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Pétalas de Rosas

por Andrusca ღ, em 11.10.10

Este capítulo é dedicado à CCullen porque ela só me sabe é aumentar a auto-estima ^^

Obrigada querida :D

 

Capítulo 11

Tempo em Família

 

Corri, em pânico, até Derek, e ele sorriu-me debilmente. Não liguei, apesar de ser difícil parar de olhar para a cara encantadora dele quando ri. Desviei-lhe as mãos de onde Charlotte o tinha espetado e ele não combateu nenhuma das minhas investidas. A blusa estava furada e com um pouco de sangue, mas quando lhe desapertei o casaquinho e lhe puxei a blusa para cima, a sua pele estava intacta.

- O quê? Mas… e… ela furou-te… como é que… o quê?! – Eu não dizia coisa com coisa, enquanto lhe apalpava o abdómen e concluía que ele parecia bem.

- Chloe… - chamou ele, para eu olhar para ele – Eu estou bem.

Deixei-me cair ao lado dele, a tentar regularizar a respiração. Tinha apanhado um susto para o resto da vida.

- Nós só morremos quando nos cortam a cabeça, lembras-te? – A tentativa de Verónica para me fazer acalmar foi terrível, e ainda me deixou a tremer mais ao fazer-me perceber que Charlotte poderia facilmente ter cortado o pescoço a Derek, em vez de lhe ter furado o abdómen.

Derek agarrou-me nas mãos, e eu relaxei um bocado. Vi Charlotte pela janela, ria-se para mim. Acho que esta é uma das maneiras de ela me dizer que só poupou Derek porque quis, e não porque não o conseguia matar.

Mais ninguém olhou para ela, mas eu não conseguia parar. Aqueles olhos maldosos… aquela rapariga só apareceu para me infernizar a vida. Mas porquê a mim? De tantos milhões de pessoas espalhadas no mundo inteiro, porquê eu? O que é que eu lhe fiz?

- Ei – a voz de Derek trouxe-me de volta para dentro da escola, e olhei para ele –, eu estou bem, a sério.

Assenti com a cabeça, não me sentia em condições de dizer nada.

Quando finalmente me consegui aguentar em cima das pernas sem tremer, saímos de lá. Gary levou Gwen a casa no seu carro, e Derek conduziu o meu.

Quando chegámos à minha casa, ele entrou e fomos para o quarto.

A primeira coisa que fiz foi sentar-me na cama e tirar a peruca. Ainda estava em choque.

- Queres que fique contigo esta noite? – Perguntou-me.

Eu assenti com a cabeça. Ainda não tinha a certeza de que a minha voz fosse sair normal. Ainda não tinha dito nada desde aquela frase estúpida e sem sentido, ao constatar que Derek não estava magoado.

- Podes ao menos dizer qualquer coisa, ou fazer um som qualquer, para eu saber que estás bem? – Pediu.

- Estou bem – murmurei, engolindo em seco em seguida.

Quando achei que me aguentava bem em pé – sozinha de preferência – tirei o vestido e vesti o pijama. Tirei a maquilhagem com um toalhete próprio e desprendi o cabelo, que prendi para conseguir pôr a peruca. Voltei a sentar-me ao lado de Derek. De pensar que há meia hora atrás pensava que ele tinha morrido mesmo à minha frente… quer dizer, eu sei que vampiros não morrem assim… mas mesmo assim foi assustador. Perder Derek… perder Derek seria o fim. Perder Derek seria morte total.

Dylan entrou pelo quarto a dentro, e parecia alarmado.

- Aconteceu alguma coisa? – Perguntou-nos – Eu vi-te na festa, mas quando te ia falar desapareceste, e a Charlotte desapareceu, e eu pensei que…

- Está tudo bem – interrompeu-o Derek – Não aconteceu nada de especial.

Pois, nada de especial para ele. Para mim tinha sido um horror total.

- Têm a certeza? – Insistiu Dylan.

- Sim – a minha voz já estava normal, ou pelo menos perto disso. Também não ia querer alarmá-lo, afinal, já passou.

- A Abby? – Perguntou ele.

- Dorme na casa da Sra. Jonhson – respondi.

- Ok, boa noite.

Não consegui dormir nada, mas estive de olhos fechados para que Derek não percebesse que eu não dormia. Na verdade sentia-me muito mais segura ao tê-lo aqui comigo, mas a imagem de Charlotte e espetá-lo não me saía da cabeça. Ela fê-lo com uma facilidade extrema, sem sequer pestanejar. Sem sequer pensar duas vezes. Sem ter qualquer piedade ou pingo de bondade. E mesmo assim Derek não deixou que Verónica a atacasse. Derek gostava dela. Ela é detestável, mas de alguma maneira, todos os irmãos gostam dela. Como?

Dei voltas e voltas, e às tantas tive que me tapar com o cobertor porque estava gelada do corpo de Derek. Senti-o a acariciar-me a face várias vezes, mas mesmo assim não abri os olhos. Mas também não dormi. Se dormisse, de certeza que teria um pesadelo. E hoje não precisava de outro. Ver Derek a ser perfurado à minha frente chegou.

Quando o dia começou a nascer, senti Derek levantar-se, e agarrei-me logo a ele.

- Não vás – pedi.

- Pensava que estavas a dormir…

- Não consigo. Por favor, fica.

- Ok.

Voltou a recostar-se e a abraçar-me. Tremi de frio, mas não me atrevi a desviar-me. Queria ficar aqui junto a ele, e no que dependesse de mim, ficaria sempre.

Sábado de manhã Derek teve que ir para ao pé dos irmãos, queriam ver se descobriam quem andava a criar os vampiros.

Depois do pequeno-almoço fui buscar Abby à Sra. Jonhson e menti e fiz sorrisinhos, ao afirmar com todos os dentes que tenho na boca, que gostei imenso da festa e me diverti a valer.

Decidi que queria passar uma tarde diferente com os meus irmãos. Estava farta de jogar na defensiva. Hoje queria-me divertir com eles. Hoje ia-me divertir com eles.

Consegui convencê-los a irmos dar os três uma volta, como costumávamos fazer antes de Dylan se tornar revoltado e parvo. Talvez agora que ele voltou à normalidade, possamos voltar às “velhas tradições”. Fomos passar o dia ao Giant Springs Park. Não sei porquê, mas eu amo este sítio.

Sentámo-nos na relva, em cima de uma toalha grande, e começámos a pôr a comida à nossa volta. Um pequeno piquenique familiar é sempre bom.

- É verdade – disse Abby, ajeitando os óculos –, sabiam que a cadeira eléctrica foi inventada por um dentista?

- O quê? – Perguntou Dylan, chocado.

- É verdade! – Reforçou Abby.

- Abby, eu já te tinha dito para não investigares coisas de assassinos – disse eu.

- Eu não os pesquisei a eles, apenas como morrem – disse ela, encolhendo os ombros em seguida.

- Pois sim – revirei os olhos.

- Sabiam que a maioria dos batons contêm escamas de peixe? - Perguntou Dylan, com um ar triunfante.

- Que horror! – Disse Abby.

- Credo… - murmurei.

Agora cada vez que puser um batom vou-me lembrar disto.

- É a tua vez – disse Dylan, a olhar para mim – Diz lá aí um facto novo.

- Um facto novo… - pus-me a pensar. O que é que eu sei? – Hum… sabiam que é impossível lambermos o próprio cotovelo?

Ficaram os dois a olhar para mim com uma cara de carneiros mal mortos.

- Isso é o melhor que consegues? – Queixou-se Abby.

- Toda a gente sabe isso – apoiou Dylan.

- Ok… hum… então e sabiam que o isqueiro foi inventado antes do fósforo?

- Não – respondeu Abby. Fiz um sorriso vaidoso e triunfante. Afinal até sou inteligente…

- Eu também não – disse Dylan.

- Vêem? Eu também sei umas coisinhas… - gabei-me. Eles voltaram a ficar a olhar para mim, como quem diz “pois, sim” – Ok, pronto, sei isto. E chega.

Desataram-se a rir, e eu não consegui evitar também não rir. As gargalhadas de Dylan eram intoxicantes, cada vez que ele se ria, metia as pessoas todas à sua volta a rir também. São aquelas gargalhadas altas e mesmo estúpidas, que não deixam ninguém ficar sério. Mas Abby conseguiu. Depois de ter rido aquele primeiro bocado, parou e pôs-se a olhar para cima, a observar o céu.

- O que foi? – Perguntei-lhe.

- Tu tinhas uma fotografia aqui… com o pai – disse-me. Consegui sentir a tristeza na sua voz, e Dylan também a mostrou pela sua expressão. Tenho que admitir que também não fiquei nada indiferente.

- Pois tenho – disse-lhe – Estamos todos nela, os cinco.

- Sim… mas a mãe foi-se, e o pai morreu – lamentou Dylan. Fogo, o dia estava a correr tão bem, e agora esta melancolia toda.

- Pelo menos vocês têm memórias – disse Abby.

- Praticamente nenhumas – murmurou Dylan.

Abby não se lembra praticamente de nada, era muito novinha, e Dylan também já pouco se lembra, eu sou quem tem mais memórias. E preferia esquecer mais de metade delas.

Quando levantei os olhos da relva, vi que estavam os dois a olhar para mim.

- Como é que ele era? – Perguntou Abby.

- Abby… eu já te disse tantas vezes… - disse-lhe eu.

- Eu sei mas… eu gosto de ouvir – os seus olhos começavam a ficar brilhantes, estava a esforçar-se para não chorar.

Olhei para Dylan, e ele incentivou-me com a cabeça.

- Ele era… espantoso – disse eu – O melhor pai de sempre. Ele podia estar no meio de um assalto, e mantinha a calma e fazia piadas, porque acreditava que as pessoas tinham que ser positivas para passarem os maus bocados. Ele era… era o tipo de homem que se atirava para o meio da estrada para salvar uma velhinha de ser atropelada por um camião, e foi para duas semanas ao hospital por isso… mas durante esse tempo sorriu sempre.

- Se ele era tão espantoso, porque é que se quereria tornar vampiro? – Dylan perguntou exactamente aquilo que aparece na cabeça sempre que penso neste assunto. E eu não tinha resposta.

- Não sei – disse-lhe.

- Talvez quisesse mais – disse Abby –, talvez estivesse farto de ser só… normal.

- Não há nada de mal em ser-se normal – defendi.

- Eu sei mas… tu vais-te tornar vampira – contrapôs ela – E eu vou continuar normal, e o Dylan vai continuar normal e… vamos ser sempre fracos.

- Vocês não são fracos. E eu não me vou tornar numa vampira – voltaram os dois a fazer-me aquele olhar – … ainda. E além disso humanos podem fazer montes de coisas, incluindo comer pizzas – a minha ideia resultou e eles soltaram uma gargalhada.

- Eu gosto de pizza – admitiu Dylan.

- Eu não sei como poderia viver sem pizza – disse Abby.

Rimo-nos os três. O dia passou num instante, e quando demos por nós já estávamos de volta a casa. Como ninguém tinha fome, bebemos apenas um copo de leite, cada um. Quando subi para o quarto, reparei que tinha um bilhete em cima da cama, juntamente com pétalas vermelhas, de rosas. Sorri. Há séculos que Derek não me fazia uma coisa destas. Assim, sem gastar dinheiro, dá para apreciar sem o repreender. Como quando me ofereceu o iate. Que raio de ideia é que foi aquela?

Aproximei-me, desviei as pétalas de cima da folha, e agarrei nela. Comecei a ler, e vi logo desde o princípio que não era a letra de Derek. Reconheci a letra das aulas de Espanhol, e petrifiquei logo antes de ler.

 

«Antes de tudo, lamento por ter perfurado o teu namorado... bem, na verdade não lamento, mas dá sempre jeito dizer que sim. Espero que te tenhas divertido no Giant Springs Park, e que os teus queridos irmãozinhos tenham gostado. Seria mesmo uma pena se por acaso se tivessem magoado… o Derek ficou com os irmãos o dia todo (o trio maravilha dos falhados e nada divertidos) e a querida melhor amiga Gwen ficou sozinha em casa. Como vês, podia ter atacado cada um deles, e seria-me demasiado fácil acabar com a vida deles num instante. Mas não o fiz. E agora, quero uma coisinha de ti…

Charlotte»

 

- O quê? – Perguntei, para mim.

- Olá Chloe – dei um salto enorme ao ouvir esta voz atrás de mim, e virei-me logo. Charlotte, encostada à parede, observava-me com aquele sorriso maldoso nos lábios – Pronta para me dares o que quero?

- O quê? – Perguntei-lhe, deixando cair o papel para cima da cama.

- Eu quero… e lembra-te que se disseres que não, mato qualquer uma das pessoas que espiei hoje e a culpa será tua…

- O que é que queres Charlotte?!

- Eu quero que acabes tudo com o Derek.

Não sei se me apeteceu rir ou chorar. Mas sei que a ideia dela era ridícula. Porque é que eu iria acabar com Derek? Porque é que iria desistir da única coisa boa que me tinha acontecido nos últimos sete anos?

- Porque é que achas que vou fazer isso? – Perguntei, a tentar que a minha voz não tremesse.

- Porque a tua irmãzinha está na sala, ao lado da cozinha, onde há facas… e o teu querido Dylan está no quarto… para ele eu usava logo os dentes – e voltou a sorrir, como se tivesse triunfado.

Será que ela tinha triunfado? Parei de a ver por meio segundo e quando voltou ouvi Abby gritar.

- O que é que aconteceu Abby?! – Gritei-lhe, enquanto ia a sair do quarto a correr. O que é que Charlotte lhe tinha feito? Fiquei dominado pelo pânico, até que ao ouvir a voz de Abby, tentei recompor-me.

- Estou bem! – Gritou-me – Assustei-me quando várias coisas caíram da mesa em frente à televisão, mas devia ser ar.

- Ou não… - murmurou Charlotte.

Seria assim tão fácil para ela?

Neste momento finalmente percebi. Eu nunca deixaria Derek, no que dependesse de mim. Mas não dependia. Neste momento tudo dependia de Charlotte. Ela tinha as cartas do jogo na palma da mão.

Seria egoísmo manter Derek comigo e pôr em perigo a vida dos meus irmãos e de Gwen, e dos irmãos de Derek. Estaria apenas a preocupar-me com o meu bem-estar. Com a minha felicidade. Estaria a ser egoísta.

- Agora vê se percebes – disse ela, com uns olhos mortíferos – Não vais contar a verdade a ninguém, vais acabar com ele, e faças o que fizeres, não te atrevas a voltar com a palavra atrás. Se eu souber, e olha que se fizeres eu sei, que contaste a alguém a verdade, eu não mato uma pessoa. Mato todas.

E desapareceu. Deixei-me cair na cama enquanto as lágrimas começavam a escorrer. Estaria isto mesmo a acontecer? Porquê? Agora que ia tudo tão bem… porquê? Agora tudo iria desabar, tudo iria acabar.

Derek tinha razão quando disse que ela era uma boa jogadora. Quando disse que ela ganhava sempre. Quando disse que ela não desistia, nem sentia qualquer tipo de remorsos, fosse pelo que fosse. Ele tinha razão em tudo sobre Charlotte. Ela fizera Xeque-Mate. Ela ganhara. E eu… eu já estou farta de jogar.

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