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DDO: Primeira Chamada

por Andrusca ღ, em 18.02.13

Gente, gosto muito de vocês, mas não é possível ter tido 31 votos "sim" quando perguntei se queriam que pusesse esta história, e agora só ter 4 comentários por capítulo. Toca a comentar meus preguiçosos adoráveis!

 

Capítulo 2

Transformação * Parte 3


- Mas… - Chelsea não conseguiu acabar a frase, pois atrás de Will viu aparecer a coisa, o ser, o Procurador. Num reflexo rápido, Chelsea agarrou na mão de Will e puxou-o, dirigindo-os aos dois até às escadas de novo. As portas estavam agora todas fechadas, e assim que o Procurador ficou nos seus campos de vista, o único caminho era voltar a subir.

- Usa-o! – Pediu Will, enquanto subiam as escadas com rapidez – Usa o pingente!

- Não o sei usar! – Repetia Chelsea em pânico, várias vezes – Não sei como usar este estúpido pingente!

“Desejava nunca o ter encontrado”, pensou ela, quando viu novamente os corpos dos colegas imobilizados no chão.

- Tens que querer! – Gritou-lhe Will, sendo logo em seguida mandado contra a parede por uma força invisível. Chelsea gritou pelo seu nome, e depois viu o Procurador a aparecer lentamente à sua frente. Pôde jurar que ouviu o som de uma pequena gargalhada rouca.

Levou a mão ao colar, primeiro passou-lhe o pensamento pela mente de simplesmente o entregar e acabar com tudo isto, mas depois apertou mais o pingente e sentiu que não o poderia fazer. Que não era certo. Por um breve momento, acreditou mesmo que Will poderia ter razão. Por uma fracção de segundo, acreditou em tudo o que lhe contara, e apenas por esse tempo, desejou poder usar o pingente e acabar ela própria com tudo. E esse tempo quase imperceptível bastou. Sentiu o pequeno pingente a aquecer levemente e uma grande luz roxa explodiu dele, fazendo com que o demónio Procurador tivesse que se afastar. Chelsea não acreditava no que os seus olhos viam. Começando no pingente e espalhando-se por todo o seu corpo, a luz roxa começou a transformar as suas roupas, e ela pôde ver cada pormenor. Pôde ver a sua t-shirt e calças de ganga serem substituídas por uns calções curtos e uma túnica que descia até um pouco mais abaixo que eles e tinha uma racha muito longa do lado direito. A vestimenta era num tom de roxo escuro. Conseguiu ainda ver a luz percorrer-lhe as pernas, transformando os seus tão familiares All-Star numas botas de cano curto e salto raso, pretas, e percorrer também os seus braços, retirando as pulseiras e o anel que tinha posto. Sentiu uma pequena pressão em redor dos seus olhos, e por isso levou lá a mão. Uma máscara preta tapava-lhe apenas a parte dos olhos, para que não fosse reconhecida. Os seus cabelos ruivos caiam-lhe agora sobre as costas mais lisos do que alguma vez estiveram, sem qualquer índice de que normalmente o seu cabelo é naturalmente encaracolado. Apesar do processo de transformação ter ocorrido em menos de dois segundos, para Chelsea pareceu que era uma eternidade. Uma eternidade em que se sentia forte e quente. Bem. A única coisa que permaneceu intacta foi o colar, que após a transformação, parou de irradiar aquele brilho cegante.

Agora não havia maneira de o negar. Ela era a Guerreira Defensora contra o Oculto, e não podia fugir disso.

Quando toda a magia acabou, Chelsea deu por si a observar o Procurador, à sua frente. Continuava com medo. Pensou que talvez com a transformação lhe fosse transmitida coragem, ou força, mas continuava ela. A mesma velha Chelsea, medricas e desengonçada. Chelsea deu meia dúzia de passos para trás, a tremelicar por todos os lados.

- Agora não escapas – foi a primeira vez que ouviu a coisa a falar. Era uma voz ríspida, puramente má. Não a fez sentir-se bem, pelo contrário. Acabou por ficar encostada à parede. Pela segunda vez em pouco tempo, não havia saída. O problema é que desta vez ninguém a iria salvar, Will estava desmaiado ao seu lado. Ela olhou para o rapaz e respirou fundo. Ele tinha desmaiado sem sequer lhe dar uma pista de como poderia combater com aquele demónio. Não lhe dissera como o enfrentar. “Não são inteligentes. São pura força bruta”, dissera ele. Apesar de muitos não a levarem a sério, Chelsea era inteligente. Era preguiçosa para pensar, mas era muito inteligente.

Quando o demónio se mandou a ela, baixou-se e desatou a correr pelas escadas abaixo, passando mesmo ao lado da sua melhor amiga. “Eu vou resolver isto Helen, eu vou conseguir”, prometeu.

Quando desceu as escadas todos voltou-se rapidamente para trás, à espera que o demónio aparecesse. Desejava não ter que lutar, nunca na vida tinha dado um murro a alguém. O Procurador apareceu de repente por trás dela e mandou-lhe com o braço, fazendo-a cair para trás e deslizar um pouco, tal tinha sido a força.

Chelsea estava no chão, a olhar desesperadamente para a figura que se encontrava ao pé de si, e não conseguia pensar em mais nada do que na morte e como era demasiado nova para morrer já. Sentiu um calor percorrer-lhe o corpo e já conhecia aquela sensação. Sentia-a cada vez que tocava no pingente, sentiu-a quando se transformou. E soube o que fazer. Ou pelo menos rezou para que soubesse. Retirou o colar, puxando-o com a maior das facilidades, e mandou-o ao demónio. O pingente emitiu a sua já familiar luz, que não fez qualquer impressão a Chelsea, e o demónio aos poucos foi como se estivesse a desintegrar-se, até que explodiu em mil pedacinhos que desapareceram no ar, ao mesmo tempo que todas as portas da escola eram abertas. Chelsea ficou estática, sentada no chão, ainda a reviver todo o espectáculo que acabara de acontecer. Quando sentiu que se podia levantar e não cairia para o chão, agarrou no colar e voltou a pô-lo à volta do pescoço, seguindo em seguida para o primeiro andar. Passou por toda a gente e parou ao lado de Helen, acariciando-lhe a face.

- Consegui Helen – murmurou ela. Ouviu um gemido atrás de si, o que a assustou e a fez levantar-se de repente.

Os alunos estavam a acordar. Will foi o que mais depressa recuperou as forças, e rapidamente se chegou ao pé de Chelsea, que os observava de ao pé das escadas.

- Tens que ir – avisou – Tens que ir, não podem descobrir quem és.

A rapariga, ainda com o aspecto de Defensora do Oculto, começou a descer as escadas com pressa, mas parou quando ouviu uma voz.

- Quem és? – Perguntava uma rapariga, que agora já se aguentava de pé. Chelsea voltou-se para o grupo de alunos, e sorriu.

- A Defensora do Oculto – respondeu, antes de desaparecer a correr.

Não sabe como foi, mas enquanto estava a correr pelos corredores em direcção à saída, as suas roupas e cabelo regressaram ao normal. Era como se nada tivesse acontecido.

Chelsea chegou a casa esgotada, e para surpresa de todos, não quis jantar. Tomou um duche rápido e não se importou em ir para a cama cedo. De novo, sonhou com aquela guerreira que lutava com criaturas doutro mundo. Uma bela guerreira que usava umas vestes roxas e pretas. A diferença entre este sonho e todos os outros é que neste, Chelsea já sabia que rosto havia de pôr à heroína.


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