Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Robin Hood - The Legend

por Andrusca ღ, em 29.03.12

Parte 9 – Traição? Enforcamento!

 

- Alguém viu a Aliena? – Perguntava Elisabeth, cada vez que passava por algum guarda. A resposta era sempre igual: ninguém a tinha visto.

Elisabeth já andava à procura da aia há longos minutos, e não havia sinais dela em lado nenhum. Por acaso, foi à entrada do castelo e lá viu o seu pai, acompanhado de James, de frente para a forca. Havia lá alguém pendurado, já sem vida. Uns dos guardas baixava o corpo, para depois lhe retirar o saco que lhe cobria a face.

“Não sabia que havia um enforcamento hoje”, pensou Elisabeth, enquanto se dirigia ao xerife.

- Pai, viu a Aliena, a minha aia? – Perguntou-lhe, quando chegou ao pé dele. Ele olhou-a e sorriu-lhe, apontando depois para o corpo sem vida que jazia agora no chão da plataforma da forca. Elisabeth olhou mesmo no momento em que o guarda lhe retirava o saco da cabeça, e as lágrimas vieram-lhe aos olhos e começaram a escorrer-lhe pelas bochechas rosadas. Aliena, a mulher que tinha feito o papel de sua mãe em toda a sua vida, jazia agora no chão, sem vida, assassinada.

- Não… - murmurou Elisabeth, horrorizada, precipitando-se para o cadáver. Mas James agarrou-a, impedindo-a, e ela começou a dar-lhe murros no peito numa tentativa de se soltar – Solta-me! Porque fizeram isto?! Ela não fez nada de mal! Ela…

- Ela era leal ao Robin Hood – assegurou o xerife, agora de frente para a filha – Ajudou-o várias vezes, deu-lhe informações de carregamentos, possibilitou a sua entrada no castelo… a não ser que tenhas alguma coisa a dizer. Encontrei uma das flechas do Hood no teu quarto, e sem seres tu, ela é a única a que lhe tem acesso.

Elisabeth engoliu em seco, e deitou mais uma olhadela à aia, agora a ser carregada pelo guarda. Olhou para ao pai com fúria, enquanto as lágrimas caíam pelos seus olhos, e soltou-se de James para começar a correr para dentro do quarto. Fechou a porta com força, e deixou-se cair em cima da cama. Como é que aquilo tinha acontecido? Será que Aliena tivera sequer uma oportunidade de se defender?

- Foi culpa minha… - murmurou Elisabeth, entre soluços.

Acabou por adormecer com o choro, e apenas acordou com alguém a bater à sua porta. Mesmo chateada com Robin, desejou que fosse ele. Já não o via há quase duas semanas, ainda não tinha falado com ele depois de o ouvir acusar o xerife de matar a própria mulher. Mas isso não lhe importava naquele momento. Só queria alguém que lhe desse um abraço e a consolasse. Consolasse por ter perdido a mãe que nunca tivera. Mas não era. Elisabeth abriu a porta e viu o xerife, com James e dois guardas.

- Como te sentes? – Perguntou ele, precipitando-se para dentro do quarto. Elisabeth olhou-o com repugnância – Zangada comigo, filha?

- Como pôde fazer aquilo? – Perguntou-lhe ela – Ela era inocente. Era velha, estava doente, e era inocente. Assassinou-a.

O xerife soltou uma sonora gargalhada.

- Sim – confirmou – E porquê, podes-me dizer?

Elisabeth engoliu em seco.

- Não sei, pai – disse ela. Por trás do xerife apareceu Frederick, mas Elisabeth depressa lhe fez sinal para que não entrasse. Ela já estava a prever o desfecho da conversa, o seu pai sabia, não havia como negá-lo.

O xerife soltou uma gargalhada.

- Queres que o próximo seja aquele teu amigo campónio, o francês? – Perguntou-lhe – Talvez ele também esteja a ajudar o Robin Hood.

- Você sabia que ela era inocente. Tal como sabe que o Frederick o é. Porque é que não se limita a perguntar-me exactamente o que quer saber?

- Perspicaz – comentou James – É uma pena.

- Aquela velha não ajudou o Hood. Tu ajudaste. E sabes como é que sei? Porque és tal e qual a tua mãe – disse o xerife – Fraca de objectivos.

Elisabeth engoliu em seco.

- A mãe que matou? – Perguntou-lhe, observando a sua expressão de surpresa. Porém, depois dessa surpresa, apareceu-lhe o sorriso que parecia nunca lhe abandonar o rosto – Então matou-a mesmo.

- E matava-a outra vez – afirmou o xerife – Mas não te preocupes Elisabeth, não estou zangado contigo. De facto, fizeste tudo o que quis que fizesses. Porque é que achas que dei ordem para que te trouxessem por Sherwood? Claro que o Hood te encontraria, e quando descobrisses as coisas que faço não te limitarias a ficar quieta. Não, ias ajudá-lo.

- Planeou isto tudo?

- Esse sentido de justiça. Patético. Imagina o que o povo vai dizer… ninguém nunca me vai voltar a questionar… o homem que enforcou a própria filha em prol da lei.

- Mete-me nojo, xerife – afirmou Elisabeth.

- Levem-na para as masmorras. O enforcamento será ao pôr-do-sol. E encontrem-me aquele francês!

Frederick, que ouvira a conversa quase toda, fugiu antes que alguém o visse e saiu de Nottingham a cavalo, em direcção à floresta. Às tantas percebeu que estava perdido. Tencionava encontrar Robin Hood, pedir-lhe ajuda, mas apenas o tinha visto uma vez, não se lembrava do sítio do seu esconderijo. A sua única esperança era que o próprio Robin o encontrasse antes que fosse tarde demais. Antes de o pôr-do-sol.

 - Robin Hood! – Chamou ele vezes e vezes, enquanto andava de um lado para o outro.

Quando o sol se estava a começar a pôr, e quando as esperanças em encontrar o rapaz já estavam a desaparecer, obteve uma resposta:

- Eu conheço-te – ouviu, por trás de si. Voltou-se depressa e lá viu o tão aclamado herói, de arco e flecha apontado a ele – És o amigo da Elisabeth. O que queres?

- Tens que te despachar! – Disse Frederick – A Elisabeth está em perigo.

- O quê? – Perguntou Alfred, saindo de detrás de arbustos, juntamente com Robert e Percy.

- O xerife descobriu que ela vos ajudou! – Exclamou Frederick, em pânico – Vai ser enforcada agora, ao pôr-do-sol! Temos que nos despachar!

 

*

 

- Está na hora – anunciou o xerife, ao guarda que guardava as masmorras. Mais dois apareceram, e acompanharam Elisabeth até à entrada do castelo, onde se encontrava a forca. A rapariga engoliu em seco, parecia que tinha Nottingham inteira a assistir ao seu fim, tal como muitas das outras vilas. Subiu até à plataforma e o guarda ia-lhe colocar o capuz, mas o xerife falou: - Não a quero com capuz. Quero que vejam a sua expressão ao passar para o outro mundo. Que vejam o sacrifício que eu, xerife de Nottingham, faço ao punir a minha própria filha em prol das leis!

- Tretas! – Gritou-lhe Elisabeth, levando uma chapada do guarda. Este colocou-lhe a corda no pescoço, e desviou-se ligeiramente.

- Esperas que ele venha? – Perguntou o xerife, à filha – O Robin Hood? Achas que te vem salvar? Agora já não lhe serias útil, ou serias? Uma amante, talvez…

- Pensei que me fosses matar – balbuciou a rapariga, engolindo em seco – Ao menos morrerei a saber que é pela coisa certa. Que lutei do lado certo, e acredita, ele vai-te apanhar.

- Claro que vai. Descansa em paz, minha filha – o xerife fez sinal ao guarda para retirar o banco de debaixo dos pés de Elisabeth mas este, antes de se poder mexer, foi atacado por uma flecha que lhe acertou apenas de raspão na perna e ficou presa no chão da plataforma. Elisabeth sorriu; reconhecia aquelas penas.

De um momento para o outro várias lutas se formaram, e Elisabeth apenas viu a cara de Robin quando este subiu à plataforma e lhe desatou as mãos. Deu um pontapé a um guarda e tirou-lhe a espada, passando-a para as mãos da rapariga.

- Consegues manejá-la? – Perguntou-lhe. Elisabeth assentiu, depois retirar a corda do pescoço, e entrou também na batalha – Elisabeth! Muralha!

Elisabeth olhou para lá e viu Frederick a acenar-lhe que se juntasse a ele. E ela, juntamente com Robin e Alfred, assim o fez. Subiu para a muralha enquanto se esquivava dos guardas e de James, e quando já lá estavam os três em cima Robin mandou a escada para ao chão e riu-se.

- O plano deu errado, xerife? – Perguntou-lhe com aquele ar de gozo que apenas ele tinha.

- Seus idiotas! – Chateou-se o xerife – Deviam apanhar o Hood! E agora ele vai escapar! E a Elisabeth vai escapar! E…

- Ei! – Elisabeth gritou e, depois de ter a atenção de todos, engoliu em seco. Mandou a espada mesmo na direcção do pai, e esta caiu fincada no chão entre as pernas dele, o que surpreendeu tanto Robin como os outros tantos que assistiam – Tens sorte que não te tenha matado neste momento. A minha mãe não teve tanta sorte.

- Anda, vamos – Robin puxou Elisabeth e voltou-a para o lado de fora da muralha onde, no chão, esperavam Robert e Percy ao lado de uma carroça cheia de palha – Temos que saltar.

Elisabeth olhou para trás, dando mais um olhar ao pai, e depois saltou. Atrás dela saltaram Alfred, Frederick, e só então Robin.

 

Bem, até agora parece que correu bem... vamos ver daquí em diante (a)

Comentem ^^

9 comentários

Comentar post