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One-Shot - Desejos Mortais

por Andrusca ღ, em 23.06.11

Já chegámos aos 6100 comentários (*-*) e foi a AndreaFilip@ quem o fez ^^

Tenho que fazer a plaquinha ^^

Afinal esta vai ser mesmo a última parte, espero que gostem:

 

"- Então e o sétimo desejo? – Perguntou, a Rose, a tentar parar com o momento constrangedor que se instalara.

- Está guardado para a Maldiva – respondeu-lhe a rapariga, quando o tremor finalmente parou. Ela queria vingança. Rosas não são apenas bonitas flores. Elas picam."

 

Parte 5

 

Os seis amigos estavam agarrados uns aos outros, já numa sala completamente diferente da qual em que tinham encontrado abrigo, quando Kyle e Rose entraram pela porta, para alívio de todos.

- Estão bem! – Declarou Callie.

- Sentiram o tremor de terra? – Perguntou logo Vanessa.

- Foi a casa a mudar – respondeu Kyle, ainda meio atordoado.

- Vamos, temos que ir, eles não tardarão a chegar – afirmou Rose, dando uma espada a cada um dos amigos – Cada vez que a casa muda, eles encontram-nos. Não podemos parar. Sigam-me.

Surpreendentemente, Rose queria mesmo salvar este grupo, não que não quisesse salvar os outros, mas este era diferente.

Andaram durante vários minutos ou vários segundos, era difícil de dizer, mas no fim já todos se arrastavam menos a rapariga ruiva.

- Não podemos parar – declarou Rose –, não ainda, vá lá.

- Não aguento mais! – Disse Vanessa, frustrada – Estou esfomeada, cansada, e quero sair daqui!

- Se queres sair daqui não podes parar! – Disse-lhe Fred, permitindo-lhe apoiar-se nele – E eu… - engoliu em seco. Ele queria dizer-lhe como se sentia. Não sabia como iria reagir, mas esta podia ser a sua única oportunidade – Eu amo-te Vanessa. Por isso continua.

Vanessa foi apanhada de surpresa, mas exprimiu um pequeno sorriso sincero. Nunca tinha pensado em Fred dessa maneira, apenas como amigo, mas a ideia não lhe era completamente descartável.

- Quando sairmos daqui, beijo-te – disse, a Fred, fazendo com que os seus olhos brilhassem mais do que duas estrelas.

E assim, continuaram a andar.

 

- Mana, posso comer um bocado de bolo? – Perguntou a pequena Anabelle, ao espreitar para a cozinha onde Jess saboreava a segunda fatia do bolo de chocolate.

- Se prometeres não te sujar nem me irritares – respondeu-lhe a irmã mais velha, rudemente. Não é que ela não goste de Anabelle, apenas não tem paciência.

- Está bem – Anabelle sorriu e pegou numa fatia de bolo, levando-a para o quarto em seguida.

Jess levantou-se da mesa e agarrou o seu telemóvel, pronta a telefonar para o ex-namorado de quem ainda gostava. Ia ser mais uma daquelas sem sentido e que não interessavam, em que apenas deixava tocar, e quando ele atendia, ela desligava. Não tinha graça, mas amenizava-lhe a dor, ainda que momentaneamente. Mas depois olhou para o seu postal e mudou de ideias. Tinha-se sido dado uma prenda valiosa, e podia usá-la para isso.

Descolou a película do quarto alto e deixou o pó avermelhado desvanecer-se, à medida que dizia:

- Desejo que ele volte para mim.

E nesse momento exacto, o seu telemóvel começou a tocar. “John”, dizia no ecrã. Ela sorriu de uma orelha a outra e atendeu.

- “Querida, desculpa, eu amo-te tanto. Por favor, perdoa-me. Deixa-me voltar para ti, por favor” – implorou o seu ex-namorado, do outro lado da linha.

Jess sorriu, mas depois desligou. Nesse momento, percebeu que não era real. Que não podia apenas desejar as coisas e elas tornar-se-iam verdadeiras. Porque o amor de John não pode ser reacendido com uma simples frase feita a um postal misterioso. E esse momento aleijou, tanto, de modo a que Jess começasse a chorar rios enquanto se deixava cair encostada à parede. Tudo o que queria era superar aquela relação, na qual tinha dado tudo, mas não podia. Mas também não conseguia ir pelo caminho certo, conseguia?

- Desejo esquecê-lo para sempre! – Disse, sem pensar, arrancando a película do quinto alto.

 

Rose parou. Algo não estava certo. Ainda não tinha ouvido assassinos. Ainda não tinham sido atacados. Respirou fundo e fechou os olhos à procura de algo. Já vivia há tempo suficiente neste sítio para aprender a confiar nos seus outros sentidos, e sobretudo, nos seus instintos.

- O que é que estás a fazer? – Perguntou Kyle, aproximando-se dela e agarrando-lhe no braço. “Estás-te a esticar”, pensou Rose.

- Shh – advertiu-o. E depois começou a divagar. No meio de todo o silêncio começou a ouvir coisas que passariam despercebidas. Pequenas indicações de que – Eles estão aqui.

Assim que acabou de afirmar isto, vários mantos caíram do tecto, e os seres que ninguém sabe o que são empunharam as espadas em direcção a todos. Eram mais que o habitual, Maldiva estava-se a esforçar.

Por um tempo ainda se tentaram defender; mantiveram a fé de que tudo correria bem, mas a única pessoa que sabia o que estava a fazer era Rose, e nem ela se sentia confiante.

O pior momento foi quando Kate foi mandada pelas escadas abaixo, sendo logo seguida por Paul, que a ajudou a levantar-se. Estavam praticamente cercados, todos eles.

Rose ainda tinha um desejo. Podia desejar que o grupo saísse de lá. Podia desejar a morte dos assassinos. De Maldiva. Mas os seus instintos disseram-lhe que isso não funcionaria. Mas mesmo assim, por este grupo, ela estava disposta a tentar. Mas não tentou.

Abriu uma porta e entraram para lá, fechando-a em seguida.

- Eles vão entrar! – Disse Leanne, em pânico – E vamos todos morrer! Vai ser horrível! Eu sou demasiado nova para morrer! Oh meu Deus!

E como ela, estavam todos os outros menos a bela heroína do sítio. Rose sabia que não lhes restava muito tempo. Iam ser mortos muito em breve, e não havia nada que pudesse fazer para o evitar. Queria a sua vingança de Maldiva, por todo o mal que lhe fez, mas também queria poder utilizar o seu último desejo para ajudar aqueles estranhos conhecidos com quem se familiarizou tanto.

- Formula o desejo. Vem connosco – pediu Kyle, com o rosto bastante próximo do dela – Vá lá Rose, eu… eu acho que te amo – E amava. Pela primeira vez, Kyle sentiu algo verdadeiro, algo forte, mágico. E não queria perder esse sentimento por nada.

Nesse momento, Rose sentiu-se a quebrar. Ela também o amava, apenas não o percebia. E se percebia, não o queria admitir. Por isso, em vez de lutar pelo que acreditava, por um amor quase impossível, ela fez a escolha decisiva. Uma que resultaria para os dois modos, e que garantia que nenhum sofresse. Afinal, não se pode sofrer por algo que nunca aconteceu.

Rose respirou fundo e juntou os seus lábios aos de Kyle, sentindo-o finalmente junto a ela, por um breve momento, como se fossem apenas um.

- Também te amo – permitiu-se admitir, junto aos lábios do rapaz maravilhado, que tinha a centímetros.

A sua próxima acção é por muitos descrita como cobarde, por fugir do que sente e preferir fingir que nada se passou; e por outros, como valente e altruísta, por pensar mais no bem-estar do ser amado do que no dela própria.

Seja qual for das definições, para Rose apenas pareceu ser a coisa certa a fazer.

Enquanto olhava nos olhos de Kyle, que sabia ser a última vez, alcançava com a mão o seu Postal dos Desejos, já todo dobrado e mal tratado, no bolso de trás das calças. Descolou a pequena película que não permitia o pó avermelhado cair, e este começou aos poucos a esvoaçar, enquanto uma lágrima lhe escapou ao controlo.

- Desejo que a tua amiga Jessica nunca tivesse encontrado o Postal dos Desejos – disse, com a voz menos firme que era costume, e com um aperto no coração.

Rose finalmente se tinha permitido sentir algo além da sede de vingança e despreocupação, mas de novo, tinha-se magoado com esses novos sentimentos. Mas não importava. Porque desde o momento em que aquelas palavras lhe saíram pela boca, nada aconteceu.

Jess teve que aturar a sua irmã, não a calou magicamente, enquanto os seus amigos se divertiam no bar, cada um à sua maneira. Fred não chegou a dizer a Vanessa como se sentia; Kyle continuou o Dom Juan de sempre, sempre atrás da rapariga mais atraente do sítio.

E ela continuava com duas vidas restantes. Continuava presa naquela casa no sítio de nenhures, sozinha, até o próximo grupo chegar, a preparar a sua vingança.

Nunca se tinham conhecido. Nada disto tinha acontecido. Cada um seguiu o seu caminho.

 

 

Esta história foi um sonho que eu tive, e se não fosse, talvez lhe tivesse dado um fim diferente,

mas prometi-me escrevê-la tal como sonhei.

Que acharam? Estavam à espera de um fim assim?

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