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Déjà Vu Sobrenatural

por Andrusca ღ, em 01.11.10

E agora que eles já estão a caçar todos juntos, como serão as coisas para a Mel?

Espero que gostem ;)

 

Capítulo 11

Problemas

 

A primeira semana em que cacei com eles foi uma maravilha, tratavam-me super bem e ouviam o que tinha para dizer, não me mandavam calar nem ficar nos hotéis escondida… mas em pouco tempo voltou tudo ao princípio e de um momento para o outro voltaram a ser os mesmos Jason e Bryan que tinha reencontrado, voltaram a ignorar-me e a desprezarem-me, como se eu ainda tivesse cinco anos ou menos.

Já me estava a fartar e estava a um passo de me voltar a vir embora mas depois lembrei-me de quando eles se estiveram quase a matar e do que lhes disse, que não podiam desistir nem ceder assim tão facilmente. Por isso eu não ia ceder assim e não me ia voltar a ir embora tão rapidamente, por isso falei com eles, mas não deu em absolutamente nada. Então comecei a fazer outras coisas, como se não me importasse.

- Ah, já chegaram. – Disse eu, ao chegar ao quarto do hotel.

- Onde é que estiveste? – Perguntou Jason.

- Fui fazer uma massagem.

- Estás a brincar certo? – Perguntou Bryan, convicto de que estava a gozar.

- Não… vocês foram-se embora… logo eu não tinha para fazer, vi o hotel e depois fiz uma massagem.

Eles pareceram bastante chateados por isto, mas chateada já andava eu há uns poucos dias e continuava viva.

Explicaram que demónio é que andavam à procura, o demónio da raiva, mas que ele já tinha fugido deles montes de vezes, também disseram que ele era muito poderoso e perigoso, já pode ter criado várias guerras. Ele encontra uma pequena frecha numa pessoa chateada e infiltra muito ódio e raiva nessa pessoa, fazendo com que se torne impossível e com que ataque e se chateei com outras pessoas e depois está lá na altura das zangas para recolher energias negativas. “Uma pequena frecha… faz de mim um óptimo alvo neste momento”, pensei. Ele morre com qualquer coisa, um tiro, garganta cortada… o problema é que ninguém se chega ao pé dele sem ser infectado.

Bryan estava agarrado ao portátil a ver se conseguia mais alguma informação, eu pus-me a ler um livro enquanto Jason limpava as armas.

- Achei uma coisa. – Disse Bryan. – É um anúncio sobre um desentendido num café aqui perto, vamos lá?

- Vamos. – Disse eu, prontamente.

- É melhor tu ficares Mel… este é bem poderoso e tu não te sabes defender dos encantamentos deles. – Disse Jason, dirigindo-se à porta.

- E vocês sabem?!

- Mel, não discutas… e desculpa, mas isto é para o teu bem.

Vi-o a agarrar na chave do quarto e a levá-la, corri até à porta mas não fui rápida o suficiente e ele fechou-a, trancando-a. Bati e empurrei a porta durante bastante tempo mas sabia perfeitamente, tal como ele, que não conseguia arrombar a porta. Como o quarto não tinha janelas, não tinha escolha senão ficar ali.

- Eu vou só ficar aqui. – Resmunguei, para o ar. – Sem fazer nada… eu juro que neste momento não precisava de nenhum demónio da raiva para me ir a eles.

Estava farta de não fazer nada, as coisas iam ter que mudar, eles iam ter que mudar. Fui até ao computador e pesquisei sobre o demónio, mas como Jason e Bryan me tinham dito, não havia muita informação, fui ver nos livros mas também não ajudava em nada. Deitei-me na cama e acabei por adormecer.

Quando acordei eles já lá estavam, mas pelas caras, o demónio tinha voltado a fugir.

- Então, não o apanharam? – Perguntei.

- Não. – Respondeu Bryan, bruscamente.

- Tem lá calma. – Disse eu. – Ele fugiu ou vocês nem o chegaram a encontrar?

- O que é que te parece?! – Perguntou Jason, chateado.

- Já estou a ver que estão irritadiços… e eu não estou com pachorra nenhuma para vos aturar com esse humor de cão. – Disse eu, entrando na casa de banho.

Vesti o meu biquíni rosa e preto e calcei umas chinelas prateadas, de enfiar o dedo, vesti uma saia rosa, curtinha e pus os óculos de sol na cabeça, agarrei numa mala com as coisas para a piscina e saí do quarto sem lhes dizer nada.

Fui até à piscina do hotel, estava vazia. Estendi a minha toalha branca e lilás numa espreguiçadeira e pousei a minha mala prateada em cima. Tirei a saia. Sentei-me numa pontinha da espreguiçadeira e pus o protector solar.

Entrei na piscina e comecei a nadar de um lado para o outro, passado um bocado comecei a boiar, a olhar para o céu. Lembrei-me de quando conheci Jason e Bryan e sorri.

 

Ano de 2004

 

Jason e Bryan salvaram-me do meu ex-namorado louco e depois acompanharam-me a casa, e, pela primeira vez desde há muito tempo não me senti com necessidade de fingir sorrisos ou de me fazer passar por outra pessoa. Era fácil ser eu quando estava com eles, e isso fazia-me sentir bem, fazia-me sentir… livre.

Tínhamos acabado de chegar ao meu bairro e eles estavam perplexos com as enormes mansões que lá havia, e especialmente com a minha. Até disseram que davam uma orelha para lá entrar, mas eu disse que não valia a pena, eu punha-os lá dentro um dia e eles podiam ficar com as orelhas.

- Mel… posso chamar-te Mel, certo? – Perguntou Jason.

- Sim, claro.

- Se esta é a tua casa porque é que estamos a ir pela parte de trás?

- Pois… isso é porque eu estou na cama a dormir.

- Então as meninas ricas também fogem de casa? – Perguntou Bryan no gozo.

- Mais vezes do que tu pensas. – Respondi eu.

- Então e por onde é que vais entrar? – Perguntou Jason.

- Pela varanda do meu quarto, é fácil. – Respondi.

- Vais trepar uma árvore?!

- Eu sou rica, mas não tenho medo de partir uma unha. – Disse eu, começando a subir a árvore.

Eles esperaram até que eu estivesse na varanda para se irem embora.

- Rapazes! – Gritei. Eles viraram-se. – Querem aparecer na praia amanhã de manhã? Vão-me salvar do grupo fútil e mimado…

- Porque não?! – Respondeu Bryan.

Na manhã seguinte estava a apanhar uma seca do pior a ouvir Maddison e mais umas quantas “amigas” minhas a falar de roupas e unhas e mais roupas e sapatos e mais roupas, quando os vi, a chegarem e a sentarem-se talvez a uns vinte metros.

- Melanie, estás a ouvir? Não vens? – Perguntou Maddison.

- Não vou aonde?

- Ao centro comercial.

- Maddison, nós fomos lá ontem.

- Sim, mas vamos hoje também, vá lá, despacha-te.

- Não… eu passo. – Disse, levantando-me e agarrando nas minhas coisas.

Aproximei-me de Jason e Bryan, pousei as minhas coisas e sentei-me.

- Importam-se? – Perguntei.

- Claro que não, viemos-te salvar, lembras-te? – Perguntou Jason. – Onde é que elas vão?

- Ao centro comercial.

- E tu não queres ir? – Perguntou Bryan a estranhar.

- Já fui ontem… não querem ir dar um mergulho?

- Já? Eu pensava que preferias apanhar sol… a maioria das raparigas querem ficar morenas… - Disse Jason.

- Sim… por isso é que estou ao pé de dois rapazes. Olhem, eu vou dar um mergulho.

A minha amizade com eles descolou a partir desse momento e aprendi a dizer «não» às coisas que não queria e comecei a lutar pelas que queria, era como se eles me dessem força, como se nada me pudesse magoar enquanto eles estivessem comigo.

A minha mãe detestava-os, mas o pai deles detestava-me a mim, especialmente depois de eu começar a namorar com Jason. Era o mais antipático possível quando estava em casa, mas como isso era raro, eu não ligava muito. A minha mãe é que quase os expulsava lá de casa, arranjei várias discussões com ela por causa da maneira como os tratava.

O que ela não percebia era que com eles eu sentia-me… feliz.

 

Ano de 2010 (Presente)

 

- Feliz… - Murmurei.

O que é que aconteceu àqueles tempos em que tudo era mais fácil e o mundo não estava de pernas para o ar? Como é que eles podem ter mudado tanto? E eu, será que mudei tanto como eles?

Comecei a nadar por baixo de água, mas estas memórias de que em tempos fui muito feliz com eles não me abandonavam, então lembrei-me de como eles estavam irritadiços agora ao princípio da tarde, parecia que queriam bater em alguém. Tirei a cabeça debaixo de água e comecei de novo a boiar, de repente veio-me uma coisa à cabeça de que ainda não me tinha lembrado… e se eles quisessem mesmo bater em alguém? E se tivessem encontrado e demónio e agora estivessem contagiados?

Nadei até à margem e saí da piscina, limpei a água com a toalha e escorri o cabelo, vesti a saia e calcei as chinelas, agarrei na mala e comecei a correr como uma maluca em direcção ao quarto. Quando abri a porta vi Jason numa ponta, com uma arma na mão e Bryan escondido atrás de um sofá, as caras deles estavam diferentes, estavam… impiedosas. Encostado a uma parede estava um homem, não muito musculado, com caracóis loiros e barba por fazer, tinha uma camisa verde clara e umas calças brancas, com uns ténis brancos. Ele permanecia quieto.

Mandei as coisas para o chão e comecei a aproximar-me de Jason e o homem que estava encostado à parede começou a falar.

- Ataca Jason, tu sabes que queres… olha para ela, tem uma vida tão fácil, sempre com os outros a protegerem-na, não achas injusto?! Tu consegues, mata-a. Ataca Jason, ataca-a. – Mandava ele, com uma voz muito rouca.

Jason estava com cara de psicopata e estava com uma vontade enorme premir o gatilho. Quando apontou a arma para mim eu baixei-me e comecei a gatinhar depressa para trás do outro divã. Bryan estava agora ao meu lado, atrás do outro divã e começou a mandar-me bocados de madeira bem afiados.

- Ei, pára com isso! – Disse eu.

Estavam os dois completamente loucos.

- Isto assim não tem graça. – Disse o demónio, chegando-se ao pé de mim. – Eu sinto que também estás bem zangada… vamos apimentar as coisas. – Disse ele, agarrando-me e cuspindo-me para a cara.

Dei-lhe um pontapé para me largar.

- Ehuhh, que nojo! – Queixei-me eu, limpando com a toalha que tinha levado para a piscina, que estava no chão ao meu lado. – Para que é que foi isso?!

Ele ficou muito surpreendido a olhar para mim.

- Estás a resistir… ataca. – Ordenou.

Eu baixei-me e agarrei no punhal de prata, espetei-o nas roupas dele e na parede, de forma a que ele não pudesse sair dali.

- O que é que achas que eu sou, um cão?! – Perguntei, baixando-me de novo para me esconder atrás do divã.

Jason estava-se a aproximar e estava aos tiros a todo o lado, eu não tinha nada para matar o demónio. Jason apareceu do lado de Bryan e deu-lhe um tiro, no ombro. Eu gritei e levantei-me, corri até à outra ponta do quarto.

- Jason, pára com isso! Este não és tu, por favor pára. – Pedia eu.

Ele vinha agora para mim, ainda com a pistola empunhada.

- Jason, eu sei que estás chateado, eu também estou, mas não é assim que vamos resolver as coisas…

- Oh cala-te com isso. – Disse o demónio. – Se não o matares ele mata-te.

Jason veio direito a mim e eu dei-lhe um pontapé na mão, atrapalhada, fazendo com que a pistola deslizasse pelo chão, ele mandou-se para mim e começou a atacar-me, eu tentava esquivar-me em vez de atacar.

- Jason por favor, eu não quero lutar contigo. – Disse eu.

Ele agarrou-me e começou-me a apertar, já estava quase a ficar sem ar.

- Tudo bem, se é assim que queres. – Acabei por dizer.

Dei-lhe um pontapé nas canelas e ele largou-me, dei-lhe um murro e ele deu um passo atrás, ele afastou-se e depois vinha a correr direito a mim, desviei-me e fiz-lhe uma rasteira, ele caiu e eu corri até à arma, apanhei-a e mandei um tiro mesmo no meio da testa do demónio.

Os olhos de Jason brilharam e depois a cara dele voltou ao normal. Fui ter com ele, ainda na defensiva. Estendi-lhe a mão para o ajudar a levantar-se.

- Já és tu? – Perguntei, com a mão estendida. Ele deu-me a mão e levantou-se.

- O Bryan? – Perguntou ele.

A minha cara tornou-se séria, o Bryan, nunca mais me tinha lembrado dele, corri até o divã e Bryan estava no chão, a rir-se.

- Qual é a piada?! – Perguntei.

- Tu deste cabo do Jason. – Dizia ele, a gozar.

Ajudámo-lo a levantar-se e depois retirei-lhe a bala. O ambiente estava de cortar à faca, Jason mal olhava para Bryan, estava-se a sentir culpado e Bryan estava também de olhos pregados no chão. Passado um pouco de estarmos em silêncio eu resolvi que estava na hora de resolver as coisas.

- Ok, nós temos que falar. – Disse eu.

- Falar do quê? – Perguntou Jason.

- De tudo. Nós temos problemas e se não os resolvermos vão-se acumular com outros e depois com outros e no fim acabamos por viver no meio deles.

- Eu não tenho problemas. – Disse Bryan.

- Tens, tens tu, tenho eu e tem ele, por isso vamos começar, quem quer ser primeiro? – Ninguém se ofereceu. – Tudo bem, eu começo. Eu detesto quando vocês me tratam como uma criança.

- Mel, ninguém te trata como uma criança. – Disse Jason.

- Tratam sim, ainda há bocado me trancaste no quarto Jason. Eu estou inclinada a ir-me embora outra vez… eu pensava que vocês iam mudar, que iam aceitar que eu estou nisto para valer e que não vou desistir. Eu pensava que ia ter os meus amigos de volta, mas afinal estava enganada, porque apesar de continuar a ir atrás de vocês para que não morram, já não é com tanta garra como ia atrás do Bryan e do Jason de há cinco anos…

- Mel… - Disse Bryan.

- Vocês tornaram-se impossíveis, autoritários, mandões… insensíveis… e eu sinto que não vos conheço de lado nenhum porque os rapazes que eu conheci não fariam metade das coisas que vocês fazem…

- É mesmo isso que sentes? – Perguntou Jason.

- É… e o pior é que continuo a acreditar que um dia vou acordar e vou ter à frente os rapazes mais simpáticos e divertidos que alguma vez conheci… mas mesmo que isso não aconteça, eu já não tenho forças para me ir embora porque… apesar de detestar no que se estão a tornar, continuo a adorar-vos como adorava há cinco anos. E é isso, estes são os meus problemas.

- Desculpa. – Disse Bryan. – Nós vamos melhorar, prometo.

- Eu estou cá para ver. Agora… quem é a seguir? – Perguntei.

- Isto é tipo terapia? – Perguntou Jason.

- É o que quiseres que seja. – Respondi.

- Ok… eu estou farto desta vida e chateio-me ao ver como o Bryan segue o caminho mais fácil acerca do sangue, chateia-me que ele tenha fugido e que agora esteja a pensar no mesmo… porque sei que ele consegue superar estas coisas se tentar. E chateio-me ao perceber que tens razão Mel, chateio-me ao saber que já não sou aquele rapaz divertido e inocente que era naquela altura, porque apesar de já caçar demónios, sabia separar as coisas… e agora isto tomou conta da minha vida.

- Minha vez? – Perguntou Bryan, ao que eu acenei afirmativamente. – Eu não gosto de me estar sempre a esforçar para me manter afastado do sangue de vampiro nem que o Jason esteja sempre a pensar que quando vir um, lhe vou beber o sangue, porque estou mesmo a tentar ao máximo que isso não aconteça…

- Ninguém duvida de ti… não assim. – Respondi eu. – Nós vamos apoiar-te sempre, pelo menos eu vou apoiar-vos aos dois, sempre… e além disso, isso do sangue de vampiro é parte de quem tu és, tal como os sonhos são parte de quem eu sou e as piadas costumavam ser parte de quem o Jason era.

Riram-se e eu não me consegui controlar, desatando-me a rir também.

Continuámos com esta conversa durante mais um tempo e acabámos por resolver os problemas que tínhamos.

No dia a seguir o ambiente estava bem mais leve, era como se nos tivessem tirado pesos de cima, eles começaram a ser um bocadinho mais descontraídos e a deixarem-me participar nas coisas, e eu mantive a minha palavra em como os ia apoiar, mas eles também mantiveram as deles em como se iam tornar menos carrancudos. Agora é ver até quando é que isto dura… mas tenho um pressentimento que vai durar por muito tempo.

Fomos até casa do Phil, que ficou muito surpreso com o facto de estarmos todos a dar-nos às mil maravilhas. Vicky e Gabriel também lá estavam. Sentámo-nos no sofá e começámos a falar sobre o demónio.

- Bem, e quando ele me cuspiu para a cara… - Disse eu. – Que grande nojo!

Vicky e Gabriel trocaram um olhar bastante suspeito.

- O que é que foi isso? – Perguntei. – Eu vi esse olhar…

- É que… é assim que o demónio infecta as pessoas… com a saliva… - Respondeu Vicky.

- Faz-nos perguntar como é que não foste infectada… - Continuou Gabriel.

- Mas não é a primeira vez que ela resiste a coisas destas. – Disse Phil. – Quando combatemos o demónio do sono ela também não foi afectada pelos poderes dele.

- Porque será? – Perguntou Bryan.

- Não faço ideia… - Respondi. – O que é que se passa comigo?!

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