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O Véu entre Mundos

por Andrusca ღ, em 28.08.11

"- Importas-te se falar com ela a sós? – Perguntou, para o outro agente.

- Fica à vontade – respondeu-lhe, com um ar aborrecido, enquanto saía e batia com a porta.

O agente lindo de cair para o lado sentou-se na cadeira à minha frente e observou-me por um momento. Aquela cara não me parecia lá muito desconhecida, mas não sei de onde me lembro dele.

- Posso tratá-la por “tu”? – Perguntou.

- Claro – disse-lhe.

- Como é que te chamas?

- Nikki Conrad – ele ficou a olhar para mim, ok, queria o nome real e não uma abreviatura – Nicole Conrad.

- Nicole, eu sou o agente especial Rick Fallon. Agora, tu estás a enfrentar uma grande acusação, tens a certeza que não há nada que me queiras contar?"

 

Capítulo 1 (parte 2)

FBI

 

 

Ele falava de uma maneira muito serena, muito calma e com toda a paciência do mundo. Depois de ter ouvido o outro agente com aquela agressividade toda, o agente Fallon até que me faz sentir à vontade.

- Ah! – Exclamei – Já percebi o que isto é! Vocês estão a brincar “polícia bom, polícia mau”, certo? – Perguntei, sentando-me de novo.

- Não estamos a jogar jogo nenhum, só queremos saber o que realmente aconteceu.

- Não, não querem. Porque vês, o teu colega já decidiu que eu sou culpada.

- Whoa, vai com calma Nikki – disse-me Frank, comentário que eu ignorei completamente.

- Nós não decidimos nada, baseamo-nos nas provas – disse o agente Fallon.

- Nas provas? Eu nunca tinha visto aquele tipo na vida! Ouvi um tiro, corri em direcção do barulho e vi-o no chão! Peguei na arma porque pensei que fosse o assassino que estava atrás de mim, e não dois malditos polícias! E essa é a verdade!

- Nicole… tu és uma mulher bastante atraente, vou adivinhar… 24 anos?

- Tu és bom – admiti – Vinte e cinco.

- Por isso, e adivinho que por essas roupas não estavas em festa nenhuma, porque é que foste para aquela parte da cidade esta madrugada?

- Porque é que tenho que ter uma razão para dar um passeio onde quero?

- Porque isto é o FBI e eu quero saber. Vá lá, seja o que for nós vamos acabar por descobrir. Talvez te tenhas encontrado com alguém… talvez um amigo que vendesse substâncias… ilegais?

- Drogas? Tu achas que eu estava lá por drogas?!

- Ou talvez estivesses a ter um caso com um homem indisponível, talvez fosse o único sítio onde vocês os dois se pudessem encontrar…

- A sério? É o melhor que tens? Então basicamente, ou sou uma drogada ou uma prostituta? – Bem, acho que é mais credível do que uma médium que estava a seguir instruções de um fantasma.

- A não ser que me dês qualquer coisa, provavelmente. O que é que te levou àquele local?

- Se dissesse que tinha sido um fantasma ias-me chamar maluca? – Perguntei. Ele riu-se e Frank engasgou-se, de pânico.

- Estou a falar a sério – disse o agente Fallon, enquanto se levantou e se pôs com as mãos apoiadas na mesa.

- Ok, olha, eu não digo isto lá muito frequentemente, mas que se lixe, estou por tudo. Vejo fantasmas.

- Estás completamente maluca?! Agora em vez da prisão, vais para o manicómio! Assim nunca irás encontrar o teu irmão Nikki! – Gritava Frank.

- Tem lá calma – disse eu, a olhar directamente para ele.

- Para quem é que estás a falar? – Perguntou o agente Fallon, olhando para o mesmo sítio que eu – Isto não tem graça.

- Eu sei. Olha, eu estava a andar, e um fantasma chamou, conduziu-me até perto de lá e depois ouvi o tiro e o resto já contei – a história pode não ser 100% verdadeira, mas ele também não vai verificar com o fantasma.

- Há algum fantasma nesta sala, agora mesmo? – Perguntou, de sobrancelha erguida. Pensa que estou mentir, claro. Não o posso propriamente culpar, às vezes até eu tenho dificuldade em acreditar.

- Para dizer a verdade, sim, há.

- Ok, vamos fazer o seguinte: eu vou pôr a minha mão atrás das costas, e tu vais dizer o que é que estou a fazer. Se acertares, tudo bem, acredito em ti e podes ir. Mas se falhares ficas aqui até falares.

- Só isso?

- Só isso.

Dei uma olhadela rápida a Frank que me piscou o olho. O agente Fallon pôs uma mão atrás das costas.

- É tesoura – disse-me Frank.

- Tesoura – disse eu.

- Hum… - foi um barulhinho baixinho, mas tenho a certeza que Fallon o fez.

- Agora mudou para papel – disse Frank.

- Papel – disse eu.

- Agora ele está-te a fazer o gesto do dedo! – Disse Frank, escandalizado.

- Estás-me a fazer o gesto do dedo?! – Perguntei, para Fallon.

- Como é que fizeste isso? É impossível… - disse ele, meio aparvalhado.  

- Então estou livre para ir? – Perguntei, já com um tom de voz diferente da outra pergunta.

- Eu…

- Nós tínhamos um acordo.

- Por agora – respondeu ele – Mas não saias da cidade, ainda nos vamos ver de certeza.

- Não estava a planear sair – murmurei, fazendo-o olhar para mim de uma maneira estranha.

- Não sei como fizeste, mas ver fantasmas é impossível – disse ele, enquanto me abria a porta da sala de interrogações.

- Talvez um dia possas acreditar – encolhi os ombros e saí, com ele sempre a andar ao meu lado até um elevador pelo qual me tinham trazido.

- Número de telemóvel? – Perguntou-me.

- Não obrigado, acabei de sair de uma relação – gozei, fazendo-o suspirar e abanar a cabeça. Eu sabia que era apenas para o caso de ter mais algumas perguntas sobre o que aconteceu esta manhã, mas não consegui evitar.

- Vais-me dar muitas dores de cabeça, não vais?

- Depende de ti se me voltas a ver, ou não. Mas quando morreres… - peguei numa caneta que estava em cima de um armário ao meu lado, e peguei na sua mão, escrevendo lá o meu número de telemóvel – possui alguém e telefona-me.

- Eu não gostei de ti – afirmou, enquanto eu entrava para o elevador e pressionava o botão para descer até ao rés-do-chão.

- Também não gostei de ti – retorqui, encolhendo os ombros.

As portas do elevador fecharam e eu comecei a descer. Esta foi por pouco. Muito pouco. Homicídio? Eles não me podiam prender por isso, podiam? Quer dizer, não tinham provas concretas, certo? Engoli em seco, por momentos lá dentro vi mesmo as coisas a andarem para trás. Mas o detective Fallon até foi porreiro. Quer dizer, a cara com que ficou quando eu adivinhei que me estava a fazer o gesto do dedo foi hilariante. Mas pareceu-me um bocado presunçoso… não interessa, também nunca mais o vou ver provavelmente.

 

Então que estão a achar?

Tive poucos comentários no 1º... tenham lá calma que a história vai ficando mais interessante xD

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