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Déjà Vu Sobrenatural

por Andrusca ღ, em 26.10.10

Peço desculpa pelos teus ataques de ansiedade annee. xD

E por isso este capítulo dedico-te a ti :D

Espero que gostem

 

Capítulo 5

Vampiros? Só à distância

 

Vi os vampiros a aproximarem-se, estava completamente cercada.

Senti uma pancada na cabeça e perdi os sentidos. Não sei quanto tempo demorou até acordar mas quando o fiz, estava deitada numa mesa de pedra com as mãos e os pés amarrados com correntes.

- Estava a ver que te tinham batido com demasiada força. Afinal pareces mais frágil do que realmente és. – Disse aquela voz horrivelmente sinistra. – O que é que sentes?

- Dói-me a cabeça… mas acho que é melhor do que me doer o pescoço. – Respondi, com uma voz ainda um bocado débil.

- Eu não te vou morder… ainda. – Disse ele, rindo-se e aproximando um carrinho como os que os médicos usam para as operações.

- Para que é que é isso? – Perguntei, exaltada.

- Eu pensava que sabias tudo. Ora vamos lá, eu vou fazer perguntas, cada vez que não disseres o que quero ouvir, ou seja, a verdade, eu faço-te um cortezinho. Os calções e blusa curtinha vieram a calhar, assim não rasgamos nada a não ser pele.

- Podes ir para o Inferno! – Gritei, a tentar soltar-me.

- Tu não vais a lado nenhum fofa. Agora, pergunta número um, quem és?

- Melanie, Melanie McKensie.

- Errado! – Gritou ele, com uma voz psicopata, fazendo-me um corte com uma faca na perna. Abafei um grito enorme. – Vejam só, ela não é de gritar. Só de olhar para ti ninguém diria. Vamos tentar outra vez, quem és?

O que é que ele queria que eu dissesse?! Disse o meu nome e estava errado, obviamente queria que lhe dissesse mais alguma coisa, mas o quê? Será que teria alguma coisa a ver com os sonhos? O que é que lhe podia dizer?

- O que queres que diga?! – Perguntei, cheia de raiva.

- A verdade.

- Eu não sei a verdade! Chamo-me Melanie, é o meu nome, o que é que queres saber mais?!

- Tu não sabes mesmo. – Concluiu ele, dando uma gargalhada. – Prosseguindo, porque é que viste?

- Começo a achar que tenho uma tendência para ir ter com monstros. – Respondi, abafando um grito ainda mais forte que o primeiro, depois de ele me fazer um corte no braço.

- Obviamente não estás a perceber o risco que estás a correr, se ainda não percebeste, estás numa sala com um vampiro, e o teu sangue está a começar a pingar… e eu estou a ficar com fome.

- Acredita, eu percebi o risco… posso eu fazer uma pergunta agora?

- O quê?

- Como é que tu morres? – Perguntei, cheia de inocência.

- Boa tentativa fedelha. Mas quando isso acontecer, não vais estar cá para descobrir. – Disse ele, fazendo-me outro corte. Estremeci e contorci-me e ele fez mais uns quantos cortes. – Então, a dor está finalmente a aparecer…

- Já apareceu há muito tempo, acredita. Há bocado era fofa, agora sou fedelha?

- Tu falas demais. – Resmungou ele, pegando noutro bisturi e preparando-se para me fazer um corte na cara.

- Sabes que mais? Eu admiro-te.

Ele parou subitamente. Estava na altura de mudar de táctica, se ofender não ajudava, só tinha que arranjar qualquer coisa que empatasse melhor.

- O quê?!

- Sim, estás aqui, ao pé de tanto sangue e ainda não perdeste o controlo, é incrível.

Esperava que o rumo da conversa o entretece durante tempo suficiente até alguém me vir ajudar. Será que alguém me vinha ajudar? Se calhar meti-me nesta e eles não querem saber nem vêm… será que me iam deixar ali para morrer? Eu sei que a escolha foi minha mas… não, eles tinham que vir, independentemente do que acontecesse depois, eles tinham que vir. Eu não estava para aqui a ser torturada à toa, estava a sofrer dores horríveis para que eles tivessem um motivo para virem combater o vampiro.

- Tu és especial, sabes? E tens qualquer coisa de muito intrigante, no teu sangue… - Disse o vampiro.

- Desde que não sejam diabetes…

- Algo poderoso, como não se via há muito tempo… - Ele tocou-me numa das feridas e depois chupou o sangue do dedo. – Delicioso, sem dúvida.

- Ok, isso é simplesmente nojento. – Disse eu evitando um vómito.

- Então é mesmo verdade, és mesmo tu. – Disse ele, com admiração. – Ninguém diria…

- Do que é que estás a falar? – Perguntei.

Apesar de ser um monstro sem alma e de me estar a torturar, senti que talvez me fosse revelar qualquer coisa que os outros não iam.

- Poderíamos ficar juntos, teríamos o mundo à nossa mercê… mas correria sempre os riscos de me estares a enganar… mas por outro lado… se te transformasse, darias uma vampira bastante poderosa, e depois sim, não haveria volta atrás.

- Do que é que estás a falar?! Eu detesto quando falam de mim mas eu estou presente e não percebo nada! – Refilei.

- Tu és especial, é o teu sangue que mo diz. – Disse ele, voltando a pôr o dedo noutra ferida e chupando o sangue.

- Acho que estou a ficar maldisposta. – Disse eu, a ver quase tudo à roda.

- É da perda de sangue, não te rales, daqui a nada estarás morta, e depois, como eu.

- Claro, não há motivo nenhum para me ralar… - Disse sarcasticamente.

Ouvi um ruído do lado de fora da sala em que me encontrava e Crowllang ficou alarmando. Fez-me mais uns cortes e levou o dedo à boca de novo, com o meu sangue. Disse-me para ficar calada e saiu. Ao sair, quando abriu a porta, vi os vampiros à luta com Gabriel e Vicky, e eu que pensava que os anjos eram pacíficos… mas fico feliz em saber que quando têm que lutar, lutam. Só tive tempo de os ver a eles, será que Jason, Phil e Bryan também cá estavam?

Comecei a tentar soltar-me novamente, mas as correntes eram muito fortes e além disso, custava-me imenso mover-me por causa dos cortes. Continuava a ver tudo à roda, e estava a piorar. “Raios! Abram-se lá!”, nisto, as correntes, do nada, abriram-se, deixando-me livre. “Ok, isto assusta”, pensei.

Levantei-me muito lentamente até ficar sentada na mesa de pedra e procurei por algo que me pudesse ajudar a parar o sangue, depois de muito procurar, lembrei-me que tinha lenços de papel dentro do bolso dos calções e comecei a usá-los, um a um, mas os cortes eram imensos e o papel ficava cheio de sangue num abrir e fechar de olhos. Não deram nem para um quarto das feridas que tinha. Acabei por desistir e encaminhei-me até uma mesinha, também de pedra, mas muito mais pequena, que tinha as minhas coisas, a água benta, o punhal de prata e o meu telemóvel. Fui até à enorme porta de pedra e pensei duas vezes se devia, ou não sair de lá, visto que estava a deitar sangue de todo o lado e do outro lado da porta estavam vampiros, acho que não era a melhor ideia.

Vi outra porta, também de pedra, mas mais pequena. Abri-a e subi umas escadas, num corredor bastante estreito.

Ouvia os gritos dos vampiros e de Gabriel e Vicky, mas onde será que os outros estavam?

Ouvi passos que vinham na minha direcção e encostei-me à parede. Os passos aproximavam-se e acho que o bater do meu coração se podia ouvir a dez metros de distância. Continuava a ver as coisas à roda, apesar de agora estar melhor. Os passos pararam mas agora conseguia ouvir as respirações, mesmo ao meu lado, na curva. Empunhei o punhal, pronta para apunhalar quem me viesse atacar, porém, estava sem forças e o punhal quase que dançava na minha mão.

- Ahh! – Gritaram, apontando-me com uma espada.

- Não me matem, já fui torturada o suficiente! – Gritei, com os olhos fechados.

- Melanie? – Perguntou uma voz, agora doce. Abri os olhos. – O que é que fizeram contigo? – Perguntou Jason, abraçando-me.

- Au, au, au, larga-me, já é difícil respirar assim. – Pedi, fragilmente.

- Desculpa. Como é que estás?

- Como é que te parece?!

- Porque é que fizeste isto Mel? – Perguntou Bryan. – Tu sabias perfeitamente que te ias magoar.

- Eu sabia que vocês vinham. – Disse, com muito esforço. – Pensava que vinham mais cedo, mas sabia que vinham.

- Anda, vamos embora. – Disse Jason, puxando-me bruscamente.

- Embora?! Mas já cá estamos, porque é que não o matamos? – Perguntei, mexendo as pernas o mais rápido possível.

- Porque não estamos preparados Mel! Ele não pode ser morto, não há arma nenhuma que o mate e teres feito isto foi uma completa estupidez. – Ralhou Bryan.

- Esperem. – Disse Jason, parando subitamente. – Vem aí alguém, voltem para trás, rápido.

Começámos a voltar para trás, mas eu não conseguia ir depressa, por isso eles deixaram-me apoiar nos ombros deles para andar mais rapidamente. Voltámos para a sala onde tinha sido torturada e fechámos a porta. Os gritos do outro lado da porta grande já tinham acabado.

- Aquele sangue é todo teu? – Perguntou Jason, apontando para o sangue espalhado pela mesa de pedra onde tinha sido torturada.

- É. – Respondi, a observar a quantidade de sangue que tinha perdido e a ficar enjoada outra vez.

- Como é que ainda estás em pé?! – Perguntou Bryan, espantado.

- E como é que conseguiste fugir? Aquelas correntes parecem bem fortes… - Perguntou Jason.

- Elas abriram-se… sozinhas. – Disse eu.

- Oh não, ela está com alucinações, foi da perda de sangue. – Disse Bryan, ajudando-me a ficar de pé.

- O quê?! Eu não estou com alucinações! Elas abriram-se, eu não me conseguia soltar e elas abriram-se sozinhas, se tiveres uma explicação melhor eu aceito-a, mas até lá não digam que estou a alucinar.

- Tudo bem, tem lá calma. – Disse Jason.

A porta grande, de pedra, abriu-se e apareceram Vicky, Gabriel e Phil, e atrás… Crowllang. Ele mandou Vicky, Gabriel e Phil para ao pé de mim e dos irmãos e começou a olhar para o meu sangue, intensivamente. Olhei para Bryan, conseguia-se ver o quão difícil era para ele estar na mesma sala que um vampiro, especialmente este.

- Vejo que já te conseguiste libertar, é uma pena, eu queria continuar os nossos joguinhos. – Disse ele, com a malvadez a fervilhar na voz. – É bom voltar a ver-vos Whickmonth, já começava a pensar que não gostavam mais de mim.

- O que é que te fez pensar isso?! – Perguntou Jason, com uma raiva na voz.

- Tu não me interessas. – Disse Crowllang. – Ele sim. Bryan, como é que tens estado?

- Afasta-te de mim… - Disse Bryan, a tremer por todos os lados, porém não era medo, era fúria.

- É pena, podias ter sido tão poderoso… mas então e tu Melzinha, já te decidiste sobre a oferta que te fiz? Queres ser uma de nós? – Perguntou ele.

- Não consideraria essa proposta nem que fosse a minha última opção. – Disse eu.

- Pensa bem… se estiveres disposta a esse pequeno esforço, talvez poupe os teus amigos, eu prometo que o faço depressa. – Disse ele, com os dentes a descer e a brilhar.

Jason estava-me a amparar, para não me desequilibrar por estar em fraqueza, mas afastei-me dele e aproximei-me do vampiro, ainda a cambalear um bocado.

- Agora acho que és tu que não estás a perceber. Podes pegar nessa tua proposta e mandá-la directamente para o Inferno e depois podes aproveitar a boleia e ir com ela.

Ele deu-me uma chapada tão forte que me mandou ao chão. Demorei um tempo a levantar-me mas Jason foi-me ajudar. Depois de estar em pé recuámos, para ao pé dos outros.

- Não te estiques, se brincas com o fogo, acabas queimada. – Disse o vampiro, soltando uma gargalhada. – Mas tenho que te agradecer, ainda bem que os trouxeste a mim, poupas-me imenso trabalho. Agora, está na hora de dizerem adeus.

Virei-me para eles, com os olhos enlagrimados.

- Peço imensa desculpa, isto é tudo minha culpa. – Disse eu. – Desculpem… e obrigado por terem vindo, não sabem o quanto significou.

- Não peças desculpa, só antecipaste o inevitável. – Disse Bryan.

Voltei a virar-me para Crowllang, o vampiro, e num impulso dei uma mão a Jason e outra a Bryan, num jeito de despedida.

- Apesar de tudo e de vocês serem umas cabeças duras, eu adoro-vos. – Sussurrei, com a maior das intenções e uma sinceridade inquestionável.

Vi os olhos do vampiro a perderem a intensidade do vermelho e os dentes a perderem o brilho intenso que tinham, comecei a relembrar tudo o sabia sobre ele. Nenhuma arma o conseguia matar, ele era muito temido e não tinha qualquer fraqueza, era impiedoso, mas pareceu fraquejar ao ouvir a palavra “adoro-vos”.

Fiquei a olhar para ele, pensativa, enquanto a intensidade dos olhos e o brilho das presas voltavam.

- Estou a falar a sério, eu realmente adoro-vos. – Disse eu, dando ênfase ao “adoro-vos”.

O brilho das presas desapareceu e os olhos já não estavam num vermelho vivo, mas sim num bordô.

- Vicky. – Disse eu, improvisando. – Eu adoro o facto de te preocupares comigo. O que faz com que te adore a ti também. Porque fizeste com que por momentos me sentisse bem-vinda na casa de Phil. Vocês lembram-se da primeira vez que nos conhecemos? – Perguntei, a Jason e a Bryan, não lhes dando tempo para responder. – Vocês salvaram-me, e eu sabia que se iam tornar especiais desde o primeiro segundo que vos vi.

- Melanie, eu sei que as pessoas ficam sentimentalistas na hora da morte, mas estás a levar isso um bocadinho longe demais. – Disse Jason.

- É incrível. – Disse eu, olhando para o vampiro. – És tão temido e cruel. Nunca amaste ninguém?

- Sua fedelha intrometida, vais-te arrepender. – Ameaçou ele.

- Queres apostar? Sabes o que é que eu adoro? Os meus amigos, os meus pais…

- Aparentemente os teus amigos não gostam tanto de ti como tu deles, afinal, deixaram-te não foi, há cinco anos? – Disse ele, tentando deitar-me abaixo.

- Pois foi. – Disse eu, de uma maneira indiferente. Peguei na espada que Jason tinha e avancei em direcção de vampiro. – E de alguma maneira, cá estão eles, comigo. – Sorri e cortei-lhe a cabeça, com a espada, deixando-a depois cair.

Vicky e os outros estavam pasmados a olhar para a cabeça do vampiro, no chão, e para mim, que entretanto perdi as forças e caí também. A cabeça dele, caída no chão, fazia-me vómitos. Virei a cara. Eles correram até mim.

- Como é que fizeste isso? – Perguntou Phil.

- Eu notei que ele ficou diferente, quando eu disse que vos adorava… e resolvi seguir o meu instinto. – Respondi, com dificuldade em levantar-me, apesar de estar agarrada a Vicky e a Jason. – Ele enfraqueceu, ao ver o amor que o rodeava… e foi o suficiente para ficar vulnerável, como os outros vampiros.

- Sabes que mais, talvez me tenha enganado a teu respeito miúda. – Disse Phil. Vi Jason mandar-lhe um olhar matador.

Levaram-me para casa e Vicky ajudou-me a tirar as roupas ensanguentadas e a tratar das feridas. Quase que não me podia mexer, fazia-me de forte à frente deles, mas a verdade era que ao pequeno movimento dava-me uma vontade horrível de gritar.

Preparei-me para dormir e deitei-me na cama, a pensar que tipo de pesadelo ia ter quando vejo um reflexo no espelho. Levantei-me rapidamente, esquecendo-me das feridas, mas depois abafando um grito e estremecendo em relação a elas, e vi Gabriel.

- Vim ver como é que estavas. – Disse ele, à porta.

- Estou perfeita, não se nota?

- Melanie… não precisas de te fazer de forte, não comigo.

- Tudo bem, isto dói como tudo. Era só isso que querias saber?!

- Não, queria-te dizer que vai correr tudo bem, em breve vais ter a vida normal que tinhas antigamente e quanto às feridas, tu sempre foste uma excelente pessoa a curar-se depressa.

- Como é que sabes isso?

- Tem uma boa noite. – Disse ele, desaparecendo.

Não tive problemas a deixar-me de dormir, excepto quando não encontrava uma posição que não me fizesse doer o corpo. Para grande surpresa, dormi a noite inteira, e não tive pesadelos nenhuns.

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