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Our Scars

por Andrusca ღ, em 22.08.11

Antes de lerem, quero dizer três coisas xD

1. O capítulo ter sido postado hoje foi graças a uma fantasminha (não sei o nome dela, sorry :$ ), por isso agradeçam-lhe a ela

2. Apesar do capítulo não ter nada de especial, é dos que gosto mais na história, por isso espero que também gostem

3. Já tenho a história quase toda escrita, vai ser pequenina - a mais pequena que já fiz. Só vai ter 19 capítulos.

Boa Leitura ;)

 

Capítulo 13

Erro? Ou Não?

 

Olhei para ele através do corredor e de novo ele desviou o olhar, refugiando-se na música que ouvia, provavelmente a altos berros, pelos fones do MP3. Suspirei. Estava sozinho como sempre, de pé, encostado a uma parede.

Olhei em volta e vi o grupo de Claire todo animado numa mesa, e Tess chamou-me. Dei um passo na direcção deles, mas depois parei subitamente e os meus olhos pararam de novo em Caleb. Pressionei os lábios com força. Isto estava uma confusão, tudo isto. Como é que tínhamos chegado a isto?

 

- Caleb? – Chamei. E claro, ele não ouviu a campainha, nem me ouve a mim. Eu juro, qualquer dia escondo-lhe o MP3 para não ter que estar sempre a entrar pela porta das traseiras. Revirei os olhos e comecei a rodear a casa, até chegar a essa mesma porta. Estava, como sempre, destrancada. Assim que rodei o puxador e a puxei para mim, vi Bolinha muito quietinho, parado em frente. Ainda não sei o que é que se passa com este gato. Nuns dias ama-me, noutros parece que a única coisa que o impede de se atirar à minha garganta é o dono.

Fiz-lhe uma festinha e depois continuei a andar, subi as escadas e bati à porta do quarto de Caleb, mas continuei sem obter resposta.

Abri a porta e espreitei. O quarto está em tons de cinzento de vermelho, e é escusado dizer que está todo desarrumado. É um típico quarto de um adolescente, isso descreve praticamente tudo. Vi Caleb estendido na cama, de barriga para cima e olhos fechados. Parecia em paz, nada a ver como quando estava acordado.

- Óptimo – murmurei, num tom queixoso. E estudar Biologia tinha sido ideia dele, fora se não fosse.

Não consegui deixar de reparar que apenas envergava umas calças de fato de treino, cinzentas claras, e que repousava com o peito nu. E ele era bonito. Não era uma beleza de modelo, não era daquelas falsas, causadas de propósito. Era uma beleza genuína, que poucos conseguiam ver nele. Sorri, estou feliz por ser uma desses poucos. Pensei em acordá-lo, mas dormia tão calmamente… acabei por desistir, agarrei no puxador da porta para a voltar a fechar, e quando já estava quase completamente fechada, ouvi-o:

- Dawn? – A voz soava ensonada, o que metia um pouco de graça.

- Sim – disse-lhe, abrindo a porta completamente em seguida –, acabei de chegar.

Ele fez um som e depois esfregou os olhos, para em seguida se sentar.

- Desculpa – pediu.

- Por dormires? Por favor, dorme à vontade – brinquei.

Ele abanou a cabeça e eu entrei, pousando a minha mala em cima da cama, ao seu lado. Ele levantou-se, mas desequilibrou-se e ficámos próximos. Muito próximos. Engoli em seco e fiquei estática, enquanto o observava a observar-me os olhos, como se tentasse ver algo mais.

- Caleb? – Perguntei.

- Hum? – Emitiu apenas o som, poucos segundos depois. Mas eu não tinha mais nada para dizer. Não conseguia pensar, sequer.

Sem ter noção do que fazia, levei a mão ao seu peito desnudo enquanto ele ainda me observava. Parecia sério, pensativo, alguma coisa estava diferente. Não sei o que estava a fazer, nem porque o estava a fazer, mas esta proximidade fazia-me sentir bem.

- Caleb… - ele interrompeu-me inesperadamente, quando pousou as suas mãos na minha cara e me plantou um beijo nos lábios, fazendo-me sentir uma corrente eléctrica pelo corpo inteiro. Senti-me como se fosse possível o meu coração saltar-me pelo peito a qualquer momento, de tanto que batia. Como se pudesse cair para o lado assim que me largasse. Senti algo que não sentia há muito tempo. Demasiado tempo. Não retirei a mão do seu peito, mas com a outra puxei-o mais para mim. Só agora me apercebi da maneira como me sentia em relação a ele. Eu tentei. Tentei não gostar de ninguém. Tentei não me importar. Mas foi mais forte que eu.

Sem nunca dizermos uma palavra, Caleb pousou-me ao de leve na cama, posicionando-se por cima de mim, com o cuidado de não me magoar, e a dança dos beijos continuou. Até que ele desviou os lábios dos meus e me olhou nos olhos. Não sei o que vi nos dele. Não consegui distinguir.

Subitamente saiu de cima de mim e andou descalço até à janela, onde permaneceu quieto. Eu ainda devo ter ficado especada, quieta, na cama durante poucos segundos, até associar tudo o que tinha acontecido. Só não conseguia entender o porquê de ter parado.

Endireitei-me, sentando-me, e olhei para ele, que estava de costas para mim.

- Caleb… - murmurei, apenas para ser interrompida no segundo a seguir.

- Sai – pediu, num tom duro, e frio. Num tom que nunca o tinha ouvido usar, muito menos comigo.

- Mas…

- Dawn sai! – Gritou-me, ainda sem me olhar. Engoli em seco. Não conseguia perceber nada.

 

Forcei-me a sair das recordações do acontecimento da semana passada e continuei a olhá-lo. Não sei o que lhe deu. Ele beijou-me, não ao contrário. E eu acho que ele ainda quer. Tentei falar com ele depois disso. Várias vezes. Mas ele afasta-me sempre. Sempre.

- Dawn! – Chamou-me Jill, fazendo-me sinal para ir ter com eles, tal como Tess já tinha feito.

Respirei fundo. Não sabia o que fazer. Não sabia para que lado ir.

“Não penses, age apenas”, aconselhou-me o pensamento. Tomei mais uma grande golfada de ar e comecei a dar passadas grandes na sua direcção. Não pensei nos olhares que me mandavam nem nos murmúrios de inquietação por eu, Dawn Fitzburg, estar a ir em direcção ao rapaz que com tanta certeza chamam de “assassino”. Não pensei nas consequências. Simplesmente agi.

Quando levantou o olhar do chão, foi quando cheguei ao pé dele. Primeiro desviei-lhe o cabelo dos olhos, ficando logo em seguida com a minha mão apoiada no seu ombro, perto do pescoço.

- Estás prestes a fazer o pior erro da tua vida – advertiu-me. Eu sabia do que é que ele estava a falar. Não seria fácil. Todos os olhares, todos os boatos que seriam criados. Mas pela primeira vez na minha vida, não me importei com isso.

- Então é uma coisa boa não o estar a fazer sozinha – afirmei, antes de me inclinar para a frente para finalmente juntar os meus lábios aos dele, beijo esse que me foi retribuído sem problemas, e que só agora percebi o quanto precisava.

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