É um Mundo de Bruxas - Mini História
Yuri queria atacar Jason com um pedaço de vidro e assim que viu o amado em apuros Carly fez com que o bruxo deixasse o vidro cair apenas com o poder do pensamento. Então recebeu uma noticia chocante: afinal aquele bruxo maquiavélico é na verdade o seu pai biológico.
Querem ver como isto acaba?
Espero que gostem ^^
Parte 5
O silêncio foi perturbado por um riso alto e maquiavélico.
- Não sejas idiota, criança – proferiu Yuri – Nunca me conseguirás vencer.
Carly respirou fundo. Continuava em frente de Jason, os seus pais continuavam no chão, e o seu pai biológico não hesitaria em matar qualquer um deles.
- Para me queres? – Perguntou a bruxinha – Se me tiraram de ti há tanto tempo, porque só me procuras agora? Não precisas de mim, não gostas de ninguém além de ti próprio.
- É como já disse. Tens o poder do mal dentro de ti. E juntos seremos os bruxos mais poderosos de todo este mundo e outros!
- Nunca me juntarei a ti.
- Então sabes o fim que espera a todos os que amas – Carly sentiu um arrepio quando Jason lhe alcançou o braço e depois entrelaçou as mãos dos dois.
- Não vou deixar que os magoes – afirmou ela – Não vou continuar a fugir, não me procuraste mais cedo porque tiveste medo da minha reacção, não é verdade? Que me descontrolasse e algo corresse mal? Se eu sou tua filha, tenho os teus poderes.
Yuri ficou surpreendido, ela era perspicaz. E não estava errada. Os poderes vêm das emoções e ele sabia que tinha que esperar até uma certa idade para fazer tudo o que está a fazer agora. Sabia que tinha que esperar que Carly amadurecesse e se aprendesse a controlar. E também sabia que tinha um trunfo: nunca ninguém a tinha ensinado a usar os poderes sem uma varinha, nunca fora treinada, logo estaria em desvantagem em relação a ele.
Mas ela também tinha uma vantagem. O bruxo vinha de uma família bastante poderosa, e a cada geração esse poder aumenta. Sendo Carly a última nascida dessa família, é automaticamente a mais poderosa. Porém ninguém além de Yuri teve tendências para se tornar mau, pelo contrário, sempre se deram muito bem com toda a comunidade mágica. Mas já desde cedo que ele revelou tendências menos boas, e quando assassinou toda a família foi o principio de tudo. A sua ambição em ser o mais poderoso é tão grande que não sabe se há-de matar a filha, como fez à mãe dela, ou se a há-de convencer a juntar-se a ele de modo a ficarem ainda mais poderosos.
- És jovem, destreinada. Nunca conseguirias fazer agora o que me demorou anos a aperfeiçoar – Yuri cuspiu as palavras e Carly engoliu em seco. Sim, ela não estava confiante, mas se morresse seria a lutar e não a ser cobarde.
“Ele é o bruxo mais poderoso… há excepção de mim. Mas eu não sei usar os meus poderes todos, o que consigo fazer precisava de fazer em duplicado”, pensou ela, mesmo por saber que ele tinha razão. Mas como poderia ela ampliar o seu poder?
- Sai daqui Carly – implorava o seu “pai”, ainda no chão ao lado da mulher.
- Eles têm razão. Não tens que fazer isto agora – insistiu Jason, num tom baixinho.
- Não te preocupes, eu tenho um plano – afirmou a rapariga, mentindo com todos os dentes que tinha na boca.
Saiu de ao pé do rapaz e deu meia dúzia de passos em direcção ao pai biológico.
- Atinge-me com o melhor que puderes – desafiou, sendo logo de seguida mandada ao ar por uma força invisível, caindo a poucos metros de distância. Uma gargalhada rouca e bastante alta soou. Yuri achava-a patética, agora sim tinha decidido: seria sempre ele o mais poderoso, nunca ninguém o poderia superar. Aquela sua “semente” teria que morrer.
- Era idiota por te temer – balbuciou o bruxo entre dentes.
Ia atacá-la quando sentiu uma pequena pressão no ombro que o fez dar dois passos atrás, voltando-se depois para de onde a magia tinha vindo. Rosie permanecia de varinha na mão, muito direita e alerta, ao pé do filho.
- Desiste Yuri – pronunciou ela. O bruxo deu alguns passos na sua direcção e Jason pôs-se à frente da mãe como se a pretendesse proteger, apesar de ser a pessoa mais fraca naquele espaço. Ele nunca tinha visto a mãe fazer magia nem estava habituado a estas situações, mas sabia que não podia deixar que o bruxo a magoasse.
Carly voltou-se de barriga para cima, pois tinha caído de frente para o chão, a tempo de ver Yuri trazer a mão atrás para criar um raio para mandar a Jason, e de repente sentiu uma força enorme dentro de si que, transmitida para fora, fez com que o bruxo fosse mandando para vários metros à frente.
Ela levantou-se já meio desengonçada e Jason correu para a ajudar, mas devido ao orgulho não lhe permitiu que a apoiasse. “É a segunda vez que sinto isto… e é quando o Yuri o ameaça”, pensou a rapariga. Ao ver o bruxo levantar-se e voltar-se para ela com uma cara mais que chateada, agarrou na mão de Jason e respirou fundo. Já só por esse pequeno gesto sentia-se mais forte. Era como quando estiveram no chafariz, como ele aumentou aquele arco-íris de água criado pela magia dela. Carly, ao ver que Yuri se aproximava cada vez mais, concentrou-se nele e imaginou-o a parar, e foi mesmo isso que aconteceu, perante a surpresa de Jason e dos demais.
- Tu fazes-me mais forte – murmurou a rapariga. Ela era forte por natureza, por isso mesmo a magia de um meio bruxo chegaria para activar todo o seu poder. Mas não era apenas essa a razão. A ligação emocional também contava, e bastante.
- Não pode ser – proferiu Yuri, tentando inutilmente investir um golpe mágico na rapariga.
- Tinhas razão – gritou a rapariga para o bruxo –, eu tenho o poder. Mas não é do mal. Eu uso-o como quero!
Jason apertou mais a mão da rapariga e Yuri foi de novo mandado para longe. Assim que caiu no chão desfez-se em pó e Carly caiu também, desmaiada. Destrui-lo tomou-lhe muita energia e o seu corpo não aguentou.
*
Carly abriu os olhos e olhou em volta. Reconhecia aquele quarto, era o quarto no qual tinha passado as últimas semanas. Ainda envergava a mesma roupa e tinha uma dor de cabeça horrenda, mas assim que viu Jason voltado de costas para ela e de frente para a janela, esqueceu-se disso. Sorriu e levantou-se, fazendo um barulho que o alertou que ela tinha acordado.
- Finalmente – suspirou ele, sorrindo e indo ter com a bruxinha.
- Por quanto tempo é que dormi? – Perguntou ela.
- Algumas horas – Jason abraçou-a e ela sorriu. Sentia-se bem – Anda lá, os teus pais estão lá em baixo com os meus. Pediram-me que te levasse lá quando acordasses para… - o rapaz parou e Carly estranhou.
- Para quê? – Insistiu ela.
- Ires embora – acabou ele por pronunciar, suspirando de seguida – Carly eu…
- Eu acho que preciso de umas férias – cortou-lhe ela a palavra, fazendo-o sorrir logo de seguida – Isto tudo de lutas, e stress, e magias para aqui e varinhas para acolá é tudo muito cansativo. Não achas?
- Isso quer dizer o que eu acho que quer?
A jovem engoliu em seco e agarrou nas mãos dele, juntando as caras de ambos de modo a ficarem separados por apenas míseros milímetros.
- Descobri bastante magia fora daquele mundo – confidenciou-lhe, antes de juntarem os lábios num beijo que há muito ansiavam.
- Tu és mágica – elogiou ele, quando foram forçados a se separarem devido à falta de oxigénio. Carly riu – E bastante corajosa.
- Obrigado por ires atrás de mim. Agora vamos lá, tenho uns pais para convencer a ficar no mundo dos humanos. Vamos lá a despachar, anda lá – dizia ela, enquanto o puxava para fora do quarto.
E assim foi. Carly convenceu os pais – não biológicos mas aqueles que sempre a criaram e amaram e foram perdoados pela mentira logo no segundo a seguir à rapariga ter descoberto a verdade – a deixá-la ficar na casa de Rosie e Tom por um tempo indefinido. Estes concordaram em inscrevê-la na mesma escola de Jason e ela, pela primeira vez, iria ter aulas normais que não envolvessem poções ou explosões acidentais. Bem… talvez em química.
Ia ser uma grande adaptação, mas como Carly pensa: há magia em todo o lado, apenas temos que saber onde a procurar.
Fim