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Destino Amaldiçoado

por Andrusca ღ, em 08.03.11

O segundo do dia...

Agradeçam à ~Cathy

E porque é dia da mulher, este é dedicado a todas vocês ^^

 

Capítulo 33

Professora Maravilha

 

A minha crise de desespero estava a desaparecer e as coisas estavam a ficar bem mais claras agora. O meu namoro com Luc já estava normal de novo e a amizade com os Connor restaurada, mas sentia que mesmo assim faltava qualquer coisa, tinha um género de sentimento de assunto inacabado, mas não fazia ideia do que seria.

- Cheguei. Podem vir ajudar? – Gritei, abrindo a porta de casa.

Tinha ido às compras ao supermercado e estava bastante carregada. Devo ter comprado comida para seis meses, mas pensando bem, com tanta gente em casa, era um milagre que durasse para três.

Luc e Sheilla vieram ter comigo e ajudaram-me a levar os sacos para a bancada da cozinha. Como Sheilla tinha que ir ver umas coisas ao High Spot, Luc ajudou-me a arrumá-las.

Após arrumarmos as coisas sentámo-nos no sofá a ver televisão.

Claire abriu a porta, ofegante e sentou-se no sofá ao lado de Luc. Atrás dela vinha uma mulher.

- Temos um problema. – Disse Claire. – Esta é uma amiga minha, Emma.

- Ok… - Disse Luc. – Qual é o problema?

- Ela tem um demónio atrás dela. – Continuou Claire. – Mas não sabemos quem é. Cada vez que é atacada o demónio toma a forma de um dos seus alunos.

- Achas que pode ser algum deles? – Perguntei.

- Não sei, eu acho que eles não fariam isso, mas nunca se conhece verdadeiramente as pessoas, muito menos os adolescentes. – Respondeu Emma.

- Pois… então o que é que fazemos? – Perguntou Luc.

- Eu estava a pensar deixar Emma aqui com vocês porque tenho que ir trabalhar mas quero ter a certeza que ela fica bem. Também temos que manter os alunos debaixo de olho. – Disse Claire.

- Como é que pensas fazer isso? – Perguntei.

- Aí é a parte em que entras. – Disse ela, juntando as mãos. – Precisávamos que fosses “dar aulas” aos alunos dela.

- O quê?! Eu, a dar aulas. – Soltei uma gargalhada. – Estás a brincar certo?

- Não…

- Claire… eu não me lembro de praticamente nada do que aprendi na escola. Foi tudo substituído por receitas de poções, feitiços e movimentos de ataque… e tenho que dizer, eu não era exactamente a aluna mais atenta da escola…

- Por favor… improvisa, tu és óptima nisso.

Após uns momentos de ponderação, lá aceitei e fui para o secundário. Emma não me disse nada além da sala em que ia dar a aula, fui para lá sem saber do que ia ter que falar. Quando cheguei procurei a sala e respirei fundo. Quando entrei já lá estavam os alunos.

- Bom dia. – Disse, alto, mas no entanto continuaram a falar como se eu não estivesse lá. – Olá! – Ignoravam-me completamente. – Ei! – Gritei, em plenos pulmões. Calaram-se. – Óptimo. Eu chamo-me Joanna e hoje vou substituir a vossa professora.

- Aleluia. – Disse um rapaz sentado numa das mesas de trás. – Já não era sem tempo substituírem a nossa professora por uma rapariga assim.

- Rapariga assim? – Perguntei.

- Toda gira. De mini-saia e tudo.

Voltei a respirar fundo e pousei a minha mala em cima da mesa.

- Ok, bem, o que é que estão a dar? – Perguntei.

- Joana d’Arc. – Respondeu-me uma rapariga de cabelo curto e de óculos.

- Joana d’Arc… como na Guerra dos 100 Anos? – Perguntei, quase em pânico.

- Depende, o seu nome é Joanna, o apelido é d’Arc? Se for, podemos estar a falar de si. – Disse o rapaz que tinha falado da primeira vez, o que estava sentado numa das mesas de trás.

- Como é que te chamas? – Perguntei-lhe.

- Will.

- Bem, Will, sabes-me dizer quantos anos durou a Guerra dos 100 Anos? – Perguntei.

- Está a gozar certo? Durou 100 anos. – Respondeu ele, a rir-se.

- Errado. Chama-se Guerra dos 100 Anos, mas na realidade durou 116 anos. Agora talvez fosse boa ideia calares-te e prestares atenção. Alguém sabe alguma coisa desta Guerra? – Perguntei, com esperanças que sim.

Isto ia ser uma bela revisão para mim…

- Sim. – Respondeu a rapariga do cabelo curto e dos óculos. – Surgiu em meados do séc. XIX e envolveu a França e a Inglaterra, certo?

- Certo. A Guerra dos 100 Anos originou-se quando a França tentou recuperar os territórios perdidos para a Inglaterra. Essa guerra provocou milhões de mortes e a destruição de quase toda a França. – Comecei eu. – A guerra começou… em 1337, depois do rei francês morrer, quando o rei inglês declarou que seria a pessoa indicada para ocupar o trono francês. Um inglês foi coroado rei francês. Mas os armagnac não desistiram da subida de um rei francês ao trono, por isso coroaram um também.

- E foi quando a Joana apareceu? – Perguntou uma rapariga loira.

- Sim. – Respondi. – Nessa altura ela tinha apenas 16 anos. Ela vinha de uma família pobre e humilde e também analfabeta. Ela foi ter com o capitão da guarnição armagnac para este lhe ceder uma escolta até Chinon, pois teria que atravessar o território defendido pelos aliados dos ingleses.

- Ele deu-lhe boleia? – Perguntou um rapaz com o cabelo comprido.

- Deu. – Respondi. – Mas apenas quase um ano depois. Ela foi ter com o rei e convenceu-o a entregar-lhe em exército. O rei e entregou-lhe uma espada, um estandarte e o comando das tropas francesas para libertar a cidade de Orléans, que tinha sido tomada pelos ingleses.

- Ela tinha só a nossa idade praticamente. Conseguiu? – Perguntou o rapaz que estava sentado ao lado de Will.

- Conseguiu. – Respondi.

- Eu pensava que Joana d’Arc tinha chegado para a batalha num cavalo branco e numa armadura de aço a segurar um estandarte com a cruz de Cristo. – Disse uma rapariga de rabo-de-cavalo. – Porque era uma bruxa, sonhava com o sobrenatural e por vontade divina ganhou aquelas guerras todas sem saber nada de como lutar.

- Tu acreditas em bruxas? – Perguntou Will para a colega. – Também acreditas no Pai Natal?

- Tu não sabes nada sobre bruxas! – Respondeu uma rapariga que se encontrava sozinha sentada a um canto. Parecia gótica, tinha o cabelo enorme, preto, olhos pintados de preto e lábios pintados de um tom muito escuro. Usava roupas muito escuras também. Ao responder ao colega olhou para mim muito intensamente.

- Desculpa, ofendi-te? – Disse Will, em tom de gozo. – És da família da Sabrina, a bruxinha adolescente?

- Acabou! – Gritei. – Há várias versões sobre como Joana d’Arc se parecia e se era bruxa ou não. Ela foi condenada por bruxaria apesar de depois ter sido absolvida.

- Em que é que acredita? – Perguntou-me a rapariga de rabo-de-cavalo.

- Não sei, não é relevante. Mas continuando, a Joana venceu montes de batalhas mas na Primavera de 1460, se não me engano, foi capturada pelos aliados dos ingleses. Foi presa e entrevistada pelo Duque de Borgonha. Ficou todo o Verão presa no Castelo de Beaurevoir, enquanto negociavam a sua venda.

- Eu acho uma maldade, venderem pessoas. – Desabafou uma rapariga morena de cabelo ondulado.

- E é, uma grande maldade, mas as coisas eram assim naquele tempo. – Disse eu.

- E depois, o que é que aconteceu à Joana? – Perguntou um rapaz ruivo.

- Ela foi vendida aos ingleses e foi transferida para o nordeste de França. Foi presa numa cela escura e vigiada por cinco homens. Fizeram-lhe vários julgamentos até ela ser finalmente ouvida. Passado um tempo ela começou a ficar doente e a vomitar porque estava a ser envenenada. Chamaram-lhe um médico pois a queriam manter viva para depois a executar. – Comecei a andar de um lado para o outro e a gesticular com as mãos enquanto me ia lembrando da história.

- Foi enforcada certo? – Perguntou o mesmo rapaz ruivo.

- Não…

- Não foi com uma espada no coração? – Perguntou uma rapariga de cabelos compridos, loiros, e olhos azuis.

- Também não. No dia 30 de Maio de 1431 foi vestida de branco para uma praça cheia de gente e subiu para a plataforma montada para a sua execução. Foi queimada viva com apenas 19 anos e as cinzas foram lançadas para o Rio Sena.

- Queimada viva… isso era como se matavam as bruxas no Salém certo? – Perguntou Will. – Essas deviam era estar quietas, tinham a mania que estalavam os dedos e as coisas aconteciam.

- Já te disse que não sabes nada sobre bruxas! – Disse a rapariga gótica, enfurecida.

- Tem lá calminha Hillary. Ou vais-me mandar um feitiço? – Perguntou ele, a gozar e a rir-se.

Os outros colegas riram-se com ele. Tenho que admitir, estava tão fula com Will quanto Hillary, e todos os impulsos do meu corpo diziam para explodir qualquer coisa agora mesmo para ver a sua reacção, mas resisti. Ele ainda desmaiava e depois tinha que ir para o hospital… tinha o dia perdido.

- Já chega! – Gritei eu. – Sim, era assim que matavam as bruxas no Salém. Quase cinco séculos após ter morrido foi declarada Santa Joana d’Arc e em… hum… 1922, sim, foi declarada padroeira de França.

- Eu concordo com o Voltaire. – Disse Will. – Ele ridicularizou-a num poema qualquer e eu dou-lhe toda a razão. Além de ser ridícula era uma farsa. Acham mesmo que uma miúda de 16 anos ganha tantas batalhas?! Nem com pozinhos de perlimpimpim.

- Will, já reparaste que cada vez que abres a boca saem porcarias? – Perguntei, esboçando um sorriso de gozo como os dele. – O teu problema não era ela ter 16 anos… era ela ser rapariga, certo?

- Também. Vá lá, acha mesmo que uma miúda consegue lutar assim? – Perguntou ele.

- Lá por não sermos brutamontes não quer dizer que não consigamos.

- Está-me a dizer que uma rapariga me conseguiria deitar abaixo?! Deixe-me rir.

- Porque não? Achas-te assim tão forte e tão bom para não seres deitado abaixo por uma?

- Para dizer a verdade, sim.

- Muito bem, anda cá. Mete-te atrás de mim e ataca.

- Está a gozar certo? Eu não vou atacar uma professorazeca.

- Pois não, vais-me atacar a mim. Vá anda, ou tens medo? Afinal, sou só uma rapariga gira de mini-saia.

Ele veio e pôs-se atrás de mim, quando atacou eu defendi-me, fazendo-o cair em cima da mesa, mas tendo o cuidado para que não se magoasse… muito.

- Vês? As raparigas também lutam. – Disse-lhe.

- Altamente. – Disse o rapaz ruivo a rir.

- Brutal. – Gozou a rapariga morena do cabelo ondulado.

Ele voltou para o lugar dele e o meu telemóvel começou a vibrar, levei a mão ao bolso e tirei-o. Vi que era Luc.

- Desculpem, vou ter mesmo que atender esta. – Disse eu, dirigindo-me à porta. – Estou, Luc?

- Sim, já desconfias de alguém?

- Nem por isso, são adolescentes, são parvos mas custa a acreditar que sejam demónios.

Senti uma mão a tocar-me no ombro e virei-me. Estava lá a rapariga gótica.

- Desculpa Luc, tenho que desligar, até logo. – Disse, desligando o telemóvel. – Precisas de alguma coisa? – Perguntei.

- Eles não estão atrás da nossa professora, estão atrás de mim. – Disse ela, com uma voz um bocado rouca.

- De ti? Hillary certo? – Perguntei, ao que ela acenou afirmativamente.

- Eu sei de coisas. Sei que tu és uma bruxa e que conheces uma família de bruxos e sei que pensam que está um demónio atrás da minha professora, mas não está.

- Como é que sabes?

- Porque está atrás de mim.

- Mas…

- Eu sei que parece estar atrás dela, mas isso foi para chegar até mim. Agora sabe onde eu estou e vai deixá-la em paz, e vem atrás de mim.

- Tens a certeza? – Perguntei, ainda espantada com tudo.

Ela acenou afirmativamente bastante confiante.  

- Ok, vamos precisar de ajuda. – Disse-lhe. Olhei em frente e vi muita gente a dirigir-se para a nossa sala de aula. – Demónios? – Perguntei-lhe.

- Yap.

- Estão atrás de ti certo?

- Certo.

- Ok, vamos sair daqui, temos que os afastar das pessoas. Corre, corre. – Disse-lhe, começando a correr e puxando-a pela mão.

Corremos imenso mas eles vinham atrás de nós, num passo apressado, e mesmo sem correr pareciam que nos iam apanhar num instante. Chegámos à casa dos Connor e fechámos a porta com força, trancando-a. Usei os meus poderes para a barricar.

- O que é que se passa? – Perguntou Luc, que correra até nós quando ouviu o barulho.

- A boa notícia é que a Emma está livre, a má é que estão atrás da Hillary.

- Hillary?

- Sim, Hillary, Luc. Luc, Hillary. – Disse eu, apresentando-os.

- Quantos são? – Perguntou Luc.

- Não consegui ver bem, talvez dez… - Respondi.

- São treze. – Disse Hillary.

- Como é que sabes? – Perguntou Luc.

- Confia nela. Eu vou pô-la a ela e à Emma escondidas lá em cima, já te venho ajudar ok?

- Ok, o Chad também já cá está, está na cozinha, vou chamá-lo. – Respondeu Luc.

Subi as escadas apressadamente com Emma e Hillary. Meti-as no meu quarto e disse-lhes para barricarem a porta. Desci as escadas novamente a correr e fui ter com Chad e Luc.

- Abrimos a porta? – Perguntou Chad.

- Tens alguma ideia melhor? São de nível inferior, não são precisas poções ou feitiços… os nossos poderes conseguem dar conta deles. – Disse-lhe Luc.

- Ok, vou abrir, prontos? Um, dois, três. – Disse eu, fazendo um gesto com a mão, abrindo a porta.

Eles entraram todos ao molho e eu, Chad e Luc fomos cada um para seu lado. Entrei na cozinha e agarrei numa faca. Olhei em volta. Fui puxada por trás e caí no chão, de barriga para cima. Virei-me de lado e explodi o demónio. Levantei-me e voltei a agarrar na faca. Ouvi gritos no andar de cima e desatei a correr para lá, matei outro demónio a caminho. Encontrei-me com Chad.

- Quantos matastes? – Perguntou.

- Dois, tu?

- Três.

- Cinco já foram, oito para irem. – Sussurrei eu.

Vimos quatro demónios a empurrarem a porta do meu quarto e ouvimos os gritos delas, lá dentro.

- Chad, tenta tirá-los daqui, eu vou entrar no quarto. – Disse-lhe.

- Como?!

- De uma maneira que me faz lembrar os dias em que saía de casa às escondidas.

Entrei no quarto de Chad, que era ao lado do meu e abri a janela. «Podias ter criado uma janela maior Chad» pensei, abrindo-a e subindo para a secretária. Pus os pés e as mãos de fora, ficando sentada na janela e agarrei-me à janela de cima, do sótão. Levantei-me e fiquei com os pés muito mal apoiados, tendo que fazer muita força nas mãos para andar para o lado. Consegui alcançar o gradeamento da minha varanda e saltar lá para dentro. Bati no vidro e após terem gritado, Emma e Hillary abriram a porta. Entrei e vi que a porta já estava meio aberta e os demónios estavam quase a conseguir entrar. Comecei a “empurrar” a porta com o meu poder de telicnese para fazer com que permanecesse fechada mas estava a deixar-me sem forças.

Passados poucos minutos cedi e eles entraram. Dei a faca que tinha pendurado no meu cinto a Emma e comecei a lutar com os demónios que iam entrando. Como entraram quase todos ao mesmo tempo não os consegui explodir logo a todos. Luc chegou e ajudou-me. Chad estava no chão. Depois de matarmos os seis demónios que se encontravam agora em pó, continuavam a faltar dois. Luc ficou com Chad, Emma e Hillary enquanto verifiquei os quartos e desci as escadas novamente.

Matei outro demónio mas não conseguia achar o que faltava.

Vi Hillary na sala e corri até ela.

- Hillary, o que é que fazes aqui? Devias estar no quarto, em segurança com o Chad e o Luc. – Disse-lhe.

- Estava preocupada consigo. Não se preocupe, comigo está tudo bem, por agora. Pode-me levar então até eles?

- Claro que sim, anda.

Subimos as escadas mas eu tinha a sensação que algo não estava certo. Se os demónios andavam atrás de Hillary então porque é que esta se iria arriscar a ir ter com eles? A não ser que não fosse Hillary, a não ser que fosse o demónio que se transformava nos vários alunos de Emma.

- Então Hillary, continuas com a mesma opinião de que o Will é o rapaz mais interessante da turma? – Perguntei.

- Absolutamente, porque não? – Perguntou ela.

- Quase caí nessa. – Disse, dando-lhe um pontapé, fazendo-o cair das escadas. Fui atrás dele. – Sabes, isso de te transformares nos outros é bem útil, pena não poderes ter as memórias deles também.

- Tu nunca vais ganhar esta guerra bruxa! Tu não és nenhuma Joana d’Arc, nenhuma vencedora. – E começou-se a rir às gargalhadas.

- Ainda bem, assim já sei que não vou acabar na fogueira. – Disse eu, explodindo-o.

Subi até ao quarto e disse que já era seguro saírem de lá. Descemos as escadas e depois de elas se acalmarem foram-se embora. Eu acompanhei-as à porta.

- Sabes, daqui a uns tempos, tempos mesmo muito, muito difíceis, vais ter uma surpresa maravilhosa. – Disse ela, sorrindo.

- Uma surpresa? – Perguntei. – Que tipo de surpresa?

- Uma que eu um dia vou querer ter.

Não adiantou mais nada e foram-se embora.

 


Que surpresa será? :o

Ainda vão ter que esperar um pouco para descobrirem

 

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