Destinos Trocados
Capítulo 23
Ao Resgate
As horas seguintes foram simplesmente horrendas. A polícia chegou pouco depois de Roger levado Cindy, e Nate foi buscar os pais de Caroline enquanto esta explicava o ocorrido às forças da lei. Eles chegaram logo alarmados e, assim que a filha lhes explicou o que tinha acontecido, ficaram também em pânico. O polícia disse logo que iam disponibilizar patrulhas e procurar Cindy por toda a área, tornar a passagem deles pelos aeroportos interditas e tomar atenção às câmeras de trânsito. Aconselhou-os a irem para casa e tentarem acalmar-se. Escusado será dizer que a festa terminou aí. Todos os convidados foram mandados para casa, à excepção de Nate, que foi com a namorada e Keith para a mansão dos Geller. Enquanto Marshall e Terry ficaram sentados na sala à espera que o telefone tocasse com boas notícias, Caroline subiu para o quarto com os dois rapazes.
- Mas porquê…? – Perguntava-se, enquanto andava de um lado para o outro – Como é que ele a conhecia? E porque é que ela fingiu ser eu? Deus… que confusão. Isto é tudo culpa minha.
- Não é nada culpa tua – discordou Nate – Já sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, esse escumalha ia acabar por te encontrar. Tu não tens culpa de nada.
- Sim… a culpa é do meu pai – disse Keith, entre dentes.
Caroline respirou pesadamente. Nesse preciso instante o seu telemóvel começou a tocar, e viu ser um número que não conhecia.
- Estou? – Atendeu na mesma.
- “Caroline?” – Caroline arregalou os olhos perante aquela voz tão já sua conhecida.
- O que…
- “Não temos tempo” – disse Joseph, do outro lado da linha – “Sei que devia ter deixado Beverly Hills, mas não pude. Não até que aquele patife fosse encontrado e posto atrás das grades. Vi-o a entrar numa antiga pastelaria, no centro”.
Caroline engoliu em seco.
- Envia-me as coordenadas – pediu.
- “Eu levo lá a polícia. Não faças nada estúpido. Só te quis avisar”.
- Envia-me as coordenadas – insistiu ela.
- “Caroline…”
- Joe, ela é minha irmã! Se sabes onde está, envia-me a porcaria das coordenadas! – Ao ouvirem aquele nome, os dois rapazes olharam para Caroline e arregalaram os olhos.
- “Tem cuidado”.
Joseph desligou a chamada e segundos depois Caroline recebeu uma mensagem com as coordenadas.
- O que é que se está a passar? – Perguntou Nate.
- Era o meu pai? – Questionou Keith.
- Sim, Keith. Era o teu pai. Ele sabe onde o Roger tem a Cindy. O Roger sabe que tem a polícia atrás dele, por isso é óbvio que não ia tentar fugir já. O Joe mandou-me uma mensagem com o sítio onde eles estão – nisto, Caroline começou a trocar as suas sandálias por uns ténis pretos – Eu vou buscá-la.
- O quê? Caroline, é demasiado perigoso – advertiu-lhe o namorado.
- Não quero saber – argumentou ela – Eu sei que a Cindy pode ser uma verdadeira pirralha, mas ela sacrificou-se ao ir no meu lugar. Por anos vivi com aquela criatura… não vou deixar que lhe aconteça o mesmo a ela. Vou buscá-la.
Nate engoliu em seco, e Keith suspirou.
- Não – disse Keith – Nós vamos buscá-la. Certo, mano?
- Sim. Vamos.
✽✽✽
Caroline tinha estacionado o carro e os três jovens encontravam-se agora em frente à porta da pastelaria.
- Como é que entramos? – Perguntou Nate. Caroline sorriu, matreira.
- Entrar é a parte fácil – afirmou, ao tirar um dos ganchos que ajudavam a prender a trança. Cuidadosamente destrancou a fechadura, e entraram os três com bastante cautela. Em frente da porta estava um enorme balcão com um vidro onde, durante o dia, eram expostos os bolos e as bebidas. Várias mesas redondas e pequenas, com quatro cadeiras cada, estavam espalhadas. Havia um arco que dava para outra sala, de onde se ouviu barulho.
- Eles estão ali… - sussurrou Caroline que, sem esperar por mais nada, correu até lá.
Roger olhou para si e franziu as sobrancelhas. Ficou algum tempo a mirá-la, e depois desviou o olhar para Cindy.
- Não notei ao início… mas agora vejo – proferiu ele – Ela nunca me conseguiria olhar com esses olhos.
Era verdade. Cindy podia ser muito boa actriz, mas nunca conseguiria olhar para o traficante do modo frio, distante, ressentido e vingativo como Caroline o fazia.
- Roger, deixa-a ir – mandou Caroline, apoiada pelos rapazes atrás de si.
Roger soltou uma gargalhada e de trás das calças tirou uma pequena pistola, que usou apenas para passar de uma mão para a outra.
- Ou posso ficar com todos vocês. Devem-me render uns bons dinheirinhos – disse ele – Não tu, Caroline, obviamente. Tu vais ser minha para sempre.
Caroline olhou-o com desdém e aproximou-se de Cindy, que estava sentada numa cadeira, e puxou-a para que se levantasse.
- Não devias ter vindo… - murmurou Cindy.
- Não te podíamos deixar aqui – foi Nate quem falou.
- Nunca vou ser tua – afirmou Caroline, para responder a Roger – Não passas de um porco sem sentido na vida que fazia melhor figura deitado morto numa vala!
- Não ouses falar-me nesse tom! E vocês aí atrás… Talvez vos consiga arranjar uma vida nova a todos… com esses corpinhos gente interessada não vai faltar…
Nate sentiu uma raiva enorme ao ouvi-lo falar. Não conseguia acreditar que Caroline tinha crescido com ele. Era completamente impossível de crer que aquela rapariga doce e justa tinha passado anos com aquela besta.
Do lado de fora da pastelaria começaram a ouvir-se as sirenes da polícia, e vários homens armados entraram por lá a dentro. Todos eles ficaram de pistola apontada a Roger, que olhava em volta em busca de uma fuga.
- Está acabado Roger – declarou Caroline.
O que se passou depois foi demasiado rápido. Roger proferiu algo como “lixaste-me sua cabra, não te vou deixar sair ilesa” e o som de um tiro fez-se ouvir. Por momentos Caroline viu a vida passar-lhe toda à frente. As noites em branco passadas com medo que o traficante a alcançasse e a obrigasse a voltar; os anos que vivera com ele; a primeira vez que conheceu Terry e Marshall; os tempos em que se fez passar por Cindy… tudo. Mas então em vulto atravessou-se à sua frente e, no milésimo de segundo seguinte, caiu a seus pés. Ela baixou-se e olhou nos olhos daquele que, em tempos, fora o mordomo dos Geller.
Joseph tinha conduzido a polícia até lá e, no último segundo, fizera o que tinha prometido fazer: proteger a família Geller.
- Joe! – Gritou ela.
Mais disparos soaram, e o corpo sem vida de Roger caiu contra o chão branco da pastelaria, tingindo-o com aquele sangue tóxico.
- Pai! – Gritou Keith, correndo até ele e agarrando-lhe nas mãos, tal como Caroline o fazia. Nate também se aproximou mais, tal como um dos polícias, e uma ambulância foi chamada.
- Não gosto… que me chames… Joe – repreendeu Joseph – O meu nome… é Joseph.
Caroline formou um pequeno sorriso, apesar de lágrimas começarem a aparecer nos seus olhos.
- Obrigado Joe – agradeceu – Obrigado por me devolveres a minha família.
Ele sorriu-lhe para, depois, prestar atenção ao filho.
- Independentemente do que aches… eu amo-te Keith – garantiu – E vou sempre amar.
- Eu sei pai. Também te amo.
Falta um capítulo para acabar.
Então, que estão a achar do rumo da história?