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Destino Amaldiçoado

por Andrusca ღ, em 11.02.11

E aqui está o terceiro capítulo ^^

Espero que estejam a gostar e que comentem ^^

 

Capítulo 3

O Encontro Parte II

 

O tempo passou-se, quando dei por mim passava mais tempo na casa dos Connor do que na minha. Eles ensinaram-me muita coisa a respeito da bruxaria e eu fazia de babysitter do Chad e do seu irmão mais novo por duas noites por semana. Luc, o bebé Connor, era tão engraçado como o irmão, apesar de ter apenas um ano de idade já fazia muitas gracinhas. Tinha um sorriso, ainda meio desdentado, que punha todas as pessoas na sala derretidas. Não era loiro como o irmão. Tinha o cabelo castanho, não muito escuro mas também não muito claro, e tinha uns olhos muito expressivos, de cor verde azulada. Estava agora a aprender a dar os primeiros passos sem ter que se agarrar.

Descobri que a Sheilla não era nada como eu tinha pensado. Era amável, preocupava-se com os outros e até era muito simpática.

Os restantes membros da família também eram muito simpáticos. Finalmente conheci o marido de Claire, Rick, que era um pediatra, não tinha qualquer poder mágico mas não se importava de estar casado com uma bruxa. Não era tão musculado como Louis ou Josh, mas tinha também os seus músculos. Era moreno e tinha um sorriso capaz de entrar para um reclame da Trident.

Passaram-se quatro meses e nós, eu, Claire, Sue e Sheilla tornámo-nos inseparáveis.

Era bom ter alguém com quem partilhar um segredo destes.

Combatemos uns quantos mauzões juntas, e graças ao poder de Sue, nunca mais tive feridas que durassem dias. Sheilla podia, só com o olhar, lançar os demónios em fogo mas alguns eram imunes, tal como ao meu poder de imobilização.

Já Claire, ela era uma expert nas artes marciais, de toda a família era a que mais se sentia à vontade nesse campo. Ajudou-me imenso. Também conseguia mover coisas, como eu.

Comecei a frequentar o High Spot todas as noites. Depois de uma caçada aos demónios era onde íamos descontrair, além disso, tinha bebidas à borla. Adorava as bandas que Sheilla escolhia para lá irem, ela tinha um gosto musical muito parecido ao meu. Nas noites de karaoke, após me terem ouvido cantar uma vez, pediam-me sempre para cantar mais. Eu costumava cantar músicas escritas por mim, mas às vezes não podia, pois ou me esquecia da música e me lembrava da letra, ou não me lembrava da letra e levava a música.

Adorava as noites em que cuidava dos pequenos Chad e Luc, eram tão queridos, e surpreendentemente nada chatos. Luc também é meio bruxo e meio Criador, mas os seus poderes ainda não apareceram.

Não estava a fazer nada em casa, por isso decidi ir à casa deles. Quando cheguei recebi uma notícia.

- O Chad e o Luc do futuro vêm-nos visitar! – Disse Sheilla, num tom de euforia contagiante. Porém, a mim não contagiou.

- Como assim? – Perguntei confusa.

- Bem, sabes que podíamos ir ao passado se quiséssemos, certo?

- Sim... – Respondi ainda sem perceber.

- Com eles é o mesmo. Vêm ao passado, ao passado deles, o nosso presente.

- Ahh! – Exclamei, já percebendo melhor. – Então e quando chegam?

- Amanhã à tardinha, vêm para jantar, e depois ficam por um tempo indefinido, vão-nos ajudar a combater o Mestre.

- Bem... boa sorte em recebê-los então...

- Como assim? Tu vais cá estar, quero que venhas jantar, quero que os conheças. Sabes, já não é a primeira vez que vêm.

- Mas... e se eles não gostarem de mim?

- Eu se fosse a ti não me preocupava com isso, os pequenos adoram-te, porque é que os grandes não iriam? Tenho que telefonar ao resto da família para lhes dizer. Eles vão adorar.

O resto tarde foi relativamente calmo, fui caçar um demónio mas não foi complicado, encontrei-o mesmo no sítio que estava à espera, e, como graças a Claire estou muito melhor nas minhas técnicas de combate, foi fácil de matá-lo.

Não dormi muito nessa noite, apesar de não ter tido pesadelos. Estava muito nervosa para o dia seguinte, não sei bem porquê.

Quando acordei tomei um duche e vesti uns calções de ganga com uma blusa de alças e uns ténis e fui para o centro comercial ao ar livre.

Apesar não ser das pessoas que passam a vida nas compras, acho que às vezes não faz mal.

Entrei numas quantas lojas e comprei um vestido lilás perfeito para uma noite arrebatadora no High Spot. Passei ao lado de uma loja para crianças e perdi-me completamente. Era tudo em ponto pequenino. Acabei por comprar uma blusa e um pijama para o Chad, e umas pantufas com um casaco para o Luc. Depois fui a outra loja para crianças. Comprei à volta de cinco brinquedos, desde peluches a robôs de brincar.

Como estava lá para ficar, decidi ver um filme antes do almoço, para descontrair um pouco, pois sabia que ao jantar ia estar numa pilha de nervos. E se eles não gostassem de mim? E se eu fiz alguma coisa que não devia no passado deles? E se... Afastei estes pensamentos, agora tinha que me divertir e esquecer esse assunto.

Decidi-me por um filme cómico, as minhas outras opções eram terror e romances. Apesar de adorar filmes de terror decidi variar. Não tinha cabeça para romances, especialmente desde que fui traída pelo meu mais recente ex-namorado Victor. Namorámos durante dois meses e durante esse tempo tornei-me submissa às vontades dele. Tentava ignorar o meu chamado, o meu destino com ainda mais força que o habitual, deixei de ser...eu.

O filme até foi giro, mas não me distraiu por muito tempo. O casal atrás de mim não parava de fazer barulho e às tantas houve uma criança a chorar.

Quando o filme acabou voltei para os meus pensamentos. Fui procurar um restaurante.

Ouvi gritos vindos de um beco. Olhei e instintivamente desatei a correr ao seu encontro, com os sacos na mão, no meio do centro comercial e com toda a gente a olhar para mim. Quando cheguei estava um homem no chão, parecia chorar, pousei os sacos no chão e aproximei-me... ele virou-se e atacou-me. Abriu a boca como se me quisesse devorar inteira, só de uma vez, mas eu afastei-o. Era uma armadilha. Ele era forte, não tanto como o primeiro que derrotei quando conheci os Connor mas ainda assim difícil de deitar a baixo. Ia-lhe dar um pontapé quando ele me agarrou e me mandou, com a força toda, direita aos sacos das compras que tinha trazido. Estava agora a aproximar-se, enquanto eu estava no chão, a tentar, sem êxito, levantar-me. Ouvi passos a correr para a nossa direcção, olhei para ele.

- Parece que estás com sorte. Voltaremos a ver-nos, Bruxa. – Disse-me, com ar arrogante.

Desapareceu numa questão de semi-segundos, olhei para o lado e lá estava um rapaz. Deu-me a mão e ajudou-me a levantar. Era lindo. Dava para ver os músculos através da sua t-shirt justa. Era um pouco mais alto que eu e não parecia muito mais velho, tinha um cabelo relativamente curto e escadeado, castanho mas não muito escuro nem muito claro, e uns olhos verdes azulados.

- O que se passou? – Perguntou olhando para mim enquanto me ajudava a arrumar as coisas nos sacos.

- Era um ladrão. – Disse eu, não muito convincente. O demónio não parecia fugir de mim mas sim do que estava para vir. Quem seria este belo estranho?

- Ladrão hã? – Disse-me, desconfiado.

Seria um deles? Mas se fosse não fazia sentido ter fugido…

- Sim. – Respondi tentado parecer mais convincente.

- Bem... – Parecia que ia dizer qualquer coisa mas arrependeu-se. – Qual é o teu nome?

- Marie. – Não confiava nele, por isso mais valia prevenir. – E o teu?

- Davies.

Agradeci pela ajuda e ia-me embora. Foi quando ouvi:

- Hei, Marie espera! – Alcançou-me numa questão de segundos – Queres, não sei, já almoçaste? Eu ia agora, se quisesses podíamos ir comer os dois.

Pensei em recusar, não confiava nele, mas qualquer coisa me disse para ir em frente.

- Vamos lá então.

Ficámos num restaurante de onde dava para ver a cidade. Foi uma refeição... agradável. Apesar de não saber de onde ele apareceu, ele era engraçado, divertido, fazia-me rir como não me ria há muito tempo e eu gostava da companhia dele. Sentia-me bem.

- Tu pareces demasiado nova para ter filhos.

- Filhos? – Apontou para o saco cheio de coisas para bebés. – Ah! Não são para mim, são para os filhos de uma amiga minha.

Ele pareceu surpreendido. Continuou.

- Deves gostar muito deles.

- Sim, são os rapazes mais simpáticos que já conheci. – Disse, em tom de brincadeira.

- Então, em que categoria é que eu me encontro? – Perguntou.

Corei. Felizmente não tive tempo para responder, fomos interrompidos.

- Cá estás tu, tenho corrido tudo à tua procura – Disse outro rapaz.

Parecia um pouco mais velho que Davies, era meio aloirado, com olhos azuis. Nunca me olhou directamente.

- Desculpa, distraí-me e depois “esbarrei ” com a Marie. – Disse, apontado para mim. – Este é o meu irmão Michael.

Ele assumiu uma postura mais séria e eles trocaram um olhar um tanto para o estranho.

- Bem, prazer em conhecer-te Marie, até logo... Davies.

Davies acenou positivamente.

- Bem, continuando, tu pareces meio nervosa. Passa-se alguma coisa?

- Bem... eu tenho uma espécie de... – Que palavra se adequava à situação…? – Encontro. E não sei bem se vai correr bem.

- Rapaz importante? – Pareceu um pouco desconfortável.

- Rapazes, amigos. Ou pelo menos espero que venham a ser…

Sorriu. O seu lindo sorriso era-me estranhamente familiar.

- Para dizer a verdade também vou ter uma espécie de encontro desses esta noite, já não vejo a minha mãe há um tempo. Pensei em dar-lhe rosas mas...

- Dá-lhe lírios. – Aconselhei, levando uma garfada à boca. – Todas as mulheres gostam e, como não queres namorar com ela, lírios em vez de rosas são perfeitos. – Disse, depois de engolir, sorrindo.

Íamos a sair quando avistámos uma banca de flores, ele foi comprar os lírios para a mãe e voltou, com uma rosa também na mão.

- Esta é para ti. – Disse, corando.

Fiquei sem palavras. Primeiro salva-me de um demónio, apesar de não saber se ele também é ou não um, e depois vem todo charmoso e dá-me uma rosa.

Limitei-me a agradecer.

Insistiu em levar-me até casa. Fomos num passo um bocado lento. Já estava o sol quase a pôr-se quando chegámos. Ele ficou à porta.

- Posso ver-te outra vez? – Perguntou. – Talvez logo à noite, devo estar num lugar chamado High Spot, não sei se conheces...

- Esta noite não deve dar por causa do tal encontro que te falei, mas que tal amanhã? À noite, no mesmo lugar?

Sorriu, deu-me um beijo na face e foi-se embora.

Fui até ao quarto para ver o que ia vestir para o jantar. Já não estava tão nervosa. Apesar de tudo, o tempo que passei com Davies tinha-me acalmado. Seria horrível se ele fosse um demónio. Mas isso era o problema de amanhã. Deitei-me na cama a pensar quando chegou Sue. Tinha-se teletransportado, eles já estavam quase a chegar lá a casa e eu ainda não estava despachada.

Eu continuava deitada e tinha um sorriso que não consegui disfarçar. Nas mãos tinha a rosa que Davies me tinha dado. Sue notou o meu estado de espírito.

- Passa-se alguma coisa? – Perguntou, curiosa.

- Conheci um rapaz! – Disse, de sorriso de orelha a orelha.

- Um rapaz...

O meu sorriso desvaneceu-se. Os pensamentos negativos sobre ele voltaram.

- Que se passa? – Perguntou-me enquanto se sentava na cama, ao pé de mim.

Sentei-me ao seu lado.

- Ele é divertido, brincalhão, misterioso, lindo de morrer... mas acho que é um demónio.

- Porque é que achas isso?

- Houve um que me atacou. Segundos antes de ele aparecer o demónio fugiu. Eu disse-lhe que era um ladrão mas tenho a certeza que ele não engoliu. Ele estava sempre na defensiva e a fazer-me perguntas pessoais, embora discretamente.

- Mas mesmo assim... tu gostas dele?

- Eu não o conheço. Mas é o tipo de rapaz por quem ficaria agarrada, sem dúvidas.

- Bem, é melhor irmos andando. Eles devem estar quase lá.

Acabei por ficar com a mesma roupa, dando apenas uma penteadela rápida no cabelo. Levei o saco com as prendas para os pequenos. Ainda não tinham chegado. Já estava tudo pronto por isso subi e fui ter com os meninos. Passado um bocado ouvi Sheilla dizer-me:

- Eles chegaram Jô, trás os meninos para baixo também.

- Ok. – Respondi.

Ok, os nervos agora tinham voltado. Desci com Luc ao colo e Chad agarrado pela mão. No hall vi, em cima de uma mesinha, uns lírios. Dei mais uns passos e entrei na sala onde estava toda a família.

Não sabia o que dizer, Davies e Michael eram na realidade os filhos de Sheilla.

Pousei Luc no berço e dirigi-me a eles.

Davies ou Luc, como era o seu nome verdadeiro a julgar pelas semelhanças, ficou surpreso por me ver, talvez tanto quanto eu a ele. O mais velho, que agora já sabia que era Chad, veio ter comigo, não me reconheceu e abraçou-me. Era muito forte, quase senti os meus ossos estalarem. Fiquei quieta, sem reacção, enquanto era quase esmagada.

- É bom conhecer-te! – Disse Chad, notavelmente contente.

- Obrigado. – Respondi, um bocado sem jeito. – É bom conhecer-te também.

Ele sorriu e foi ter com o resto da família. Luc aproximou-se mas eu falei primeiro.

- Afinal não era preciso estarmos tão nervosos. – Disse eu, ao que ele sorriu – Então, a Sheilla gostou das flores?

- Adorou. Eu sabia que não podia ser um ladrão, era fácil demais para ser verdade. Bem, eu sou o Luc, Davies é...

- O segundo nome. Já reparei. Joanna, mas podes-me chamar Jô. – Disse interrompendo-o.

 

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posto o capítulo 4 já amanhã

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