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Destinos Trocados

por Andrusca ღ, em 28.09.12

E pronto, chegámos ao fim

Digam-me o que acharam desta história, sim?

 

Capítulo 24

O Último dos Mistérios

 

Caroline olhou para o espelho com uma expressão tristonha. O dia já tinha passado completamente, e a noite chegara. Joseph morrera ainda antes de chegar ao hospital, e Keith fechara-se no quarto mal chegou a casa, precisava de estar sozinho. Ela pediu ao namorado que fosse também para a sua casa, para descansar, e combinaram falar mais tarde. Cindy também precisou de se acalmar depois de todos aqueles tiros. Marshall e Terry sentiram o maior alívio do mundo ao verem as duas filhas entrarem pela porta juntas, sãs e salvas.

Caroline engoliu em seco e deitou-se na cama, pondo-se bem aconchegada entre as mantas e lençóis. Não tinha sono, não conseguia dormir. Sentia-se triste por Joseph ter tido aquele fim, e ao mesmo tempo aliviada ao ver que Roger nunca mais a poderia alcançar.

Bateram à porta do seu quarto e, por isso, acendeu a luz do candeeiro que estava na mesa-de-cabeceira.

- Sim? – A porta abriu-se, e a cabeça de Cindy apareceu a espreitar. Não tinha nem uma pinta de maquilhagem, mas não deixava de estar bonita. Vestia um pijama felpudo, cor-de-rosa, e tinha o cabelo todo despenteado.

- Posso dormir contigo? – Perguntou, apanhando Caroline completamente desprevenida.

- Hum… sim… claro.

Cindy entrou e fechou a porta. Caroline chegou-se para um dos lados para que a irmã se pudesse deitar no outro, e em seguida desligou a luz. Por alguns segundos ficaram as duas em silêncio, até que Cindy decidiu começar a conversar.

- Desculpa – pediu – Eu sei que tenho sido uma parva contigo.

- Sim… tens – Caroline voltou-se para a gémea e, através da claridade que entrava pelos estores, pôde ver que também Cindy a mirava – Porquê?

Cindy suspirou.

- Acho que agora já não faz sentido esconder-te – murmurou – Um dia vinha para casa e percebi que estava a ser seguida, mas consegui despistá-lo. Depois de estar em casa há um tempo, ouvi o Joseph a discutir com um homem fora da casa, e reconheci-o como o que me estava a seguir. Durante a discussão, o homem mencionou uma rapariga que Joseph lhe tinha dado, e entregou-lhe uma fotografia dela para que ele o avisasse, se a encontrasse.

- Era o Roger? – Interrompeu Caroline – Estava à minha procura?

- Sim. Estavas desaparecida, e ele queria-te encontrar a todo o custo. Fiquei curiosa, por isso, quando estavam todos a dormir, entrei no quarto do Joseph e vi a fotografia. Era eu… Excepto que eras tu. Atrás tinha “Caroline” escrito – Cindy fez uma pequena pausa, e soltou um pequeno suspiro para depois continuar o relato – De súbito tudo fez sentido: ele a seguir-me, a pensar que eras tu; o quarto de bebé ao lado do meu; a moldura com a fotografia da mãe com duas bebés iguais… já tinha perguntado aos pais, mas eles nunca falavam disso. Decidi que te queria encontrar, e tinha o pressentimento de que o Joseph sabia onde estavas. Por isso decidi fingir que fugia, e deixei-lhe aquele bilhete a dizer para arranjar maneira de me encobrir.

- O teu plano era voltar, quando o Joseph me trouxesse – deduziu Caroline, boquiaberta.

- Era. Mas não pude, pois aquele detestável Roger apanhou-me. Demorei semanas a convencê-lo que não era tu. Ele não era dos tipos mais inteligentes, temos que admitir – ambas soltaram um pequeno risinho cúmplice – Quando percebeu a verdade, disse-me que me podia deixar vir embora se lhe dissesse onde estavas. E, a pensar que o meu plano para te encontrar tinha dado certo, disse-lhe. Foi por isso que te tentei expulsar, tirar-te daqui a todo o custo, para que ele não te apanhasse. Disse-lhe que não queria confusões na minha casa, e que ia fazer com que saísses e que, aí, te podia apanhar. Pensei em mandá-lo no caminho oposto àquele que seguisses. Tudo teria corrido na perfeição se não te tivesses apaixonado e decidido que querias ficar. No fim… acabei por armar uma grande confusão. Desculpa, Caroline.

Caroline abanou a cabeça.

- Porque fingiste ser eu, na festa?

- Porque… pensei que podia arranjar maneira de fugir dele mais tarde, ou talvez conduzir a polícia até ele, não sei… Só sei que não era justo que, depois de tanto esforço da tua parte, eu desse o teu paradeiro e ele te apanhasse assim, sem mais nem menos.

Caroline sorriu e voltou-se de barriga para cima.

- Afinal… estava certa – murmurou, olhando para a gémea – Tu és uma boa irmã.

- Não fiques com as ideias trocadas… Ainda tenho um feitio lixado – de novo, ambas riram – Mas vou tentar melhorá-lo, prometo. Sempre quis ter uma irmã.

- Eu também.

 

✽✽✽

 

O dia do funeral tinha chegado. Por respeito a Keith, e por Joseph ter salvado a vida da sua filha, os Geller pagaram todas as despesas.

Caroline encontrava-se em frente ao espelho a vestir o seu vestido preto, de meia-manga. Levava o cabelo solto, e uns sapatos fechados. Aquelas nuvens negras no céu ameaçavam chuva. Cindy vestiu uma saia preta e uma blusa azul escura, conjugando umas botas também pretas. Keith vestiu um fato também preto, tendo até direito a gravata, e uns sapatos envernizados.

Encontraram-se todos à entrada da casa, e seguiram para o cemitério. Não compareceu muita gente: os Geller, Nate e os seus pais, Keith, Dorcas e Kim, Rachel, e mais meia dúzia de pessoas. O padre fez o seu discurso e depois foi pedido a Keith que dissesse algumas palavras em honra do pai.

- O meu pai não foi um dos grandes homens de que tanto se fala – disse ele –, mas morreu ao fazer uma grande coisa. Apesar de em toda a sua vida ter feito más escolhas e tido até, por vezes, trazido dissabores a outras pessoas, no último momento optou por salvar alguém que não ele, mesmo que lhe custasse tudo. Ele pode não ter sido um herói para vocês, mas para mim sempre foi e sempre será, independentemente das asneiras que cometeu ao longo da vida. Ninguém, nunca, o poderá substituir. E eu nunca o esquecerei nem o pararei de amar.

A meio da cerimónia a chuva começou a cair, e os guarda-chuvas foram abertos. O caixão de Joseph desceu até ao fim da cova já escavada horas antes e a terra começou a ser mandada para cima dele. As pessoas começaram a dispersar. Rachel ficou para trás com Keith, a ver o caixão a ficar, aos poucos, soterrado, mas afastou-se ao ver que Caroline estava a chegar lá ao pé. Deitou-lhe um pequeno sorriso cúmplice enquanto ia para ao lado de Nate para os observar ao longe.

- Keith… - murmurou Caroline, captando a atenção do amigo. Assim que ele se virou para ela, ela abraçou-o com força, deixando o guarda-chuva cair no chão e fazendo com que ambos ficassem encharcados – Eu também nunca o esquecerei. Pelos bons motivos. Lamento tanto.

- Eu fico bem.

Depois daquele dia negro, tudo pareceu melhorar aos poucos. Cindy conseguiu aprender a controlar melhor o seu mau-feitio e a mania de ser uma diva, o que até lhe fez ter mais alguns amigos; optou por tirar um curso na área da moda. Por quase terem perdido as filhas de novo, Terry e Marshall começaram a dedicar-se mais à família e menos ao trabalho. Keith e Rachel conseguiram entrar para a mesma universidade, e os Geller pagaram todas as despesas do rapaz que agora, para eles, era como um terceiro filho. Caroline conseguiu entrar para o seu tão desejado curso de Medicina, e foi até capaz de fazer um estágio no hospital onde a mãe trabalhava; após uma pausa de alguns meses no namoro com Nate, devido à distância que separava os dois por causa dos cursos em diferentes universidades, finalmente o amor venceu e ele pediu-a em casamento no dia em que se formaram. Ela aceitou. Era o final perfeito para o conto de fadas que Caroline nunca pensou poder viver.

 

Fim

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