana já estava a ficar farta de estar sempre a forçar sorrisos e a dizer que estava tudo bem e que me sentia melhor que nunca. Era de noite e não tinha nada para fazer, logo resolvi ir até ao High Spot ter com os Connor. Sentei-me lá na mesa com Chad, Sheilla, Josh e Sue. Claire e Rick queriam um tempo para ficarem sozinhos e Louis ficou com os filhos em casa. Luc continuava a sentar-se sozinho no bar. 

- Mas porque é que ele continua com esta atitude? A beber tanto e a combater demónios que o matavam num piscar de olhos. É que se não estivesse lá mais ninguém então ele já estava morto.

- Não sabes mesmo o porquê da atitude? Jô, a sério? – Perguntou Chad.

- Querida, a resposta está mesmo à tua frente. – Disse Sue. – Cada um sofre à sua maneira…

Olhei para a mesa espelhada e vi-me a mim, loira e farta de fingir estar uma coisa que não estava, ao menos ele não estava a fingir. Suspirei.

- Isto é ridículo! – Exclamei baixinho, levantando-me.

Fui até ao pé de Luc, ao bar e sentei-me na cadeira ao lado dele.

- Não achas que já chega de bebidas por hoje? – Perguntei.

- Não interessa.

- Luc, e que tal ires para casa e tomares um banho frio?

Ele encolheu os ombros.

- Faz como quiseres. – Disse-lhe, levantando-me e indo embora.

Não sei porquê mas parei e respirei fundo. Eu queria não me preocupar com ele, mas que posso dizer? Sou uma alma caridosa que aparentemente gosta de sofrer. Voltei para trás e voltei a sentar-me ao lado dele.

- Ouve, sinceramente, eu odeio estar a fazer o papel de rapariga madura e de ter que ser eu a vir aqui falar contigo por te estares a meter nos copos. Mas isso é outra história… bem, durante toda a semana ouvi as pessoas, as tuas tias, a tua mãe e mais gente a perguntarem-me se estava bem. – Comecei a dizer-lhe. – Luc, olha para mim. – Ele obedeceu. – Passei a semana a dizer que estava lindamente e a sorrir sem vontade quando só me apetecia fugir porque a verdade é que não estou bem. Não estou bem porque tu me traíste. Não estou bem porque acabámos. Mas eu acho que isto é a vida e eu posso não estar bem hoje mas talvez esteja amanhã. Temos que superar as coisas, não podemos ficar presos num momento como tu estás a fazer. E beber ou lutar contra coisas que nos podem matar num ápice não resolve absolutamente nada. Olha para eles, eles estão preocupados contigo. Tu já me perdeste a mim... também os queres perder a eles?

Ele olhou para eles com um ar um pouco abalado.

- Desculpa, eu não quis, a sério, eu nunca, nunca te quis magoar. – Acabou por pronunciar.

- Tudo bem, mas isso é passado. Temos que nos preocupar é com o agora, com o presente, e agora, eles estão muito preocupados.

- Eu sei. Jô, achas que há alguma possibilidade de...

Eu vi logo onde ele queria chegar com essa conversa.

- Eu não vou voltar para ti. Não posso. Não conseguiria suportar.

Ele olhou para baixo mas depois fez uma coisa que eu não estava nada há espera, sorriu e olhou para mim.

- Há sempre o amanhã. – Disse-me.

Também sorri.

- Pois há.

Ele levantou-se e foi-se sentar ao pé da família enquanto eu me fui embora. Parei à porta e observei-os. Pareciam felizes e isso era bom. Aos poucos e poucos tudo ia ficar melhor.

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