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Sob o Luar

por Andrusca ღ, em 17.04.12

 

Capítulo 3 – Uma Noite Atribulada

 

 

- É o melhor que se arranja – murmurou Amanda, pondo as omeletes nos pratos e sentando-se no seu lugar logo de seguida – Desculpem, não sei fazer mais nada.

Darryl riu-se.

- Não faz mal miúda, é melhor que nada – disse ele, à medida que agarrava no garfo e levava um pouco de omelete à boca – Hum, está bom.

Amanda revirou os olhos, ela sabia que era uma comida sem jeito nenhum para se dar a visitas, mas Jim também não sabia cozinhar e por isso não havia muita escolha.

Depois de comerem, todos ajudaram a arrumar a cozinha e, para surpresa de Amanda, Dean ofereceu-se para lavar a loiça e ninguém lhe recusou esse pedido. Ficaram todos no sofá durante algum tempo, até que começou a ficar tarde e decidiram que estava na hora dos banhos. Primeiro foi Amanda, e depois Dean, Darryl e só então Jim.

- Mana? – Perguntou Jim, ao abrir a porta do quarto da rapariga. Amanda estava sentada na cama, de pernas cruzadas, com o cabelo castanho solto e um pijama rosa clarinho.

- Sim?

- Os rapazes ficam no meu quarto – ele tinha posto dois colchões de campismo no chão –, ficas bem?

Amanda engoliu em seco e olhou pela janela. Levantou-se e foi fechar os estores, mas isso não impedia que o barulho dos trovões entrasse pelo quarto. Ela detestava trovoada, metia-lhe os nervos à flor da pele, ficava toda arrepiada e só conseguia pensar em coisas más. Sabia que já não tinha idade para ter medo de trovões, mas não o conseguia evitar.

- Sim – mentiu, formulando um sorriso à medida que voltava para a cama. Não queria o irmão preocupado, e muito menos que Darryl e Dean soubessem deste seu ridículo medo – Vai, já está tarde. Durmam bem.

 

 

Amanda, deitada na sua cama, deitou um longo suspiro. Apenas conseguia ouvir o vento e a trovoada lá fora, às vezes tão alta que até lhe fazia um nó na garganta. Deu mais umas voltas na cama, frustrada, e então desistiu. Ligou a luz do candeeiro que tem em cima da mesa-de-cabeceira e viu as horas. Quase quatro da manhã. Ficou então de barriga para cima, a olhar para o tecto, a desejar que a tempestade passasse e pudesse finalmente descansar. Estava a ser uma noite daquelas para esquecer.

Sentiu aproximarem-se da porta e baterem.

- Sim? – Perguntou, baixinho. A porta abriu-se e de lá viu um rapaz de olhos entreabertos e cabelo desgadelhado a espreitar. Vestia umas calças de pijama de Jim, e estava de tronco nu – Precisas de alguma coisa?

- Não, eu… - Dean hesitou e bocejou, e Amanda sentou-se na cama, encostada à cabeceira – fui à casa de banho e vi a luz acesa, por baixo da porta, e vinha ver porque é que não estavas a dormir.

- Ah… não consigo adormecer.

- É, nem eu – resmungou – Aqueles dois ainda fazem mais barulho a ressonar que o vento. É por causa tempestade lá fora? – Amanda engoliu em seco mas, antes de responder, um relâmpago rasgou os céus e a luz do seu candeeiro pequenino piscou, fazendo com que a rapariga ficasse pálida – Mandy, estás bem?

- Eu… - a rapariga suspirou – eu não… não gosto de tempestades – disse, meio atrapalhada.

Dean riu-se.

- Tens medo de trovoada? – Amanda baixou o olhar, e só então o rapaz viu que ela não estava a brincar, que estava mesmo aterrada – Tens mesmo medo de trovoada.

- Não gozes comigo – resmungou ela.

- Não… claro que não. Não te preocupes, isto amanhã já acabou, são só trovões, cá em casa não corres perigo – Amanda sorriu. “Uau, ele consegue falar de um modo compreensivo”, pensou.

Dean encolheu os ombros e entrou para o quarto, aproximando-se da janela. Tentou espreitar pelos pequenos furos do estore, mas não conseguiu ver nada. A escuridão era bem grande lá fora.

- Eu sei – murmurou Amanda –, mas não consigo evitar. Cada vez que ouço aquele barulho ou vejo o flash tremo toda por dentro.

À medida que o rapaz ia vendo o que Amanda tinha nas prateleiras, os livros, os CD’s, esta ia-se voltando na cama para o acompanhar. Um trovão mais forte fez-se ouvir e a luz apagou-se nesse momento. A rapariga pulou e, sem querer, como instinto, agarrou a mão do rapaz. Continuaram naquela escuridão, e sentiu Dean a aproximar-se mais da cama, sem a largar.

- A luz foi-se – constatou ele.

Amanda engoliu em seco. “Isto é um pesadelo”, lamentou.

- E agora? – Perguntou-lhe. Sentiu a sua mão a despegar-se da dele e tentou ver através da escuridão – Não vás!

Ouviu-o a rir-se, e só depois percebeu que aquilo soava mal.

- Nunca, minha princesa – gozou ele, fazendo-a revirar os olhos – Vi uma lanterna por aqui, mas prateleiras… au! – Como não estava familiarizado com o quarto, Dean batia em tudo o que houvesse para bater. Quando finalmente encontrou a lanterna, ligou-a e apontou-a a Amanda, rindo-se – Queres que fique aqui contigo?

Haveria alguma resposta certa àquela pergunta? Na verdade ela não queria que ele lá ficasse, mas por outro lado também não queria nada ficar sozinha.

- Sim – acabou por dizer.

Dean sorriu, triunfante, e pediu autorização para se sentar na cama. Sentou-se então por cima dos cobertores, e ficaram os dois encostados à cabeceira, apenas com a luz da lanterna, enquanto ouviam a chuva e os relâmpagos. De quando a quando Dean deitava um olhar a Amanda. Parecia-lhe diferente. Conhecia-a desde sempre, mas sempre a achara aborrecida e desinteressante. Não gostava de ir a festas, raramente saía com o seu grupo de amigos, não tinham, aparentemente, nenhuma coisa em comum. Então porque é que desde da noite anterior que apenas pensa nela? Tinha sido uma noite igual a muitas outras, apenas tinham falado um bocadinho. Será que olhar, nem que por uma única vez, naqueles olhos cor de chocolate fez com que Dean a começasse a apreciar melhor?

- Tu sabias o meu sumo preferido – comentou Amanda, olhando agora directamente para o rapaz. Este sorriu, fazendo duas covas perfeitas – Como?

- Pode não parecer, mas eu presto atenção. Também não gostas de queijo nem de ir a festas e odeias aturar bêbedos.

Amanda começou a rir, especialmente com a última constatação do rapaz, e depois respirou fundo.

- É verdade – concordou.

- Vês? Eu conheço-te.

- Só não sabes o meu nome – brincou ela, dando-lhe um empurrãozinho.

- Amanda Marie Bridget! Como te atreves?! – Perguntou-lhe, fingindo-se de chocado – Diz-me: porque é que não gostas de trovoada?

A rapariga encolheu os ombros e suspirou.

- Quando era mais nova um vizinho meu morreu no meio de uma tempestade. Foi atingido por um raio – Dean ficou pasmado a olhar para ela – É verdade! E desde então que tenho medo de ser atingida por um, mesmo sabendo que as hipóteses são mínimas.

- Bem… espero que isso nunca te aconteça – disse ele, a controlar a vontade de rir. Amanda olhou para ele e não aguentou, teve que rir.

- Vês? Porque é que não és sempre assim? – Perguntou-lhe, parando as gargalhadas – Até és simpático quando queres.

- Porque ninguém quer que seja simpático. Esperam que seja fixe, o gajo das festas, o popular da escola.

A rapariga abanou a cabeça e encolheu os ombros.

- Bem, pode ser só a minha opinião, mas eu prefiro um Dean simpático e preocupado a um Dean popular e insensível.

- Obrigado por me teres dado outra oportunidade. Aparentemente o que se diz sobre ti na escola é verdade, dás hipóteses às pessoas de remediarem os seus erros.

Amanda corou. Ela não via isso necessariamente como uma coisa boa. Via-o mais como um modo mais fácil de sair magoada.

- Tu és um idiota, mas só te dei uma segunda oportunidade a ti porque nunca me fizeste nada de mal.

Passados alguns minutos a chuva aliviou e a luz voltou, e foi então que Dean regressou para o quarto de Jim e Amanda se voltou a aconchegar na roupa da cama, pronta finalmente para descansar.

 

É o único capítulo da semana porque o intermédio de filosofia chegou, e eu tenho que estudar -.-

Desejem-me sorte, e deixem-me uns comentários para me alegrar ^^

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