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Robin Hood - The Legend

por Andrusca ღ, em 03.04.12

Bem, acho que este é dos maiores capítulos até agora...

Pleaseeee, não me esganem, sim? (a)

Espero que gostem e comentem ;)

 

Parte 13 – O Caminho Para a Morte

 

- Eu tenho que ir – prontificou-se Robin, assim que o seu velho amigo acabou de contar a história.

Robin e o seu grupo tinham sido capturados pelo xerife e encontravam-se presos no castelo, com a execução marcada para o nascer do sol deste mesmo dia. E isso era apenas daqui a poucas horas.

- Mas não pode – discutiu Elisabeth – Não está apto.

- Já não tens vida para isso – concordou Marian – Mas o nosso filho… oh Deus, o nosso bebé…

- Não há mais conversa! – Gritou Robin, estremecendo logo depois. Ele já não era o que era antes. Estava velho, estava doente. Treinar com Elisabeth era uma coisa, mas enfrentar o xerife, enfrentar todos aqueles guardas. Não conseguia.

- Eu vou – afirmou a rapariga, captando a atenção de todos – Conheço o castelo, consigo fazer isto.

- Não consegues – disse-lhe Robin – Não estás pronta, vão ser demasiados. Esse caminho vai-te levar à morte.

- Desde que os salve. Por favor Robin, eu consigo. Só tenho que os libertar, depois não enfrento ninguém sozinha. Eles lutam.

Robin engoliu em seco, e Marian obteve um ar ainda mais preocupado.

- Tens a certeza? – Perguntou ela, ao que Elisabeth assentiu – Robin, talvez eles tenham mais hipóteses se ela for… talvez…

- Tens que partir imediatamente – ordenou Robin, interrompendo a mulher.

O velho amigo de Robin esperou que Elisabeth fosse buscar o seu arco e a espada, juntamente com as flechas, e então saiu juntamente com ela. Cavalgaram os dois juntos por algum tempo, cada um no seu cavalo, mas os seus caminhos separaram-se pouco antes da chegada a Nottingham. Elisabeth prosseguiu sozinha e apenas no momento em que foi deixada completamente só, no escuro da floresta de Sherwood, é que as dúvidas começaram a surgir. E se não os conseguisse salvar? E se, por causa do seu orgulho, nunca mais visse Robin ou falasse com ele? Não, ela não podia simplesmente nunca mais ter aqueles brilhantes olhos azuis a olhar para ela. Estava preocupada com todos, e foi então que se lembrou que também Frederick, o seu querido Frederick, estava preso nessa alhada.

- Eu tenho que conseguir – murmurou para si, enquanto dava uma cacetada no cavalo para que este apressasse o passo.

A rapariga chegou à cidade pouco antes do sol nascer e, sempre com o seu manto e o seu capucho, deu o máximo para passar despercebida. O cavalo, deixou-o fugir em liberdade, não lhe serviria de nada numa fuga pensada à medida que se seguia.

Já havia alguma balbúrdia em torno da plataforma onde a forca se encontrava. Pessoas observavam Robin e o seu grupo lá em cima, prontos a serem executados. O xerife, com um sorriso de pura maldade nos lábios, estava algo afastado, com bastantes guardas ao pé de si. Elisabeth rangeu os dentes, em tempos fora o seu herói, agora odiava-o com todas as suas forças. “Daqui não vou conseguir”, pensou, olhando em volta. Deu a volta ao castelo e apanhou dois guardas desprevenidos, deixando-os desmaiados e tirando-lhes as espadas. Começou então a ouvir a confusão a aumentar, e, escondida entre os pilares, espreitou.

- Povo de Nottingham – começou o xerife – contemplem… o vosso miserável herói. Era nele que depositavam as vossas fés e orações estúpidas? Serviram de alguma coisa? – Uma gargalhada rouca saiu-lhe pela boca – O Robin e o seu grupo morrem, agora.

Estavam os cinco de mãos atadas, e com guardas ao redor de toda a plataforma, qualquer movimento de qualquer um deles e seria morto na hora. Elisabeth tinha que pensar bem.

Enquanto os laços lhes eram colocados nos pescoços, a rapariga subiu por uma corda até uma varanda do castelo e, também lá, imobilizou outro guarda. Retirou então uma flecha de trás das costas e colocou-a no arco, fazendo pontaria. Se errasse este tiro, tudo estaria perdido. Mas não errou. O ângulo era perfeito. A flecha de Elisabeth voou até Robin e passou-lhe entre as mãos, cortando a corda, aterrando-lhe ao pé dos pés. Uma exclamação geral soou, e todos os olhos se voltaram para ela.

- A festa não podia começar sem mim, podia? – Perguntou, em voz alta. Tinha o capucho, tinha o lenço a tapar-lhe a cara, e estava barulho. Ninguém a conseguiu identificar.

- Quem é este agora? – Reclamou o xerife – Guardas! James! Apanhem-no! Apanhem-no já!

Elisabeth agarrou-se a uma corda que ia até outra varanda e cortou-a, saltando, indo agarrada nela até cair na plataforma. Robin, já solto, já sem o nó à volta do pescoço, soltava os amigos. Elisabeth passou-lhe as duas espadas para as mãos, enquanto lutava contra os guardas com a sua. Depressa eles se juntaram a ela, agarrando nas espadas de guardas desarmados.

- Quem és? – Perguntou Robin, enquanto se defendia de três guardas, já sem estar em cima da plataforma. O povo assistia, aterrorizado.

Elisabeth ignorou e começou a dirigir-se para a saída porém, antes de chegar à muralha com os amigos, foi apanhada por trás e mandada ao chão. Antes que pudesse recorrer ao seu arco James colocou-se por cima de si e apenas se conseguiu esquivar para o lado. Mas ele apanhou-a de novo. A rapariga, num golpe rápido, mandou-o ao chão, mas não antes de ele lhe retirar o capucho e puxar o lenço, deixando-a completamente exposta.

- Elisabeth – murmurou Frederick, dando uma cacetada a James, pondo-o inconsciente. A rapariga sorriu, e o amigo de longa data fez o mesmo.

Robin, deixando-se distrair por dois segundos, ao ver Elisabeth tão perto, tão exposta, foi desarmado pelo xerife que lhe colocou a espada mesmo em frente ao pescoço. Todos pararam nesse momento. Os amigos de Robin olhavam enquanto pensavam o que fazer; os guardas julgavam a vitória garantia; o povo aguardava. Elisabeth foi a única que, num movimento rápido, sacou de uma flecha e apontou o arco ao pai. Este soltou uma gargalhada.

- Não me matarias – disse, convencido das suas palavras.

Elisabeth, porém, abanou a cabeça.

- Eu sou sua filha, não sou? Da mãe fiquei com a beleza, a inteligência… Não quer descobrir no que lhe saí a si? – Perguntou ela. Robin observou-a com cautela, esta podia bem ser a última vez que a via. Podia morrer ali mesmo – Porque eu estou pronta para lhe mostrar.

O xerife rangeu os dentes.

- Não está no teu sangue – desafiou.

- O seu sangue corre nas minhas veias. E tenho mais do que motivos suficientes para o matar – afirmou a rapariga – Solte-o. Agora!

Ele engoliu em seco.

- Nunca!

Elisabeth não esperou mais. Tinha um tiro limpo. Largou a flecha. O xerife estava certo, não lhe estava no sangue, porém o que ele não sabia era que ela não o precisava de matar, apenas de dar uma oportunidade a Robin para que fugisse. A flecha raspou-lhe na cara, deixando-lhe um corte na bochecha, e Robin aproveitou esse momento em que ele se encontrava frágil para lhe dar um pontapé e fugir. Foi em direção a Elisabeth e ambos correram, de mão dada, até à muralha, onde os outros já os esperavam.

- Filha da…

- Agora já tem algo a condizer com o seu coração negro – interrompeu ela o pai, antes de fazer com que a grade da muralha descesse, deixando-a a ela e aos amigos do lado de fora de Nottingham. O xerife berrou de raiva, e os guardas logo foram em direção à muralha, já juntamente com James.

Todos começaram a correr em direção ao bosque. Correram durante algum tempo, até pararem ofegantes.

- Isto foi… de loucos! – Afirmou Robert, dando um abraço a Elisabeth e levantando-a no ar.

- Obrigado! – Agradeceu Percy, ao mesmo tempo que Alfred, fazendo-os rir – Desta não via mesmo salvação, estávamos condenados.

- Tive saudades tuas – admitiu Frederick, abraçando também a amiga.

- E eu vossas – Disse Elisabeth.

- Robin? – Incentivou Alfred. Robin suspirou e olhou para a sua mão. Tinha segurado a dela, ainda que por poucos segundos, tinha segurado a dela.

- Obrigado – agradeceu – Foi uma estupidez teres vindo, mas… obrigado.

Elisabeth sorriu-lhe e, devagar, envolveu-os aos dois num abraço bem apertado. Robin não o esperava. Esperava raiva, outro murro, mais raiva. Definitivamente, não um abraço.

- Eu sei porque fizeste o que fizeste – disse-lhe ela, ao ouvido, largando-o depois – Eu sei.

Ele engoliu em seco, mas então a sua expressão tornou-se mais séria.

- Corram! – Mandou, ao ver os cavalos dos guardas a aproximarem-se. Agarrou na mão da amada e começaram de novo todos a correr no meio da floresta.

- Ao menos sabem para onde vamos? – Perguntou Percy.

- Oh não – murmurou Robert, ao parar subitamente. Uma ponte com um aspeto nada seguro era a única forma de seguir caminho. Tinha falhas na madeira, e as cordas que a suportavam pareciam já fracas. Via-se um pequeno rio a muitos metros abaixo. Uma queda mortal.

Olharam todos para trás, os cavalos aproximavam-se.

- É a nossa única hipótese – murmurou Alfred, empurrando o amigo.

Correram lá por cima, e todos chegaram a salvo à outra margem. Todos menos Robin e Elisabeth. Os dois iam quase a chegar quando ouviram um riso rouco e olharam para trás. O xerife encontrava-se de pé, com um sorriso glorioso.

- Vocês morrem, agora – anunciou, cortando com a sua espada as fracas cordas das quais a ponte dependia. Esta começou a cair, e tanto Elisabeth e Robin caíram com ela. O rapaz ainda se conseguiu agarrar a um pedaço de corda, e agarrou a rapariga pelo pulso, com força.

Os amigos de ambos precipitaram-se a espreitar, alarmados, porém não lhes chegavam para que os pudessem puxar para cima.

- Esperem! – Gritou Frederick.

Elisabeth olhou para Robin com medo, e então viu a corda a enfraquecer aos poucos. Era demasiado peso.

- Isto não consegue aguentar connosco os dois! – Gritou Elisabeth, que continuava agarrada por Robin, que, por sua vez, também já tinha feito essa constatação.

A rapariga engoliu em seco. A corda era demasiado fraca, e a ajuda estava a demorar. Alfred, Frederick, Percy e Robert tentavam fazer com que um ramo os alcançasse, mas o ramo era demasiado pequeno. Já do outro lado, James e o xerife assistiam a tudo, expectantes.

- Elisabeth não te atrevas a largar a minha mão! – Afirmou Robin, ao sentir que a rapariga fazia cada vez menos força para se manter agarrada a ele. Olhou para ela, depois de ver se ainda havia uma grande distância entre eles e o ramo, e abanou a cabeça – Beth, não largues – suplicou.

Elisabeth engoliu em seco, e deixou que uma lágrima lhe escorresse pela bochecha. A corda deu de si, descaindo um pouco, alarmando todos.

- Tu viverás – proferiu ela, com a voz baixa – Salvarás as pessoas de Inglaterra.

Soltou a mão do pulso do rapaz, e Robin estava a começar a deixá-la escorregar.

- Segura a minha mão! Elisabeth não faças isso! – Gritava ele. Ela apenas engoliu em seco e dirigiu-lhe um pequeno sorriso, enquanto sentia a sua mão a escorregar-lhe por entre os dedos.

- Eu amo-te Robin Hood – declarou, míseros segundos antes de começar a sua queda para a morte certeira.

Uma queda que parecia nunca mais acabar foi mais rápida do que Elisabeth pensara. Foi uma questão de poucos segundos até cair na água e fechar os olhos com força, ciente do que aconteceria quando o seu corpo embatesse nas rochas. Seria o fim. Mas uma coisa consolava-a: “ele vai salvar a Inglaterra”.

- Elisabeth! – Gritou Robin, à medida que a via cair, com as lágrimas a saltarem-lhe pelos olhos – Elisabeth! Não! Não! Eu também te amo…

Nesse momento Alfred, auxiliando-se do ramo, chegou até ele e puxou-o para cima, sentando-se os dois à margem, ambos em pleno choque tal como Robert, Frederick e Percy.

- Ela… - Percy arrependeu-se do que dizia, e olhou para a frente, vendo um pequeno sorriso nos lábios do xerife.

- Eu vou-o matar – proferiu Robin, baixo, numa voz que transmitia uma sede de vingança incrível – Vou-o matar! Vou-te matar, ouviste?! Elisabeth… não…

Alfred abraçou-o, e os guardas começaram a recuar até ficarem fora de vista. Por hoje, tinham triunfado.

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