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Destino Amaldiçoado

por Andrusca ღ, em 07.03.11

Isto vai ser tipo... enorme!

Principalmente porque tive que juntar dois capítulos (ainda que um seja pequenino).

Vamos lá ver o que é que a irmã da Jô vai trazer...

 

Capítulo 30

Irmã…

 

- Eu tenho uma irmã. – Murmurei, recompondo-me.

Passou-se uma semana e eu fiz de tudo para a conseguir encontrar. Não sabia se ainda estaria viva ou não, o mais provável era não estar, mas tinha que tentar, tinha que descobri-la. Kendra… como é que seria?

Luc ajudou-me a fazer os interrogatórios aos demónios e Chad também fez umas pesquisas. Pedi a Rick para ver nos registos do hospital se lá estava o dia em que nascera e mais alguns dados pessoais. As irmãs estavam a apoiar-me imenso mas eu não queria incomodar toda a gente por isso não as incluí nas buscas. Demorámos o que parecia uma eternidade para mim a descobrir alguma pista. Os demónios não sabiam de nada ou se sabiam não falavam, nem mesmo a serem torturados. Não devia ser assim tão difícil, não com toda a magia ao nosso dispor. Tentámos feitiços de localização, poções de localização e até perguntámos às fadas do vento se sabiam de alguma coisa, mas não dava em nada. Quando já estávamos prestes a desistir, uma das fadas veio falar connosco e falou-me de uma conversa que ouvira entre dois demónios. Aparentemente eles tinham ouvido falar que eu andava a fazer perguntas e estavam a esconder-se melhor. A fada disse-me onde os ouvira a falar e eu, Chad e Luc fomos lá.

Quando chegámos, Luc agarrou um por trás e Chad matou o outro. Eu abri a porta que estavam a guardar e vi-a. Uma rapariga um pouco mais alta que eu, morena, com o cabelo que já passava da cintura e muito ondulado. Tinha uma roupa muito pobre e estava descalça. Olhava para mim com uns olhos esverdeados muito expressivos e soltou um sorriso, um grande e belo sorriso.

- Olá. – Comecei eu por dizer.   

- Olá. – Respondeu ela a medo.

- Chamo-me Joanna.

- Joanna? – Perguntou, com as lágrimas nos olhos. Correu até mim, muito desengonçada e abraçou-me. – Pensava que nunca mais te ia ver.

Eu fiquei sem reacção.

- Kendra? – Acabei por perguntar.

- Sim. – Respondeu ela. – Sou eu, a tua irmã.

 

 

 

Capítulo 31

… Vinda do Inferno

 

Kendra tinha ficado na mansão connosco. Como Luc agora costumava dormir no meu quarto, ela ficou no quarto dele. Comprámos-lhe roupas e sapatos, levámo-la a uma cabeleireira e ensinámo-la como viver numa sociedade. Ela disse-nos que fora criada pelos demónios que a raptaram e que tinha sido horrível. Ela tem vinte e cinco anos e foi raptada com dois, poucos meses depois de eu nascer. Os Connor pareciam gostar dela e ela deles e o melhor é que agora eu estava a ensiná-la a ser uma bruxa. Ela conseguia voar e fazer as pessoas e os demónios sufocar. Não sei muito bem como a ensinar na última parte, mas no que diz respeito a voar divertimo-nos imenso.

Apesar de estar super feliz por ter encontrado a minha irmã, sentia-me esgotada e com um mau pressentimento, que já era constante, mas eu já nem ligava.

- Posso? – Perguntou Kendra ao bater à porta.

- Claro, entra. – Respondi eu.

- Então, que tal? – Perguntou-me, referindo-se ao vestido vermelho aveludado que usava para levar ao High Spot esta noite.

- Estás maravilhosa. – Respondi-lhe. – E eu?

Eu usava um vestido até um pouco acima do joelho, castanho e com um lacinho bege a meio da cintura. Calcei umas botas de salto alto castanhas.

- Simplesmente radiante!

Fomos todos para o bar e divertimo-nos imenso. De regresso a casa vimos raios a serem atirados a um homem.

- Não tenhas medo. – Disse eu para Kendra, puxando-a a correr para ir ajudar o homem.

Quando lá chegámos o homem estava no chão e um dos demónios agarrou na Sheilla e na Claire, o outro em Sue, Chad e Luc e o homem que estava no chão agarrou no meu pé e no de Kendra. De repente estávamos sozinhas, num sítio completamente diferente, só nós as duas, sem os Connor à vista.

- Luc! Sheilla! Estão aí? – Chamei eu. – Sue? Chad? Olá! Alguém?

- Eles não estão aqui Joanna. – Respondeu Kendra, com uma voz extremamente calma.

- Como assim? – Perguntei, desconfiada.

- Fomos apanhados por diferentes demónios, de certeza que eles não nos iam trazer a todos para o mesmo sítio.

- Pois… lá isso é verdade.

Começámos a andar, estávamos no meio de um bosque e estava muita humidade. Conseguíamos ouvir os corvos perfeitamente. Era um cenário perfeito para um filme de terror. Andámos durante tempos sem fim e falámos bastante mas porém, veio um tema à conversa de que não estava à espera.

- Não gostei nada dessa atitude dele. – Disse Kendra, referindo-se a uma vez que Luc lhe pediu para sair do meu quarto porque estava cansado e queria dormir.

- Oh Kendra, tudo bem, mas ele não fez por mal.

- Pois… olha, não achas que é altura de arranjarmos uma casa só nossa?    

Esta pergunta deixou-me completamente desprevenida.

- Mas porquê? Não gostas de viver com os Connor? – Perguntei.

- Sim mas… é muita confusão, além disso os pequenos fazem muito barulho e a Sheilla parece um bocado egoísta.

- Pode parecer mas não é nada.

- Pois…

Ela parecia estar a ficar amuada.

- O que é que vês no Luc mesmo? Tudo bem, ele é giro, mas não passa daí. – Disse-me ela.

- Ok, esta conversa acaba aqui. Novo assunto, queres começar a levantar voo para veres se estamos muito longe de uma estrada?

Ela assim o fez e seguimos na direcção que ela indicou. Devemos ter andado por horas pois já não conseguia dar mais um passo. O meu telemóvel não tinha rede e o dela estava sem bateria. Sentei-me numa pedra enorme que lá estava.

- Não aguento mais. – Disse em voz alta. – Tens a certeza que é por aqui?

- Absoluta. Já devemos estar quase.

- Como é que eles estarão? – Perguntei em voz alta, mas mais como um pensamento ou uma preocupação do que como uma pergunta para ela.

- Porque é que te preocupas tanto com eles? – Perguntou ela. Parecia indignada.

- Porque são meus amigos Kendra. Quando tiveres amigos descobres.

- Eu não quero amigos. Tenho poderes. Amigos são uma fraqueza.

- Tanto faz. Vamos lá continuar a andar.

- Desculpa, mas é o que eu acho.

Já estava a amanhecer quando encontrámos uma cabana. Entrámos. Era feita de madeira. Lá dentro não tinha muita coisa. Dois cadeirões e um candeeiro de pé ao lado, um frigorífico velho e uma televisão que já nem devia funcionar. Ouvimos ruído do lado de fora e Kendra abriu a porta, enquanto eu me colocava em posição para atacar. Eram Sheilla e Claire.

- Onde é que estamos? – Perguntou Claire.

- Não fazemos ideia. – Respondi.

Chamei por Luc várias vezes, porém ele não vinha ter comigo. Decidimos recomeçar a andar apesar de já estarmos esfomeadas e esgotadas. Ao andarmos alguns metros ouvimos um barulho e fomos espreitar. Os demónios que nos raptaram pareciam estar a fazer uma fogueira e a assar pedaços de carne.

- Olha quem são. Nós vamos por trás, estás pronta Jô? – Perguntou Claire.

- Podes crer, aquele bocado de carne parece tão bom.

Ela estalou os dedos à frente dos meus olhos.

- Acorda, concentra-te. – Disse-me. – Vamos lá. Sheilla, tu e a Kendra esperam pelo nosso sinal.

- Qual é que é o sinal? – Perguntou Kendra.

- Sei lá, provavelmente chamamos-vos quando estivermos em apuros. – Respondeu Claire.

Fomos por trás das ervas e pedras e vimos Sue, Chad e Luc com umas pedras à volta. Apesar de não estarem presos com nada, não saíam dali.

Claire jogou-se para cima de um dos demónios e eu tive que lutar com os outros dois ao mesmo tempo. Sheilla e Kendra vieram ajudar e eu aproveitei para ir ver porque é que Chad, Luc e Sue não saíam do mesmo sítio.

- O que é que se passa com vocês? Porque é que não saem daí?! – Perguntei, avançando em direcção a eles.

- Não, pára! – Gritou Luc. – Não passes das pedras, elas não nos deixam sair. Estão a formar um círculo perfeito, já tinha ouvido falar delas, mas nunca acreditei que fossem reais. São pedras cristalinas, não permitem a quem está dentro do círculo sair ou usar os poderes.

- Os cristais fazem isso? Não interessa, como é que vos faço sair? – Perguntei.

- Basta desfazeres o círculo.

Eu, com um movimento mandei todas as pedras pelos ares. Eles ficaram a olhar para mim.

- Sabes que podias só ter tirado uma, certo? E podias tocar-lhe, com a mão. – Explicou Luc.

- Certo. – Respondi, envergonhada. – Para a próxima já sei.

Os demónios estavam mortos. Chad e Sue encontraram os cristais depressa e fomos todos teletransportados para casa. Tomámos banho e comemos. Guardámos os cristais, pedras como aquelas iriam, de certeza, dar jeito.

Mais dias passaram.

Kendra estava a começar a ficar obsessiva em dizer mal dos Connor, apesar de não perceber bem porquê, e os Connor já não se estavam a dar tão bem com ela como de princípio.

- Ok, daqui a nada meto um açaime naquela miúda! – Diz Luc, chateado ao entrar no quarto.

- O que é que se passou? – Perguntei eu.

- Acreditas que a tua irmãzinha só sabe refilar?!

- Luc, vá lá…

- Luc vá lá nada! Passou o tempo todo a reclamar comigo e com o Chad.

- Oh, de certeza que não foi por mal.

- Não foi por mal?! Tu não deves mesmo conhecer a miúda que trouxeste cá para casa. Porque é que não lhe arranjam uma casa só para ela? Ela viveu com monstros, a cidade não ia ser assim tão má.

- Estás a brincar certo?! Ela é minha irmã Luc.

- Tudo bem, mas vocês não têm nada a ver. Tu és sensível, preocupas-te com os outros, és simpática… ela não! É malcriada, rude e não se preocupa com mais ninguém a não ser ela própria!

- Ela não é nada disso!

- Ao pé de ti não!

- Acho que estás a começar a exagerar demasiado Luc.

- Acredita, não estou. Se ninguém a conseguir controlar vamos ter problemas, ai vamos sim!

Saí do quarto furiosa e fui dar uma volta pela rua. Já estava escuro e estava um vento horrível, visto que estávamos em pleno Inverno. Estava cheia de frio e completamente gelada quando voltei para casa. Luc já estava a dormir. Mudei-me de roupa e deitei-me ao lado dele, adormecendo de seguida. Há já muito tempo que não tinha nenhum pesadelo.

Acordei já Luc não estava lá. Não era difícil de perceber que ainda estava chateado por causa da noite anterior. Vesti uma blusa de gola alta, creme, e umas calças cor-de-rosa clarinho. Calcei uns ténis e desci as escadas. Quando entrei na cozinha dei com Chad a resmungar sozinho.

- Algum problema? – Perguntei, agarrando no leite.

- Nada de especial.

- De certeza? A tua cara não diz isso.

- Se queres mesmo saber, foi a tua irmã!

- E já começou… o que é que foi desta vez?

- Ela não é boa pessoa. Desculpa dizer isto mas não é. É impossível. Ela tem todas as qualidades de uma bruxa bem má! É egoísta, malcriada, mentirosa e uma óptima actriz.

- Não achas que estás a exagerar?

- Jô, tu és óptima a avaliar pessoas, mas ultimamente andas tão tapadinha. Ela faz de ti o que quer.

- Chad…

- É verdade. Quando foi a minha ex-namorada viste logo que ela era má. Também não gostaste nada mulher que o Luc supostamente engravidou.

- Sim, mas isso foi por outra coisa, não porque um sexto sentido mo indicou.

- Tu é que sabes, mas esta rapariga… ela ainda vai estragar tudo de bom que fizemos.

De repente estava tudo contra ela. Seria só eu que não via? Estaria tão feliz que não percebesse a realidade? Não, era impossível. Ela é minha irmã, de certeza que são só coisas das cabeças deles.

- Cá estás tu! – Exclamou Kendra, chegando-se ao pé de mim. – Anda, quero-te mostrar uma coisa.

Levou-me até à cabana, escondida no bosque em que tínhamos estado dias antes.

- O que é que achas? – Perguntou, entusiasmada.

- Do quê?

- Da nossa nova casa, claro!

- Nova casa… isto?!

- Claro, o que é que podemos precisar mais?

Entraram dois demónios e eu ataquei um deles.

- Não Joanna, querida, não faças isso, eles são meus amigos. – Disse ela, ajudando-o a levantar-se.

- Amigos? Kendra, eles são demónios! Enlouqueceste?!

- Tu vais perceber o grande propósito disto tudo. Vê, é que não são os demónios sempre os maus da fita. Os teus amigos também fazem bastante asneira. Eles é que os vêm caçar e matar.

- Sim, porque os teus “amigos” matam pessoas.

- Às vezes não. Às vezes os teus amigos é que começam. Eles são egoístas Joanna, são egoístas e vivem no pequeno mundinho deles. É como se estivessem dentro de uma bolha, em que nada entra, nem nada sai.

Depois de algum tempo de a ouvir a falar, as coisas até começaram a fazer algum sentido e a minha cabeça começou a andar à roda de tanta informação ao mesmo tempo. Seria possível que o bom fosse o mau e o mau fosse o bom? Estava tão confusa que quase não conseguia respirar. Só sei que, apesar de adorar os Connor, escolhia a minha irmã. Teria que escolher sempre a minha irmã. Era a única família que me restava.

Começámos a viver naquela cabana que, depois de mobilada ficou “esplêndida”, como Kendra dizia. Os demónios obedeciam a tudo o que Kendra dizia e tratavam-nos como rainhas, o que me fazia suspeitar de muita coisa, mas tentava não ligar. Às vezes temos que deixar as coisas como estão e não nos metermos.

Com o passar do tempo as coisas com os Connor azedaram um bocado e, apesar de continuar a namorar com Luc, as coisas simplesmente não eram a mesma coisa. Passávamos o tempo todo sempre a discutir por tudo e a cada dia que passava sentia que o estava a perder cada vez mais. As coisas com o resto dos Connor também não estavam nada famosas, mal falava com as irmãs e já raramente saía com Chad. Sentia a falta deles.

Resolvi ir às compras e sair um bocado para arejar e Kendra insistiu que um dos demónios “amigos” dela me acompanhasse.

Íamos a passar num beco quando ouvi um ruído, por segundos pensei que fosse o demónio, atrás de mim a preparar-se para me atacar, afinal demónios vão sempre ser demónios, mas não era, pois quando olhei estavam lá Chad e Luc. Eles atacaram o demónio e mandaram-no ao chão.

- Parem, parem! – Gritei eu. Eles pararam incrédulos a olhar para mim. – Ele é meu… “amigo”…

- Ele?! – Disse Luc, indignado. – Ele é um demónio Jô.

- Não… quer dizer, sim é um demónio mas é um amigo da Kendra.

- Estás a gozar connosco certo?! Agora andas com demónios?! Acorda Joanna, o que é que te está a dar?! – Perguntou Chad.

- Por favor diz-me que não estás a falar a sério. – Implorou Luc.

- Desculpa, estou.

- Eu já nem te conheço Jô. Mal nos falas, andas com demónios, o que é que vem a seguir? Começas a matar pessoas como eles?! – Continuou ele.

- É claro que não Luc… não é nada disso, eu só… tu conheces-me, eu só estou um bocadinho distante, só isso.

- Não, não é só isso. Quem me dera que fosse. Adeus Joanna.

Ele chamou-me “Joanna”, ele só me chama pelo nome todo quando ou está muito chateado, ou desiludido, ou quando me está a consolar ou a tentar levar à razão e nesta situação, tenho a certeza que era por estar chateado.

Teletransportaram-se o dois, sem me dar tempo para responder. Teria acabado de perder a pessoa que mais amava neste mundo? Teria tudo acabado assim, por uma coisa tão estúpida, tão insignificante? Não, não podia. Não estava nada acabado, não ainda.

Voltei com o demónio para a minha “casa” e quando lá cheguei Kendra fez-me um interrogatório completo do pequeno passeio que fiz. Entraram três demónios e entregaram um frasco a Kendra. Começaram a sussurrar baixinho mas mesmo assim eu conseguia ouvir.

- Aqui está o que pediu. – Dizia-lhe um deles. – Está tudo como queria.

- Tens a certeza que funciona? – Perguntou ela.

- Sem sombra de dúvidas, nós fizemos um teste. Explode e mata tudo num raio de três metros.

- Perfeito… podem ir. Vá, vão. Dispersem. – Ordenou ela, arrogantemente.

Veio-se sentar no sofá ao pé de mim.

- O que é que eles queriam? – Perguntei, apesar de ter ouvido a conversa.

- Nada de especial. Não devem ter mais nada que fazer então vêm chatear.

- Que frasco era aquele?

- Era uma poçãozinha, uma poção para explodir coisas.

- Para que é que a queres?

- Querida, para quê este interrogatório todo?

- Nada, só reparei que não me contas muitas coisas…

A conversa ficou por ali mas eu sabia que ela estava a esconder qualquer coisa, não sabia era o quê. Mais tarde fui ter com um dos demónios que lhe entregaram o frasco.

- Oh tu! – Chamei eu, fazendo com que se virasse para mim, esmurrando-o em seguida, mandando-o ao chão. Ele ficou a olhar para mim, cheio de vontade de me esmurrar de volta, mas não o fez. – Sugiro que me digas o que entregaste à minha irmã ou então levas mais.

- Foi uma poção. – Respondeu, rudemente, levantando-se. Cuspiu para o chão em seguida.

- Olha o tom com que falas… e as maneiras. Para que é que serve, a poção?

- Para explodir coisas.

- E o que é que ela quer explodir, mais propriamente?

- Ela mata-me se eu disser.

- Eu mato-te se não disseres, e de uma maneira muito mais dolorosa.

Ele olhou para baixo e abanou a cabeça.

- Quer explodir os teus amiguinhos. – Respondeu.

Fiquei em choque. Seria possível que fosse mesmo verdade? Não havia motivos para acreditar, visto que fora um demónio a dizer-me mas… o estranho é que não me custava nada imaginá-la a fazer uma coisa dessas, aliás, como a conheço agora, espanta-me nunca o ter imaginado. Dei meia volta e deixei o demónio a olhar para mim.

Entrei no quarto dela de rompante.

- Tu não vais matar ninguém. – Disse-lhe.

- Do que é que estás a falar querida?

- Tu não os vais matar!

- Claro que não, nem nunca pensei tal coisa.

- Não pensaste?

- Claro que não querida. Aliás, até os convidei para te fazerem uma visita. Chegam daqui a meia hora.

- Tu convidaste-os? E eles aceitaram?

- Eu não sou o bicho mau, sou só uma pessoa como tu.

- Não, não és. – Disse, saindo de lá furiosa, esquecendo-me dos Connor, que estavam a chegar.

Dei uma volta pelo bosque e voltei para a cabana. Quando entrei os Connor estavam frente-a-frente com a minha irmã. Ela estava com uma cara impiedosa e com um brilho maléfico no olhar.

- O que é que estás a fazer? – Perguntei, metendo-me entre eles mas de frente para ela.

- Estou a fazer-te um favor. – Respondeu ela. – Tu não pertences com eles. Pertences comigo, a tua verdadeira família. Anda cá, vá.

Dei um passo na sua direcção mas quando vi o frasco da poção recuei.

- Não. Pousa isso. – Ordenei.

- Joanna, anda já para ao pé de mim. – Ordenou ela, ficando sobressaltada.

- Não! Já disse para largares isso! – Gritei eu.

- Jô, o que é que se passa? – Perguntou Sue, vindo na minha direcção.

- Afasta-te! – Pedi, com uma voz que mais parecia uma ordem.

- O quê?!... – Disse ela, indignada.

- Simplesmente, não te aproximes. Kendra pousa isso, vá lá. Não me obrigues a fazer nada, não contra ti.

- Então se tivesses que escolher escolhia-os a eles?! – Perguntou Kendra, indignada.

- Vais-me obrigar a escolher? – Perguntei.

- Se obrigasse…

- Não escolhia. Tu és a minha irmã, a minha família, mas eles são meus amigos Kendra, por isso pousa isso.

- Eles precisam de morrer Joanna. Para o bem de todos.

Os Connor ouviam a discussão cada vez mais indignados e eu estava a começar a perder o controlo da situação, se é que alguma vez o tive.

- Pousa isso. Ninguém precisa de morrer percebeste?

- Desculpa irmãzinha, podes ficar com uns arranhõezinhos. – Disse ela, erguendo o braço e lançando a poção contra os Connor.

Eu sabia que no momento que aquele frasco tocasse no chão estava tudo acabado e os Connor estariam mortos. Não podia deixar que isso acontecesse. Numa fracção de segundo e num acto involuntário, com a minha mão fiz um gesto para desviar o frasco, que ia a voar contra os Connor, mandando-o em seguida contra Kendra. Houve uma explosão enorme.

- Não! – Gritei eu, desesperada.

Tinha a cabeça a andar à roda. Estaria isto mesmo a acontecer? Como é que fui encontrar a minha irmã só para a matar depois? Como é que tive coragem? Porque é que o fiz?

Caí de joelhos no chão e comecei a chorar desalmadamente ao perceber que todos da minha família se encontravam mortos. Senti uma desilusão enorme a espalhar-se pelo meu corpo.

Chad e Luc agarraram em mim e levaram-me para o meu quarto, na minha verdadeira casa e cuidaram de mim.

 

Se conseguiste ler tudo até ao fim, parabéns!!

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