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Espinhos de Rosas

por Andrusca ღ, em 15.09.10

Então e as aulinhas, que tal? Até agora as minhas foram só apresentações, e digo já que o Alemão (que vou iniciar este ano) mais parece Chinês xD

O horário é uma porcaria, e a turma vamos ver...

Espero que gostem do novo ano lectivo, e que corra tudo bem ;)

 

E agora o capítulo de hoje... espero que gostem

Beijinhos

 

Capítulo 8

Choque

 

Acordei com bip irritante do despertador. Vesti umas calças de ganga, uma blusa roxa e os ténis pretos. Fui buscar uma pulseira à mesa-de-cabeceira e deparei-me com a rosa deixada durante a noite. Agarrei nela e cheirei-a, cheirava tão bem… mas então caí na realidade e lembrei-me de quem ma tinha dado, pior, do que ma tinha dado. Aproximei-me da secretária e pu-la no caixote de lixo que estava debaixo dela. Depois de me pentear fui acordar Abby e Dylan.

- Então, não me chegaste a dizer como tinha sido a festa – disse Dylan, enquanto estávamos a tomar o pequeno-almoço. Será que o meu irmão está mesmo a tentar ter uma conversa civilizada?

- Foi gira, eu também não fiquei até muito tarde – respondi-lhe – O que é que estavas a fazer acordado àquelas horas?

- Tive sede.

- Hum, então e tu Abby, dormiste bem depois do pesadelo? – Perguntei.

- Sim.

Quando abri a porta reparei que o tempo hoje já estava mais frio, muito mais. Agora já parecia que estávamos em Janeiro.

Ia ter Educação Física, por isso, assim que cheguei à escola fui para o balneário. Vesti o equipamento e fiquei a ouvir música até tocar. Assim que as minhas colegas entraram, fechei o cacifo e fui para o ginásio.

Comecei a correr à volta, para aquecer. Não sei porquê, mas apesar de ter sido uma noite quase para esquecer, sentia-me cheia de energia.

Ouvi aplausos, por isso parei de correr e dirigi o olhar para onde vinham.

- Bom aquecimento – disse Derek – Mas sabes que quando o professor chegar vais ter que o repetir…

- Eu sei – para ele continuava com uma voz pouco amistosa – Eu trouxe o vestido.

- O quê? – Agora parecia ofendido. E eu senti-me um pouco mal por isso.

Estremeci, eu estou com remorsos por ofender um vampiro? Devo estar a ficar doente ou coisa do género.

- Ouve… - comecei a aproximar-me dele – Não são vestidos que me vão fazer mudar de ideias sobre o que vocês são, ok? E se eu soubesse que era vosso, nem o tinha vestido. Eu não sou alguém que vocês possam comprar. Já disse que ia manter o segredo mas mais que isso não me podem pedir.

- Mas… fica com o vestido. Foi uma prenda, é para ti. Além disso, a Verónica vai ficar pior que estragada por saber que não o quiseste.

- Só… diz-lhe obrigado e que não é por mal, ok? Eu depois mais logo dou-to.

- Então agora falas comigo na escola? – E esboçou um pequeno sorriso – Já me odeias menos?

- Não, eu falo contigo quando não tenho alternativa. Oh, já agora, tu tens mesmo que parar de ir ao meu quarto. Estou a falar a sério.

- Vá lá, pensei que tinhas gostado.

- Pois, mas não gostei.

- Nem da rosa?

- Não. A sério, pára com as visitinhas.

O resto da turma começou a chegar e a sentarem-se no chão à espera do professor, nós fizemos o mesmo.

- Muito bem turma – disse o Sr. Veigues assim que chegou –, hoje vamos para a pista lá de fora. Alguém que traga as coisas que estão nesse saco e sigam-me.

Seguimos o professor e quando chegámos ele mandou-nos dar duas voltas à pista, para aquecermos. Depois fizemos uma roda à sua volta para ouvir a explicação.

- Muito bem, hoje vamos ter que fazer o teste de velocidade – começou. Ninguém ficou feliz com a ideia – Eu sei que não gostam, mas tem que ser feito, por isso vou dividir a turma em duas: metade para o basquetebol e a outra metade faz já o teste e vai para o salto em comprimento. Dividam-se.

Eu fiquei na metade do basquete, juntamente com Gwen, Josh, mais cinco colegas nossos, e Derek… Fizemos jogo 4x4. É escusado dizer que ninguém passou com a bola por Derek, vá-se lá saber porquê…

A mais ou menos metade da aula, o professor disse para trocarmos, e nós dirigimo-nos até à pista para fazermos o teste. Estava combinado que ia correr com Gwen.

- Ok pessoal, vamos a isto – disse o Sr. Veigues a esfregar as mãos – Hoje vamos fazer isto de uma maneira diferente, eu sei que estão habituados a escolher com quem correm, mas hoje vou ser a escolher, quero ver-vos a baterem o vosso melhor.

- Mas… - começou Kevin, um colega nosso, a dizer. Mas o Sr. Veigues mandou-lhe um olhar, que era óbvio que era para ele se calar. Ele obedeceu sem piscar os olhos.

- Kevin, já que queres falar, és o primeiro a correr. Corres com a Kim – e assim foi distribuindo-nos em pares, até só sobrar eu, Yokuta, Lynn e Derek – Lynn, tu ficas com… - “por favor diga “Chloe”, por favor”, pensei - o Yokuta – Raios! – E Chloe, ficas com o Derek, obviamente.

- Perfeito – resmunguei. Ao menos ele não vai usar a “super-velocidade”, ou como quer que seja que se chama. Isto era mesmo necessário? Pôr-me a correr com um vampiro?! Não me parece uma corrida justa.

Derek e eu fomos os últimos, e quando Lynn e Yokuta arrancaram, dirigimo-nos à pista.

- Boa sorte – disse-me, enquanto pousava um joelho no chão.

- Sim, está bem – murmurei – Não te esqueças que tens que correr como um rapaz normal.

- Não te preocupes, é exactamente o que vou fazer.

Vimo-los a chegarem ao fim e eu baixei-me também, na pista ao seu lado.

- Preparados? – Perguntou o Sr. Veigues, ao que ambos afirmámos com a cabeça – Aos seus lugares, preparados, partida! – Apitou o apito que tinha ao peito e nós começámos a correr.

Derek corria a uma velocidade surpreendente, e não estava a usar os poderes. Eu mal o conseguia acompanhar, como é óbvio.

- O que foi isso Chloe?! – Perguntou o professor, quando chegámos outra vez – Tu costumas fazer muito melhor.

- Desculpe, não é o meu dia – desculpei-me.

- Eu posso correr outra vez – prontificou-se Derek. Deixa pensar… se uma pessoa está morta, não se cansa, se não se cansa, pode fazer as coisas repetidamente, o que é que está mal? Ah, se uma pessoa está morta não devia fazer nada!

- Ok – respondi. É óbvio que não tenho fuga.

Voltámos para o princípio da pista e voltámos a posicionar-nos.

- Só… esquece quem eu sou, ok? Ou o que eu sou, se preferires – disse-me Derek – Dá o teu melhor.

- Ok.

Respirei fundo e fiz sinal ao Sr. Veigues para apitar. Quando ele deu a partida, parti a toda a velocidade e por uns segundos, por uns milímetros, estive à frente de Derek, mas claro que ele me apanhou. Acabámos por chegar ao mesmo tempo e eu estava prestes a cair para o lado.

- Bem feito – elogiou Derek.

- Tu é que reduziste a passada – respondi-lhe, enquanto tentava obter ar ao mesmo tempo.

- Não, não reduzi – isto saiu tão sincero, tão honesto, que por muito que quisesse, não conseguia não acreditar.

O resto do dia foi uma chatice, até que finalmente a última aula acabou e dirigi-me ao carro. Abri o porta-bagagens e tirei de lá a caixa com o vestido que Verónica tinha obrigado Derek a comprar-me. Avistei-a ao longe, a dirigir-se para seu carro, um mercedes descapotável preto, e corri até ela. Credo, nesta família só haviam mercedes…

- Verónica! – Gritei, enquanto me aproximava.

- Oh, oi – cumprimentou ela – É bom estares a falar… eu não pensei que…

- Vim devolver-te isto – e passei-lhe a caixa para as mãos – Eu não sei porque o compraste, ou o que planeavas fazer a seguir ao vestido, mas eu não o quero.

- Chloe, às vezes as pessoas não dão coisas a esperar outras em troca.

- Mas…

- Eu sei. Ok? Eu sei. Eu não sou uma pessoa.

- Exacto. Por isso obrigado, mas não.

- É pena, ele ficou-te lindamente – Pois ficou… - Mas não vou insistir. Adeus.

Depois de a ver afastar-se com o carro, fui para o meu e fui buscar Abby. Fomos as duas para casa e ajudei-a nos trabalhos de casa.

Quando Dylan chegou enfiou-se no quarto e não disse uma palavra, nem sequer quis jantar, devia estar de mau-humor.

Assim que caí na cama adormeci. Acordei com o barulho do vento e acendi a luz, eram duas da manhã. Ouvi um ruído do lado de fora da porta e fui espreitar o que era. Quando abri a porta assustei-me com Abby, em pé à sua frente.

- Abby, o que foi? Outro pesadelo?

- Sim, mas… - ela não estava nada com boa cara, estava pálida demais – Eu não me estou a sentir bem…

Aproximei-me dela e pus-lhe a mão na testa.

- Querida, estás a escaldar! – Exclamei, quase em pânico – Vai buscar um casaco, vamos ao hospital.

Vesti umas calças de ganga à pressa, fiquei com a blusa do pijama e vesti um casaco por cima. Bati à porta do quarto de Dylan e vi que ele ainda estava de roda do computador.

- Dylan, nós vamos ao hospital – disse-lhe.

- Ok – respondeu, descontraído, como se fosse o mesmo que dizer que íamos ao cinema.

- Não vais sequer perguntar porquê? – Às vezes gostava que ele se importasse um bocadinho…

- Nop.

- Tanto faz…

Fechei a porta e desci as escadas com Abby. Fomos para o carro e comecei a conduzir para o hospital.

- Além da febre, o que sentes? – Perguntei, preocupada.

- Dói-me a cabeça.

- Ok, mais alguma coisa?

- Não.

Ficámos talvez vinte minutos à espera que o médico nos atendesse. Era um médico já de meia-idade, mas era muito atencioso, e parecia competente. Disse que bastava dar-lhe um xarope que ela ficava bem, que era normal. Desde que fiquei sozinha com os meus irmãos, que cada vez que um deles adoecia me dava uma coisinha má. Ainda bem que não acontece muitas vezes…

Passámos pela farmácia e voltámos para casa, dei-lhe logo o xarope e depois levei-a até ao quarto e aconcheguei-a nos lençóis.

- Queres que fique aqui contigo? – Perguntei-lhe.

- Sim – a voz dela estava frágil, mas acho que também tem a ver com o sono.

Deitei-me ao lado dela e acabei por adormecer. Não dormi nada de especial, passei a noite toda a dormir e a acordar por estar preocupada com ela, por isso, quando acordei às seis e meia, nem me preocupei em voltar a dormir, o despertador ia tocar em meia hora.

- Abby – abanei-a muito lentamente e dei-lhe um beijo na bochecha – Abby, acorda.

- O quê? – Perguntou, rabugenta.

- Como é que te sentes?

- Bem.

Meti-lhe a minha mão na testa e vi que já não estava quente.

- Bem, já não estás quente mas… eu vou ver se a Sra. Jonhson hoje pode ficar contigo.

- Mas eu estou bem.

- Mas é melhor ficares em casa, só para ver se ficas mesmo a cem por cento.

A Sra. Jonhson ficou com a Abby e eu e o Dylan fomos para a escola.

- Porque é que ela pode ficar em casa e eu não? – Resmungou ele, pelo caminho.

- Porque ela passou a noite doente, e tu não.

- Eu também tenho noites em que parece que a minha cabeça vai explodir, e falto à escola? Não.

- Pois, mas no teu caso chama-se ressaca.

As aulas passaram rápido, e por sorte, amanhã era feriado. Quando cheguei, fui directa à casa da Sra. Jonhson para ir buscar Abby. Toquei à campainha e esperei que abrissem a porta.

- Oh, Chloe – disse a Sra. Jonhson ao ver-me –, bem-vinda. Entra, entra.

Entrei e fiquei parada no corredor, quando vi Abby correr até mim. Abraçou-me.

- Como é que estás? – Perguntei-lhe.

- Eu disse-te que estava boa de manhã – disse-me ela, com uma voz de sabe-tudo.

- Tomaste o medicamento?

- Sim, ela tomou tudo – quem me respondeu foi a Sra. Jonhson – E eu tenho uma coisa para ti.

- Para mim?

- Sim, um trabalhinho.

- A sério? Isso é óptimo.

- Mas é amanhã.

- Não faz mal nenhum.

- Uma amiga minha vai dar uma festa, e precisa que lhe limpem a casa porque anda sempre de um lado para o outro. Eu disse-lhe que conhecia alguém ideal e que depois lhe telefonava se a pessoa aceitasse. Ela diz que paga 100 dólares.

- 100 dólares?! – Isso é dinheiro a mais para umas limpezas…

- Sim. Aceitas?

- Claro que aceito.

A Sra. Jonhson deu-me a morada da casa e depois telefonou à amiga.

No dia seguinte, a seguir ao almoço, despachei-me e fui até à casa. Bati à porta e abriram-na num piscar de olhos.

- Tu deves ser a Chloe – disse-me a senhora – Bem-vinda. Eu sou a Gertrude, por favor, entra.

Entrei e fiquei de olhos arregalados ao ver a sala de estar. Não sei se o que me chocou mais foi a quantidade de pó, ou as penas, ou os papéis espalhados pelo chão.

- Eu dar a festa de inauguração amanhã à noite, achas que consegues despachar isto hoje?

- Claro… - eu vou ficar aqui presa o dia todo… ao menos vou ganhar dinheiro.

Ela disse-me o que queria que eu fizesse e depois saiu, deixando-me sozinha. É preciso muita confiança para deixar uma estranha sozinha em casa… enfim.

Primeiro apanhei as penas e meti-as dentro de um saco de plástico, que pus à porta. Em seguida apanhei os papéis, revistas, jornais e publicidade, e pu-los também dentro de um saco de plástico, que pus a um canto.

Vi pedaços de pizza no chão, que já deviam ter meses, já estavam a ficar verdes. Que nojo…

Depois de varrer o chão, limpei o pó até ficar tudo a brilhar e em seguida aspirei e poli o chão. Depois de passar com a escova nos sofás, sentei-me no sofá grande e separei as revistas, os jornais e a publicidade, e pu-los em pilha em cima da mesa pequena, em frente.

Olhei para o grande relógio de cuco, já eram quase quatro horas e ainda só tinha limpo uma divisão.

Passei para os quartos, para o escritório, casa de banho e depois cozinha. Quando acabei tudo, mandei-me para cima do sofá e finalmente respirei fundo. Na cozinha, tinha morto insectos que ainda nem sequer devem ser conhecidos cientificamente.

Voltei a olhar para o relógio, faltava um quarto para as sete. Os meus olhos foram divagando, pelo meu trabalho extremamente bem feito, e pararam na capa do jornal que estava em cima da pilha dos jornais.

«Acidentes brutais e vítimas secas» dizia. Comecei a ler toda a notícia e vi que reportava ataques em que as pessoas ficavam sem uma gota sequer de sangue. Completamente drenadas. Na reportagem estavam a culpar um gang, mas eu sei o que é responsável por isto: vampiros. Fiquei gelada da cabeça aos pés. Eles tinham-me mentido? Porque é que me sinto tão surpresa? Já devia saber. Vampiros são e serão sempre vampiros.

Ouvi a porta da rua a abrir-se e enfiei o jornal na mala, à pressa. Disse à Gertrude que a casa estava pronta, e depois de ela verificar, pagou-me. Quando saí de lá, não fui para casa, fui fazer uma coisa estúpida.

- Acho que ele virou aqui… - murmurei, fazendo uma curva, enquanto conduzia até à casa dos vampiros – Ou foi na outra? Agora já está.

Devo ter andado pelo menos dez minutos sem saber para onde.

- Ok, acho que desisto – reclamei, e então vi uma clareira por onde me lembro nitidamente de ter passado – Ou não.

Continuei a conduzir e metros à frente vi a enorme mansão. Estacionei o carro fora do portão, tirei o jornal, e fui tocar à campainha. O portão abriu-se segundos depois. Entrei e percorri o enorme jardim a pé, chegando depois à pequena escadaria para a porta principal, que se encontrava aberta.

- Entra! Estamos na sala – disse Verónica, com uma voz mais que alegre. Será que ela não sabe o motivo da minha visita? Será que pensa que agora quero ser amiga deles?!

Entrei para a casa e percorri o hall, subi os degraus que davam à sala e olhei para eles, os três, em pé, a olhar para mim. Dirigi-me à mesa grande que se encontrava na sala de jantar, separada da sala de estar por um arco, e eles seguiram-me, observando-me. A minha cara permanecia dura.

Larguei o jornal com força para cima da mesa, com a notícia para cima.

- Vocês disseram que não matavam pessoas. Não sei como, mas eu acreditei. Mas parece que tinha razão, vampiros são mesmo monstros.

Eles ficaram os três a olhar para mim sem reacção, completamente atónicos enquanto liam a notícia.

- Chloe… nós podemos explicar – disse Gary.

- A sério? – Perguntei, sarcástica – Adivinha, não me interessa.

- Então porque é que vieste? – Perguntou Derek.

- Porque vos quero fora daqui – a minha voz estava inquebrável, tal com a cara – Porque as pessoas morrem quando vocês estão próximos.

- Então, basicamente, tu vieste a uma casa de vampiros para nos expulsares da cidade. Vieste sozinha… se nós dissermos que não, o que é que fazes? – Perguntou Verónica, com um tom intimidador.

Engoli em seco. Isso era uma coisa na qual não tinha pensado.

 

 

Será que os Thompson se fartaram de serem acusados de tudo? É esperar para ler...

Espero que tenham gostado ^^

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