O Amor na Porta à Frente
Capítulo 26
Doente de Amor
Evelyn acordou com Donald a saltar-lhe para cima e, num movimento de reflexo, deu-lhe uma pancada mandando-o ao chão. O pato lá ficou, a olhar para ela, fazendo-a suspirar. Por muitas vezes que fosse a Billingsley, nunca se conseguiria habituar àquele pato que tanta liberdade tem na casa.
Doug estava sentado à mesa da cozinha, a tomar o pequeno-almoço, com a mãe.
- Achas que faço bem? – Perguntou-lhe.
- Oh querido, ela é adorável – elogiou Theresa – Acho que fazes muito bem!
A médica entrou nesse momento e ambos se calaram. Cumprimentou o namorado com um beijo e sentou-se ao lado da “sogra” a comer. Doug pediu-lhe que, depois, se fosse vestir para irem dar um passeio, e ela anuiu sem problemas. Depois de comer retornou ao quarto e vestiu umas calças de ganga e uma blusa de lã, bem quente, em tons azuis. Fez uma trança com o cabelo, e apenas passou o gloss nos lábios. Calçou uns ténis, como sempre fazia quando estava na terra do namorado. Encontraram-se no hall, e seguiram a partir daí. Foram caminhando até à cidade, de mão dada, pelo ar (bem) fresco da manhã.
- O Wren chega hoje, não é? – Lembrou-se Evelyn, de repente. Amanhã seria véspera de Natal.
- Sim, deve chegar à tarde. Ele disse que apanhava um táxi e depois vinha ter connosco – respondeu Doug, sorrindo. Tinha outra surpresa preparada para ela.
- Óptimo. Então e o que vamos fazer hoje?
Ele torceu o nariz e riu-se, sem responder. Passaram pela escola que, há dois anos, ambos tinham ajudado a recuperar e Evelyn foi assolada com memórias. Aquela escola era a prova de que conseguia fazer qualquer coisa, desde que quisesse e se esforçasse. Foi ao recuperá-la que percebeu que podia ser mais do que uma médica de Nova Iorque bem abastada monetariamente.
Chegaram ao largo da cidade. O coreto estava no meio, tal como no ano passado e no outro antes, e nos vários bancos de madeira estavam alguns velhotes a ler o jornal ou a cochichar com os outros. Doug já a tinha avisado de que as pessoas do sul, além de serem extremamente simpáticas, eram bastante curiosas e tomavam atenção a tudo. “Outra palavra para cuscas”, pensara ela na altura.
Doug parou mesmo no centro do largo, e Evelyn parou também, sem saber bem o que estava ali a fazer.
- O que estamos a fazer aqui? – Perguntou. Pensava que iam dar um passeio e então regressar a casa, não esperava que o namorado parasse no meio largo.
- Foi onde demos o nosso primeiro beijo – murmurou ele, esboçando um sorriso. A médica franziu as sobrancelhas.
- Por acaso… foi na tua casa.
- Sim, e depois disso foi no casamento da minha prima. Mas estou a falar do primeiro beijo em que me apercebi de que estava apaixonado por ti.
Evelyn sentiu-se a corar, e então viu-o tirar uma pequena caixinha aveludada do bolso do casaco quente que vestia e apoiar um joelho no chão. Arregalou os olhos perante aquela imagem, e Doug respirou fundo.
- Doug, o que é que…? – Ele não a deixou continuar a pergunta, interrompeu-a.
- Dra. Evelyn Tucker… o meu coração começa a bater de um modo descontrolado cada vez que te vejo; não me consigo concentrar nada, invades os meus pensamentos quando estou acordado, e os meus sonhos quando durmo; fico com a barriga às voltas só de pensar nesse sorriso que só tu sabes fazer… outros médicos disseram que não podiam fazer nada, que não havia remédio para o que eu tinha. Consegues curar-me? Se não conseguires, será um prazer imenso viver com esta “doença” desde que te tenha ao meu lado. Todos estes sintomas eles… são de uma doença chamada “amor”. Quando é real, é incurável, não há volta atrás – Evelyn levou a mão ao peito, completamente apanhada de surpresa. Tinha o coração a bater descompassadamente. Doug abriu a caixinha e mostrou-lhe um anel com um pequeno diamante no topo. Simples, mas muito bonito – Evie… casas comigo e garantes-te de que o meu coração continua a bater?
Evelyn abriu os lábios no sorriso mais bonito e honesto que alguma vez fez e assentiu com a cabeça.
- Sim… claro que caso contigo – respondeu. Ele riu-se e colocou-lhe o anel no dedo. Levantou-se e abraçou-a, levantando-a do chão e rodando com ela perante os olhares curiosos dos habitantes da cidade. Quando a pousou no chão beijou-a como se a sobrevivência do mundo dependesse disso.
∴
Quando Evelyn e Doug iam a chegar a casa, já depois de terem passado o dia inteiro fora, viram a carrinha de Steve também a chegar. De lá saíram Steve, Wren e… Lizzie. Evelyn arregalou os olhos e olhou para o noivo, que encolheu os ombros.
- Supus que quisesses alguém para contar a novidade – disse-lhe.
Ela riu-se e dirigiu-se à modelo num passo apressado, para a abraçar com força. Já não a via há alguns meses, e as conversas ao telemóvel não eram a mesma coisa.
- Lizzie, estás cá! – Exclamou, depois de a largar.
- Sim, o Doug soube que não tinha sítio para passar o Natal por isso convidou-me. Fico até ao ano-novo e depois vou convosco. Agora vá… deixa-me lá ver essa pedra!
- Vais ser a dama d’honor – avisou-a logo.
- Claro que sim, mas vá, mostra-me, mostra-me.
Evelyn riu-se e mostrou-lhe a mão, para que visse o anel de noivado. Steve sorriu ao filho e, depois de o abraçar, abraçou também a futura nora.
- Nem sabes no que te vais meter – murmurou Wren, dando uma pancadinha no ombro do amigo. Ele, porém, esboçou um sorriso idiota.
- Sei… - garantiu – e não o trocava por nada.
Entraram todos para casa, animados, prontos a contar a novidade.
E então? Que tal?
Não se esqueçam dos comentários, shim? *-*