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Robin Hood - The Legend

por Andrusca ღ, em 30.03.12

Parte 10 – A Nova Aprendiz

 

- Finalmente! – Disse Percy com alívio, deixando-se cair no chão de Sherwood, perto do acampamento.

Também os outros desceram dos cavalos e respiraram fundo.

- Esta foi por pouco – disse Frederick.

- Obrigado – agradeceu Elisabeth, a todos, pela primeira vez – Mas como souberam?

- O teu amiguinho aqui veio-nos cá avisar – disse Robert – E claro que tínhamos que fazer alguma coisa, não é?

Elisabeth dirigiu um olhar para o amigo, acompanhado de um sorriso, e este encolheu os ombros.

- O que é que fazemos agora? – Perguntou a rapariga, olhando em volta.

Robin, que estava mais atrás a amansar os cavalos, soltou as rédeas após as atar à volta de um tronco de uma árvore e aproximou-se apenas com um cavalo.

- O que queres dizer? – Perguntou Alfred.

- Quero dizer aqui, na floresta. Agora que vamos ficar aqui todos… eu e o Fred vamos participar também nos saques e…?

- Não – Robin foi quem respondeu e todos se voltaram para ele –, onde é que foste buscar essa ideia?

- Bem… eu… - Elisabeth não percebeu onde Robin quis chegar com aquele comentário – O que é que estás a dizer?

- Estou a dizer que o Frederick é homem – explicitou o fora de lei, falando seriamente – Tem força e velocidade e habilidades.

- Rob…

- Pára – Robin interrompeu Percy – Ele pode ficar se quiser.

Elisabeth olhou para Robin Hood incrédula. Quereria aquilo dizer o que ela pensava?

- Estás a dizer o que eu penso que estás? – Perguntou ela, pasmada. O rapaz passou-lhe as rédeas do cavalo para as mãos e a rapariga dos cachos dourados mal pôde acreditar – Não… não podes fazer isto!

- Há uma pequena vila a poucos quilómetros, para norte. Serás bem acolhida. Vai.

Ele não quis ouvir mais nada e começou a andar até um monte, mas Elisabeth pôs as rédeas na mão de Robert e desatou a andar depressa atrás dele.

- Robin! Robin! – Ia chamando, sem lhe ser dada qualquer atenção – Olha para mim Hood!

Robin voltou-se de repente.

- A minha decisão está feita. Obedece – disse-lhe firmemente.

- Porquê? – Questionou Elisabeth, sob o olhar atento de todo o resto do grupo, ao longe – Porque sou uma mulher? Porque sabes que sou habilidosa com o arco, e sabes que quero ajudar as pessoas. Por isso porquê?

- Porque já não nos és útil! – Gritou ele, surpreendendo tudo e todos – Já não tens informações, e ir-nos-ias apenas atrasar em qualquer coisa que tivesses que fazer. E eu… não te quero aqui.

De novo, Robin voltou-lhe as costas e continuou a andar, deixando Elisabeth com os olhos enlagrimados. A rapariga engoliu em seco e avançou mais um passo.

- Foi tudo mentira?! – Gritou-lhe, fazendo-o voltar-se de novo para si – Foi Robin?! Mentiste-me todo este tempo?!

O rapaz cerrou os punhos e olhou firmemente para ela, sem vacilar.

- Cada segundo – afirmou, fechando as mãos com mais força, ao mesmo tempo que desejava que a voz não lhe falhasse – És a filha do xerife, eu precisava de ti. Qualquer afeição que possas ter pensado que existia por ti da minha parte, era fingida.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Elisabeth, mas esta apressou-se a limpá-la com a mão. Deu três passadas rápidas até Robin e com toda a raiva que sentia levou o seu punho à cara do rapaz, fazendo-o com que ele a voltasse. Ele ficou a olhar para o chão, não a queria encarar, não iria suportar.

- És um cobarde – acusou Elisabeth –, e um ladrão, e eu nunca te deveria ter deixado roubar-me o coração.

Deu meia volta e afastou-se, em direcção ao grupo que, espantado, assistia a toda a cena. Robin permaneceu quieto, a olhar para o chão, a tentar manter a mente vazia para que não se arrependesse do que acabara de fazer.

- Elisab…

- Não – Elisabeth impediu Robert de prosseguir e retirou-lhe as rédeas da mão, após limpar as lágrimas. Deu-lhe um abraço, e depois outro a Alfred e a Percy – Gostei de vos conhecer.

- Vamo-nos voltar a ver? – Perguntou Percy, ao que ela assentiu.

Abraçou depois Frederick, e apertou-o bem contra si.

- Eu posso ir contigo – ofereceu-se ele, ao que ela abanou a cabeça.

- Fica. Ajuda-os. Vou ter saudades tuas. Isto não é um adeus.

Frederick assentiu e viu a amiga subir para o cavalo e, depois, afastar-se a galope.

 

*

 

- Se não comeres vais ficar fraco – disse Alfred, para Robin. Este apenas pegava num pau que passava pelo fogo vezes e vezes, enquanto deixava, sem sucesso, que aquele calor lhe tentasse aquecer a alma que tão gelada sentia.

- Não tenho fome – argumentou ele.

- Fome tens, mas não é por comida – comentou Robert, depois de dar uma trinca no seu pedaço de carne –, ou não tenho razão?

- Porque é que lhe mentiste? – Perguntou Percy.

- Não é da vossa conta – discutiu Robin.

Frederick, que tinha estado calado durante quase todo o tempo da refeição, e que apenas se dedicava a apreciar a bela noite estrelada que estava, falou pela primeira vez:

- Porque tinha medo que ela se magoasse. Ele sabe como o xerife é vingativo. Não é que não a amasse, é mesmo por a amar.

Os três rapazes ficaram a olhar para ele, enquanto Robin continuava a mexer no fogo, e Frederick encolheu os ombros.

- Algo desse género – concordou Robin – Ela fica melhor longe de problemas.

- E achas que ela se vai conseguir manter assim? – Perguntou Robert.

Robin encolheu os ombros, e os amigos continuaram a comer.

 

*

 

A noite já ia cerrada quando Elisabeth começou a avistar uma cabana entre o arvoredo. “Vila para o noite o tanas”, pensou ela. Aproximou-se e desceu do cavalo, atando a rédea a um ramo baixinho e afagando-lhe a crina de seguida. Foi até à porta e bateu. Quando a abriram, Elisabeth notou no desconforto da senhora.

- Marian? – Perguntou, causando surpresa. Um homem aproximou-se de Marian, e Elisabeth sorriu. Os olhos eram tal e qual os do filho.

- Quem és? – Perguntou Robin Hood. “O Robin Hood”, pensou Elisabeth.

- Chamo-me Elisabeth, sou…

- A filha do xerife – constatou Marian.

- Como vieste aqui parar? – Perguntou Robin, com a mão na bainha da espada.

- Numa das nossas conversas o vosso filho disse-me que viviam nestas zonas. Preciso da vossa ajuda. O meu pai descobriu a minha traição e agora o Robin mandou-me embora. Não me quer no acampamento.

- O que precisas de nós? – Perguntou Marian.

- Estadia, treino… quero ajudar, mas não sei como – disse Elisabeth.

- Não. Esquece essa ideia – disse Robin, ríspido.

- Por favor, deixem-me ficar – suplicou a rapariga.

- Se o Robin não te deixou ficar com ele, deve ter tido uma razão – respondeu Robin.

- Ele disse que a floresta não é um sítio para uma rapariga. Pensei… pensei que até se podia importar comigo, mas apenas queria as informações do castelo. Mandou-me ir para uma vila, mas nem sequer pensei nisso. Eu sei que sou a filha do xerife, mas juro pela minha vida que não estou a espiar, ou a participar em algum truque com ele. Juro Robin! Só quero ajudar. Quero parar o que o meu pai tem feito.

- Mas…

- Desde quando é que querer fazer a coisa certa é assim tão errado?! – Elisabeth surpreendeu tanto Robin, como Marian, com esta interrupção que, por poucos segundos, nenhum soube o que dizer.

- Elisabeth…

- Deixa-a ficar, Robin – interferiu Marian, sorrindo. Ela sabia que Elisabeth não era indiferente ao filho, e sabia através das palavras dele que ela era boa pessoa. Gostava de a conhecer um pouco melhor, de conhecer a única mulher que lhe conseguiu pôr o filho a suspirar – Ela pode ficar por alguns dias e, se então tiveres razão para a expulsar, vai-se embora. Estás de acordo, Elisabeth?

- Sim, claro. Obrigado.

 

Sim, já sei que provavelmente vão estar chatiados com o Robin xD

Vamos ver como é que a Elisabeth se vai safar, agora com o outro Robin.

Comentem, sim? :b

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