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Behind Appearances - Short Story

por Andrusca ღ, em 04.07.11

Não vou postar capítulo porque ainda não o tenho acabado, mas vou postar a parte 1 de uma mini-história.

Não sei há quanto tempo é que tinha esta ideia na cabeça, mas sei que me veio numa aula de História.

É passada na Idade Média, mas não se preocupem, vou dar o meu melhor para que não seja entediante e prometo acção e romance a partir da parte 2 xD

Leiam e digam o que acham *-*

 

Behind Appearances

 

Parte 1

 

Estávamos em plena Idade Média, num reino longínquo, em que cavaleiros cavalgavam pelas florestas com as espadas erguidas aos Céus, tendo toda a sua fé em Deus.

Era o grande tempo da Igreja, do Clero, e de tudo o que representava.

E depois havia uma rapariga. A pequena princesa Danielle, com a inocência dos seus oito anos.

- Danielle, cá está você! – Exclamou o seu pai, o Rei Steven, visivelmente perturbado, mas agora aos poucos a acalmar-se.

- Precisava de alguma coisa pai? – Perguntou-lhe a sua filha mais nova, olhando-lhe directamente para os olhos azuis, que lhe transmitiam preocupação.

- Danielle, sabe perfeitamente que não deve esconder-se assim – repreendeu o Rei, sentando-se na mesma rocha em que a sua filha estava – Porque é que veio para o jardim quando há tantas coisas maravilhosas lá dentro, querida filha?

- A irmã vai-se casar – disse a pequena – Eu vou-me casar, pai?

O Rei soltou uma gargalhada, Danielle sempre fora a mais perspicaz de todas as suas cinco filhas.

- Sim minha querida, um dia.

- Mas eu não desejo isso, pai. Ela não ama o futuro marido, eu sei disso. Eu não quero casar com alguém que não ame, pai.

- Infelizmente, minha querida, algumas coisas não estão ao nosso alcance.

- Mas vós sois Rei.

- E vós minha princesa. Minha querida Danielle, há tempo em demasia para pensar sobre tais assuntos. Venha. O casamento vai começar.

- Mas eles não se amam – repetiu a pequena princesa, uma vez mais.

 

Os tempos foram passando, e a pequena Danielle crescendo para se tornar numa bela dama, portadora de uma beleza invejada por todas as mulheres e desejada por todos os homens. No auge dos seus dezasseis anos, Danielle perdera a inocência que lhe tinha sido concedida enquanto criança, e começou a ver o mundo com outros olhos. Olhos adultos. A sua história, começa agora.

- Estou aqui, pai – anunciou ela, à porta da sala do trono, onde o seu pai estava sentado – Desejava ver-me?

- Danielle, como sabeis, tendes dezasseis anos. Está na altura de casar.

- Mas pai…

- O noivo vem hoje. Querida, ides gostar dele, prometo. Está na altura, agora aproxima-te, e dá um beijo ao teu pai.

Danielle suspirou. Esta não era a vida com que sonhava.

Ela era uma jovem rapariga bastante sonhadora. Sonhava em encontrar o amor verdadeiro, coisa que neste tempo era difícil acreditar visto a quantidade de amantes existirem; ela sonhava em ser livre de todos os deveres da família real. Sonhava ser normal. Mas amava a sua família, e não os deixaria por nada.

Deu-lhe um beijo ao de leve na bochecha e dirigiu-se compassadamente ao corredor do Palácio Real a que chamava casa.

Numa era em que o Clero é mais poderoso que o Rei, não há muito que o Rei Steven possa fazer para ajudar o povo, ou mesmo concretizar as vontades da filha mais nova, não a obrigando a casar. O Clero tem todos a seu favor, e isso é das muitas coisas que a única pessoa que parece notar, é a jovem Danielle. Ela detesta que ninguém questione o que dizem, e sobretudo que lhes dêem tudo de mão beijada.

O seu pai devia ter o poder. Ele devia poder fazer as coisas como quer e deve, e pensar no melhor para todos. Mas não. Não pode. Porque ele é apenas mais um dos fantoches do Papa. Apenas um suserano entre suseranos. Um rei entre reis. Apenas faz o que lhe é permitido e autorizado pelo Papa.

As irmãs de Danielle acham ridículo que se preocupe tanto, todas as quatro são fortíssimas crentes em tudo o que padres e bispos dizem.

Danielle apenas desejava que a sua irmã sucessora ao trono possuísse inteligência suficiente para ao menos tentar mudar o rumo das coisas, com o seu marido, o futuro Rei, mesmo que não conseguisse.

Percorreu os longos corredores do palácio e ao chegar ao quarto de May, a mais nova a seguir dela, bateu à porta e esperou pelo seu consenso para a abrir, e consequentemente, entrar.

Após abrir a porta, deu por si a ser observada por todas as suas quatro irmãs.

- Queriam conversar comigo? – Perguntou, apesar de já saber a sua resposta.

- Claro irmã – respondeu-me Emma, a segunda mais velha – Precisas de te aprontar.

- Para quê?

Soltaram todas várias gargalhadas em coro, que se não soubesse que não tinham ensaiado, diria que estavam a formar uma bela melodia.

- Para conheceres o teu noivo, ora essa – disse May.

- Pois… o meu noivo…

Danielle nunca conhecera o sujeito com quem terá que viver e criar filhos, porém sempre ouvira maravilhas sobre ele, apesar de nem do seu nome ter conhecimento. Tem apenas o conhecimento que se trata de um Conde.

A princesa mais nova detestava a ideia de casamentos arranjados. Perguntava-se porque é que as pessoas não se podiam simplesmente casar com quem amam e serem felizes. O porquê de se ir atrás de títulos e riquezas. Na sua mente, não conseguia perceber se valeriam as aparências todos os esforços feitos para serem mantidas. Da maneira que ela pensa, não é uma pior aparência uma mulher que apareça grávida quando o marido não a pode engravidar por exemplo?

Mas num mundo de aristocratas e bispos e cardeais, ninguém pensa assim. E seria um ultraje se alguma alma tentasse mudar o rumo que as coisas levam.

Durante tempos, Danielle acreditou até que o problema estava nela, que era ela que possuía algo de errado. Um demónio, como os padres chamam às coisas más.

As suas irmãs escolheram-lhe um vestido comprido, como todos os que tinha, com uma roda e um padrão florido em tons de amarelo-torrado. Com o seu cabelo castanho-escuro, até abaixo do rabo, fizeram uma enorme trança, e apenas depois enfiou os seus pés dentro dos sapatos com o pouco salto, do mesmo tom do vestido.

Ao ver-se ao espelho, Danielle suspirou. Ela não estava feliz. Não sentia que se casaria em breve. Sentia que estava prestes a ser vendida.

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