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DDO: Primeira Chamada

por Andrusca ღ, em 13.02.13

Capítulo 1

A Convocação * Parte 2

 

- Claro! – Helen respondeu, interrompendo a amiga, e empurrou-a, obrigando a levantar-se – Ela depois vai ter à aula, não é Chelsea?

- Sim… - murmurou a rapariga, ainda sem perceber muito bem o que se estava a passar.

Chelsea agarrou na sua mala e seguiu o misterioso rapaz, perante o olhar escandalizado e invejoso de várias raparigas.

- Ele é horrível – queixou-se Tony, recebendo logo um olhar reprovador de Helen.

Chelsea e Will caminharam pouco, e pararam à sombra de um carvalho, por cima da relva. Will observava-a ao pormenor, sem se importar minimamente se a punha desconfortável ou se seria má educação, enquanto que Chelsea se sentia a corar cada vez mais. Will era bonito, e queria falar com ela. E na sua mente isso não fazia sentido, pois Will podia falar com qualquer outra rapariga muito melhor que ela. Não que ela fosse feia, nada disso. Apenas não se achava com um valor superior.

- Will… - murmurou ela, interrompendo os pensamentos do rapaz – o que é que querias falar comigo?

- Bem, eu… - Will respirou fundo e passou com os seus dedos pela franja loira, que lhe caia sobre os olhos – Esse pingente – ambos dirigiram o olhar ao pingente que ainda se encontrava na mão de Chelsea, e esta apertou-o mais –, sabes o que é?

- Um colar? – Agora é que nada fazia sentido. “Então ele chamou-me à parte para me falar do colar? É maluco”, pensou a rapariga.

- Mas não é um colar normal – apressou-se o rapaz a explicar – É mágico.

Chelsea ainda tentou, tentou mesmo, mas não conseguiu evitar. Riu-se, perante o olhar incrédulo de Will.

- Will… não acredito em magia – disse ela, depois de a gargalhada acabar.

- É um pingente que retém uma magia bastante forte, bastante antiga. Foi criado pelos Deuses para ajudar a proteger a Terra contra a Escuridão.

- O quê? – Chelsea não podia acreditar no que ouvia – És maluco.

Ia-se afastar, mas o rapaz agarrou-lhe com força no pulso e forçou-a a ficar.

- Ouve-me! – Exigiu, sem a largar – A pessoa que o encontrou transforma-se na próxima Guerreira Defensora contra o Oculto, não percebes? Isto não é uma brincadeira, é sério Chelsea! Tu és…

- Uma Guerreira do Oculto? – Perguntou a rapariga, já a ficar chateada. Largou-se da mão de Will com força e olhou-o já sem paciência – Ouve, Will, mesmo que essa tua história fosse verdade, nunca seria eu. Mesmo que houvesse Deuses, e pingentes mágicos, e Guerreiras, nunca seria eu! Percebes? Nunca!

- Mas tu encontraste-o, não encontraste? – Perguntou o rapaz, dando um passo na sua direcção. Passo esse que ela deu automaticamente para trás.

- Mesmo que fosse verdade, então eu apenas o apanharia por coincidência. Podia estar à espera de outra pessoa. Alguém que fizesse a curva depois de mim. Mas não é verdade.

O intervalo acabou e a campainha voltou a soar para indicar que as aulas iam começar, e aos poucos o pátio foi ficando vazio.

De novo, a rapariga ia virar costas, mas Will impediu-a novamente.

- Chelsea – chamou, agarrando-lhe com força no braço.

- Larga-me! – Gritou-lhe a rapariga, empurrando-o com força com as duas mãos. O pingente bem agarrado numa das mãos da rapariga emitiu uma pequena luz roxa, e Will foi mandado contra o gradeamento da escola, perante o olhar incrédulo de Chelsea. Isso assustou-a tremendamente, e começou a tremer da cabeça aos pés – Fica com ele! – Gritou-lhe, mandando o colar com o pingente para os seus pés, para desatar a correr logo em seguida.

Will agarrou no colar e suspirou. A sua missão acabara de se tornar muito mais difícil. Ele sabia que Chelsea não iria abraçar o seu verdadeiro ser, a sua verdadeira missão, tão facilmente.

Chelsea correu até ao balneário, e quando lá chegou as suas colegas já estavam despachadas e a dirigirem-se ao campo de jogos. Chelsea trocou de roupa e vestiu uns calções do fato de treino, curtos, e um top, e guardou o resto das suas coisas num dos cacifos vagos. Apressou-se a chegar ao pé do resto da turma, no campo de jogos onde seria a aula de Educação Física, e quando lá chegou o professor estava a explicar o que iriam fazer.

O aquecimento foi a primeira coisa a ser feita, e depois os alunos foram divididos em dois grupos, um iria jogar voleibol, e outro basquetebol. Chelsea e Tony ficaram os dois juntos, em voleibol.

Fizeram-se as equipas e os jogos começaram.

Chelsea nunca foi boa a desporto, “não me está no sangue”, costuma dizer ela. Ficou numa das laterais, e de todas as vezes que a bola se dirigiu a ela, falhou sempre. E o mesmo acontecia em outras posições.

A meio da aula trocaram-se as posições, e Chelsea foi jogar basquetebol.

- Cuidado! – Gritou Tony, mas já demasiado tarde. Chelsea não tinha reparado e tinha levado com a bola na cabeça, encontrando-se agora no chão de joelhos – Estás bem?

- N… não – queixou-se a rapariga, levando a mão à cabeça. Não sangrava, mas doía-lhe bastante.

Tony foi com ela à enfermaria, e a enfermeira não ficou surpreendida de a ver. Ela era quase parte da mobília, de tantas vezes que se aleijava em Educação Física por ser desastrada. Disse-lhe que estava tudo bem, e que não fizesse mais nada na aula, e que descansasse.

Apenas quando regressaram e Chelsea se foi sentar, é que reparou que por de trás de uma árvore era observada. Will estava lá desde que ela lhe fugira, e não lhe tirara a vista de cima. Chelsea gelou, e desviou logo o olhar. Will podia ser muito bonito, mas assustava-a bastante.

- Talvez tenha razão… - murmurou o rapaz, enquanto a observava ao longe – talvez não seja ela a Guerreira que procuro.

A Guerreira é uma pessoa forte, corajosa, e bastante boa a qualquer coisa. E no pouco tempo que passou com Chelsea, Will conseguiu perceber que ela não possui nenhuma dessas qualidades. Para ele era mais fácil admitir que talvez estivesse errado, do que tentar treinar uma rapariga como ela para lutar contra o mal.

Depois da aula era a hora de almoço, e Chelsea decidiu ir comer a casa, até porque queria tomar um bom banho. Vestiu a sua roupa normal e apressou-se a seguir caminho para casa, ainda que não corresse. Passou o tempo a olhar para trás, com receio que Will a seguisse. Coisa que ele fez, ainda que ela não o conseguisse ver.

De tanto olhar para trás e não prestar atenção ao que se estendia à sua frente, Chelsea acabou por embater num rapaz que também ia distraído, e assim que viu quem era, quase que lhe saltavam faíscas.

- Devias ver por onde andas Cabeça de Fósforo – refilou Jensen Mills.

- Cala-te estúpido – Chelsea contornou-o e continuou a andar, enquanto lhe chamava mil e um nomes, mentalmente.

Jensen Mills, um belo rapaz de cabelos negros e olhos azuis, é o melhor amigo do irmão de Chelsea, e é dois anos mais velho que ela, está no primeiro ano de Universidade.

A relação de Jensen e Chelsea é… complicada, e por vezes chega a chatear as pessoas que os rodeiam. Jensen goza bastante com ela, mas a maior parte das vezes nem sente o diz, apenas gosta de a ver toda chateada. Acha graça quando ela se mete e resmungar com ele e lhe chama todo o tipo de nomes à face da terra. Já Chelsea só de o ver ao longe fica logo mal-humorada, pois já sabe o que esperar. Ele irrita-a, mesmo que não faça nada intencional para cumprir esse propósito.

- Tem lá calma Cabeça de Fósforo, eu vou contigo – apressou-se ele a dizer, dando duas passadas largas para a apanhar – O teu irmão está à minha espera.

- Não perguntei, não quero saber – respondeu ela, sem paciência.

- Bem, hoje estás com um humor…

- Ai Jensen, o dia já começou mal, não me chateies!

- Deixa-me adivinhar… chegaste atrasada, outra vez.

- Olha tu… - Chelsea respirou fundo para não desatar a disparatar, e tirou as chaves da mala para logo em seguida abrir a porta.

Jensen observou-a bem antes de passar, e respirou fundo.

- Hoje nem me respondes, deves estar mesmo mal – murmurou ele, ao que Chelsea fingiu nem sequer ouvir.

Não estava ninguém no rés-do-chão, por isso Chelsea e Jensen subiram as escadas em direcção ao quarto de Richard, o irmão da rapariga dos caracóis ruivos.

Chelsea bateu à porta e abriu-a logo em seguida.

- Tens um chato para te ver… - ela ia começar a resmungar, mas parou ao ver uma figura de um Deus sentado na cama do irmão. PJ olhava para a porta e sorria a Chelsea, que depois do choque inicial, também lhe devolveu o sorriso.

- Tudo bem Chelsea? – Perguntou PJ, levantando-se para a cumprimentar com dois beijinhos.

- Tudo – respondeu ela, com o coração a disparar a mil à hora.

Peter Jones, PJ para os amigos, é dono de uns belos caracóis castanhos e uma figura bastante irresistível. Tem um daqueles sorrisos capazes de pôr qualquer pessoa inconsciente, e é o outro melhor amigo do irmão de Chelsea. Chelsea sempre teve um fraquinho por PJ, ainda que faça os possíveis para que ninguém descubra.

- O que querias Chels? – Perguntou Richard, voltando-se para a porta.

- Hum… o Jensen – murmurou-lhe a irmã, apontando para o rapaz que tinha acabado de forçar o seu caminho para dentro do quarto, entre PJ e Chelsea. – Eu vou… fazer alguma coisa.

- Podias fazer o almoço – opinou Jensen, já quando Chelsea estava prestes a fechar a porta.

- O que é que sou? Tua criada? – Os três rapazes ouviram-na a resmungar, e riram-se os três. Jensen foi alvo de um olhar de PJ, que por acaso gostava bastante de Chelsea, e não gostava muito que o amigo se metesse tanto com ela.


O que acharam? Será que vem daí coisa boa?

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