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As Leis do Amor

por Andrusca ღ, em 21.01.12

Parte 2 – Secretária no Veterinário

 

- Bom dia – Cumprimentei os meus pais ao chegar à cozinha e comecei a pôr manteiga nas torradas que a minha mãe tinha feito.

- Bom dia filha, dormiste bem? – Perguntou-me ela, ao que respondi com apenas um assentir de cabeça.

- Hoje vais ao veterinário? – Perguntou o meu pai, recebendo o mesmo gesto que há segundos atrás fiz à minha mãe.

- Tenho que começar a juntar dinheiro – justifiquei, encolhendo os ombros – Se tu dizes que lá o dono me arranja trabalho, tenho que aproveitar. Vai ser só durante uns meses. Vou juntar dinheiro e voltar para Washington pai. Tenho o meu diploma e a licença para exercer advocacia, só preciso de achar alguma firma que me queira. Até lá, se quiser, posso até trabalhar a solo.

Vi, pelo canto dos olhos, o meu pai abanar a cabeça. Secretamente sei que ele gostava que eu ficasse por cá, mas nunca fez parte dos meus planos ficar a viver em Iowa. Assim que conseguir piro-me daqui e faço os possíveis para voltar à minha vida. Vou deixar a poeira assentar e o escândalo dar lugar a outro mais recente.

Depois do pequeno-almoço saí e caminhei pelas ruas acolhedoras desta cidade em que (quase) todos se conheciam. Várias pessoas me saudaram, falando-me dos tempos em que eu era pequena e passava tempo com elas, apesar de eu não me lembrar de nada disso. Eram todos amigáveis, sempre de sorriso no rosto. Muito diferente de DC, nesse aspecto.

Finalmente comecei a ver a clínica veterinária. Era o rés-do-chão de uma casa branca, com apenas dois andares, e à porta tinha uma tableta a azul a dizer “Clínica Veterinária”, com uma pata de um cão ao lado. O meu pai dissera-me que o dono, o Dr. White, é também o proprietário da casa e mora nela.

Entrei, fazendo com que um pequeno sino tocasse e, depressa, vindo de uma sala que eu desconhecia o que era, saiu um homem de cabelos castanhos-escuros e uns olhos da mesma cor.

- Desculpe, a clínica ainda está fechada – disse ele, mordendo o lábio de seguida – Esqueci-me de pôr o papel a avisar, não foi?

Ri. Ele parecia um pouco embaraçado, e quando olhei para o que tinha na mão percebi o porquê. Eram papéis, muitos papéis. Olhei então para a secretária, que se encontrava também nesta sala de espera, e arregalei os olhos. Ele precisava mesmo de uma pessoa para fazer esse trabalho.

- Não sou uma cliente – informei, sorrindo-lhe – Chamo-me Sarah, sou filha do Bill Parker…

- Ah! Sarah! Claro, ele disse-me que vinha hoje – Exclamou ele, suspirando – Desculpe a confusão, claramente já percebeu que isto anda um bocado desorganizado.

De novo, ri.

- O meu pai disse-me que precisa de uma secretária. Vim-me oferecer, mas aparentemente ele já o fez por mim.

- E também referiu que não tem qualquer experiência neste tipo de trabalho.

- É verdade, mas sou organizada, e aprendo depressa. Estou a tirar umas… férias, do meu trabalho, por isso estou completamente livre.

Ele franziu as sobrancelhas, e depois voltou a suspirar. Bateram à porta de vidro nesse momento, e eu voltei-me. Era uma velhota que vinha com um poodle nas mãos. O Dr. White passou por mim e abriu-lhe a porta, sorrindo-lhe.

- Sra. Dunnis, então? Não me diga que a nossa menina anda doente outra vez – cumprimentou ele, ao que a velhota encolheu os ombros.

- Já está velhinha Dr. – justificou ela.

- Pode levá-la lá para dentro, vou ter convosco em dois segundos.

A velhota assim o fez e, de novo, fiquei sozinha com o Dr.

- Tem o trabalho – afirmou ele, esticando a mão para a apertar, gesto esse que fiz – Está claro que preciso de ajuda na organização, e tenho mais clientes a chegar. Quando pode começar?

- Hum… agora?

Vi um sorriso formidável formar-se nos seus lábios, e assentiu com a cabeça.

- Agora seria perfeito.

 

*

 

- Podes mandar a conta pelo correio, sim filha?

O Dr. White esteve todo o dia a atender pacientes, e eu passei-o a organizar a papelada na secretária. Finalmente consegui tudo. Separei por casos, por contas pagas e não pagas, e tudo o mais. Estava orgulhosa de mim.

- Ou pode pagar agora – insisti para com o cliente, John Sky.

- A antiga secretária…

- Eu não sou a antiga secretária – interrompi-lhe a palavra.

- Manda-me a conta, depois pago-a – voltou ele a dizer.

Suspirei. O Dr. apareceu à porta nesse momento.

- O que se passa? – Perguntou ele.

- Deixe-me resolver isto – pedi-lhe, retirando uma pilha de papéis de uma gaveta, que tinham sido acabados de guardar – Sr. Sky, esta é a pilha de cópias de todas as contas que foram mandadas para a sua casa pelos tratamentos feitos à sua tartaruga. A primeira é de Abril… de há três anos atrás – Vi John engolir em seco.

- Eu vou…

- John? Posso-lhe chamar John? – Ele assentiu, contrariado – John, se não pagar ao Dr., como acha que ele vai ter dinheiro para comprar os medicamentos para tratar o seu… - consultei os papéis – Bubbles? A sua tartaruga morreria se todos os nossos clientes fossem como você. E como é que é justo que sejam apenas eles que estejam a pagar pelos remédios do Bubbles? A não ser que parem de pagar. Diga-me John, é isso que quer? Que todos parem de pagar? Então o seu Bubbles morreria…

- Pronto! Está bem! – Exclamou ele, bufando – Trinta e cinto dólares, aqui tens!

Passou-me o dinheiro para as mãos e eu sorri-lhe.

- Obrigado John. Agora só faltam dos novecentos e sessenta e três. Não se preocupe, eu asseguro-me que receba uma cópia em casa todas as semanas para que não se esqueça.

Ele lançou-me um sorriso sarcástico e saiu, a resmungar, com a tartaruga. Ouvi o riso do Dr. White, e este aproximou-se de mim.

- Há três anos que trato da tartaruga daquele homem, e nunca lhe consegui tirar um tostão – disse ele, ainda a rir – E você consegue em três minutos. Deve ser talento natural.

Foi a minha vez de rir.

- Dr. White, posso-lhe pedir que me trate por “tu”? Não gosto de “você”, é demasiado… impessoal. E trabalhamos juntos, por isso devíamos ter uma boa relação.

Ele assentiu.

- Concordo. Tens fome? Já não tenho mais pacientes hoje, vou fechar a clínica e depois estava a pensar em ir comer fora. Acompanhas-me? – Assenti com a cabeça e vesti o meu casaco, já devia estar frio na rua – E já agora, chama-me Tom.

 

People, sete comentário vá lá.

Vocês também fantasminhas :p

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