Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Destino Amaldiçoado

por Andrusca ღ, em 12.03.11

Há quatro capítulos atrás...

 

- Sabes, daqui a uns tempos, tempos mesmo muito, muito difíceis, vais ter uma surpresa maravilhosa. – Disse ela, sorrindo.

- Uma surpresa? – Perguntei. – Que tipo de surpresa?

- Uma que eu um dia vou querer ter.

Não adiantou mais nada e foram-se embora.

 

Capítulo 37

Pedido Inesperado

 

Acordei e dei com Luc especado, à frente da cama a olhar para mim. Bocejei.

- O que é que se passa? – Perguntei, espreguiçando-me.

- Nada de especial. Jô, podemos falar? – Perguntou ele.

- Claro. – Sentei-me encostada à cabeceira da cama.

- Tu sabes o que é que sinto por ti e eu acho que tu sentes o mesmo e nós já estamos juntos há um bom tempo… - Começou ele.

- Luc, acabei de acordar, não podes dar o discurso resumido?

- Tens razão… bem, Jô… tu…

- Bom dia pessoal! – Exclamou Chad, ao entrar no quarto, interrompendo a nossa conversa. – Interrompi alguma coisa?

- Não, nada de especial. – Respondeu Luc.

O ambiente ficou um bocado pesado, e Luc não parecia nada satisfeito em ter sido interrompido. Chad nem percebeu que tinha chegado a meio de uma conversa, e começou uma nova. Passado um bocado eles desceram para tomar o pequeno-almoço e aproveitei e vesti uma blusa roxa com umas letras a prateado e umas calças brancas, calcei umas sandálias de atar na perna, pretas. Prendi o cabelo para trás com um gancho e desci para comer. Sue estava lá em casa.

- Aleluia, estava a ver que nunca mais acordavas. – Disse-me.

- Acordada já estou há bastante tempo acredita. – Respondi, preparando o meu pequeno-almoço. – Por aqui?

- Sim, vim-te fazer um convite: logo à tarde queres ir comigo e com a Claire às compras? Vai ser divertido…

- Não sei bem o que é que queres dizer com «vai ser divertido» mas está bem.

- Óptimo, passo por cá mais logo para te vir buscar. – Disse ela, dirigindo-se à porta.

- Vais-te já embora? 

- Sim, tenho que convidar a Claire.

- Então mas não estava já combinado?!

- Ela ainda não sabe, mas é como se soubesse, ela alinha sempre.

Sentei-me na mesa a comer cereais e a pensar o que quereria Luc dizer-me antes de Chad entrar no quarto. Fosse o que fosse, devia ser bem sério, ele parecia bem nervoso. Como ele tinha saído fui para o quarto ouvir música e comecei a entusiasmar-me e a dançar pelo quarto com os fones nos ouvidos. Ouvi um risinho e vi Luc, especado a olhar para mim como de manhã.

- Há quanto tempo é que aí estás? – Perguntei, tirando os fones dos ouvidos, um bocado envergonhada e dirigindo-me para ao pé dele.

- Há tempo suficiente. Não há ninguém como tu, sabes? – Perguntou, na brincadeira, puxando-me para ele e beijando-me.

- Claro que sei! – Exclamei eu, rindo-me. – Já que aqui estás… o que é que me querias dizer de manhã? Parecia um assunto bem sério…

- Pois, sobre isso… é sério, mas é bom, pelo menos acho que é bom… eu gostava de te…

Foi interrompido pelo meu telemóvel que começou a tocar, pedi-lhe desculpa e atendi. Era Sue a dizer que me ia buscar mais cedo e que almoçávamos em qualquer lado.

- Desculpa querido, tenho que ir, a Sue está mesmo a chegar, podemos falar depois? – Perguntei.

- Claro. – Disse ele, com um ar um bocado desanimado.

- Obrigado, adoro-te.

- E eu a ti. Diverte-te.

Sue continuava a mesma louca por compras e Claire e eu limitávamo-nos a ir atrás dela. Experimentámos várias roupas e acabei por comprar um casaco de couro preto e graças à insistência de Sue, acabei por comprar também um vestido comprido de cetim lilás escuro, com umas pedrinhas a fazer o decote e no tecido para atar ao pescoço, e provavelmente era mais um para ir para o armário durante tempo indefinido.

Parámos numa pizzaria para comermos e enquanto Sue foi buscar os pedidos eu e Claire ficámos na mesa com os sacos.

- Ela foi sempre assim, louca por compras? – Perguntei, rindo-me.

- Desde que me lembro sim. – Respondeu Claire.

- Uau, vocês são todas tão diferentes umas das outras, às vezes nem parece que são irmãs…

- Eu que o diga. – Disse Sue, que chegara com os pedidos. Pousou-os na mesa e sentou-se. – Tu tens estado muito caladinha Jô, nem pareces tu. Passa-se alguma coisa?

- Ainda não sei, o Luc tem tentado falar comigo mas nunca conseguimos acabar a conversa logo ainda não sei o assunto.

- Não pode ser assim tão mau, é o Luc, ele adora-te, logo… - Disse Claire.

- Eu sei mas… sei lá, ele fica tão nervoso quando é para começar a falar nesse assunto… - Disse eu.

Passámos mais uma hora e meia nas compras e depois enquanto Sue se teletransportou para casa com os sacos, Claire levou-me a casa de carro. Quando cheguei já tinha o casaco, o vestido e mais uns sapatos nos sacos.

- Whoa, pensava que tu não eras daquelas miúdas loucas por compras… - Gritou Chad, da sala, quando me viu entrar com os sacos.

- E não sou. – Respondi. – Se achas isso de mim é melhor nem veres a quantidade de coisas que a tua tia Sue comprou. Vou pôr as compras lá acima, já volto.

Subi para o quarto e pousei os sacos no chão, quando saí fui interceptada na curva do corredor por Luc.

- Podemos falar agora? – Perguntou ele.

- Tudo bem. – Disse eu, agarrando no telemóvel e desligando-o. – Sem interrupções. Não queres ir para o quarto?

- Não, aqui está bom, acho eu…

- Luc, estás-me a pôr nervosa… passou-se alguma coisa?

- Não fiques. Ok, cá vai. – Disse ele, pousando um joelho no chão e tirando uma pequena caixinha do bolso.

- Luc, o que é que estás a fazer? – Perguntei eu, quase a ter um colapso.

- Eu sei que já fiz muita asneira no passado mas eu amo-te e quero passar o resto da minha vida contigo Joanna Cronwell, por isso… Casas-te comigo? – Perguntou ele, abrindo a caixa.

Lá dentro estava um anel de noivado, prateado, com um enorme diamante no meio e três muito mais pequenos de cada lado.

Fiquei inalterável a olhar para Luc e para a caixa, tentei falar várias vezes mas as palavras não saíam, ele estava parado à espera da minha resposta. Eu não conseguia pronunciar uma única sílaba, estava completamente chocada.

- Jô? Não vais responder? – Perguntou ele, levantando-se lentamente. – Jô?

- Eu… eu… - Disse eu, gaguejando.

- Tu não queres casar comigo. – Pronunciou ele, desiludido.

- Eu não disse que não queria… - Disse eu, meio atrapalhada.

- Também não disseste que querias. – Disse ele, fechando a caixa e mandando-a para o chão, teletransportando-se.

Eu encostei-me à parede e deixei-me cair, muito lentamente.

O Luc pediu-me em casamento?! Como é que ele me podia pedir em casamento e esperar uma reacção normal?! Ele já sabia como eu me sentia em relação a esse assunto.

Estava a sentir tanta coisa diferente neste momento que mal conseguia diferenciar, havia medo, ansiedade, arrependimento, talvez por não ter respondido nada, mas também uma pontinha de alegria. Ainda estava estupefacta quando Chad vinha pelo corredor e tropeçou nos meus pés, quase caindo.

- O que é que estás aqui a fazer? – Perguntou ele.

- Acredites ou não, não faço ideia nenhuma. – Respondi eu, a olhar para o chão.

- O que é que se passou? – Perguntou ele, sentando-se ao meu lado.

- O Luc pediu-me em casamento… - Respondi eu, encostando-me a ele.

- E tu disseste sim… ou então disseste não. – Afirmou ele, com uma voz um bocado reprovadora.

- Não, eu simplesmente… não respondi. Fiquei tão boquiaberta com aquilo tudo que queria que saíssem palavras mas elas teimavam em ficar presas e não passar da garganta…

- E agora estão chateados?

- Suponho que sim…

- Se tivessem saído palavras, eram para aceitares?

- Eu não sei, eu amo o Luc, mais do que já amei alguém mas… eu não sei. Casar?! Isso nunca foi bem a minha onda, eu não sou das raparigas que sonham com o dia em que entram na igreja vestidas de branco… mas é o Luc… e por ele acho que faria qualquer coisa.

- Então aceitarias?

- Depois de muitas dores de cabeça… acho que sim, acho que aceitava.

- Então diz-lhe isso Joanna, estás à espera de quê?!

- Não faço ideia.

- E vais ficar aqui sentada até descobrires?

- Por agora…

- Ok, eu vou buscar um CD ao quarto e vou voltar lá para baixo. – Disse ele, levantando-se. – Boa sorte.

Ele foi ao quarto e depois voltou a passar por mim quando ia para o andar de baixo. Continuei ali sentada com aquela grande sensação de vazio até ouvir a voz de Luc no andar de baixo. Levantei-me e comecei a caminhar muito lentamente até à curva que dava para as escadas quando ouvi gritos e desatei a correr pelo corredor.

Quando cheguei às escadas vi um demónio com os olhos completamente verdes e vestido com peles de cobra, descalço.

- Aí está ela! – Exclamou ele, a rir-se e a apontar para mim.

Olhei para os Connor, por algum motivo não se estavam a mexer, apesar de não estarem presos.

- Estás pronta para ser a minha rainha? A minha senhora das senhoras? A minha mulher, mãe dos meus filhos? – Perguntou ele, estendendo-me a mão.

Olhei de lado para ele a pensar que raio de conversa seria aquela e a tentar descobrir uma maneira para o apanhar, obviamente que não podia ser explodido, conseguia sentir isso dentro de mim.

- Acho que é melhor repetires, não devo ter ouvido bem. – Disse-lhe eu, enquanto descia as escadas.

A cara dele tornou-se séria e os olhos mudaram de verdes para vermelhos.

- Então a minha futura mulher goza comigo é?! Vamos ver quem é que goza mais! – Disse ele.

- Futura mulher?! Whoa, whoa, whoa, acho que estamos a ir demasiado rápido… É assim, eu não me caso com ninguém sem ter antes um primeiro encontro. – Disse-lhe, tentando enrolá-lo para que não magoasse ninguém.

- E tens a certeza absoluta disso?! – Perguntou ele, fazendo um gesto com mão, fazendo com que os Connor desaparecessem.

- O que é que tu… tu vais-te arrepender! – Gritei eu, aproximando-me rapidamente dele.

De um momento para o outro parei, os meus músculos não me obedeciam, era como se não fosse eu a controlá-los.

- O que é que me estás a fazer?! – Perguntei, com um tom furioso.

- Tem calma, todos os demónios têm um dom, o meu é simplesmente fazer com que as pessoas parem de se mover… ou bem, que se atirem para a frente de autocarros, mas essa história fica para um dia mais tarde contar aos nossos filhos.

- Óptimo, não podias ser um demónio normal, tinhas que ser um lunático!

- Ok, vamos parar com a conversa fiada, eu tenho os teus amigos logo tu fazes o que eu quero, mas como sou um cavalheiro vou-te dar tempo, tens até às cinco para ires ter comigo, se não estiveres lá a essa hora, eles morrem. És uma rapariga esperta, vais encontrar o meu esconderijo com um braço às costas. Ahh, só te vais poder mover daqui a uns dez minutos. Enfim, até logo fofa! – Disse ele, indo-se embora.    

- Atrasado mental! – Gritei, furiosa.

Passaram muito mais que dez minutos até que pudesse voltar a mexer-me, e assim que consegui dirigi-me ao meu livrinho para ver quem é que era aquele lunático. Era um demónio meio cobra, e podia envenenar as pessoas e também paralisá-las, havia um feitiço para o matar, porém tinha que ser dito pelas irmãs para resultar, logo teria que achar uma maneira para que elas o lessem sem serem envenenadas. Sue e Claire não me atenderam o telemóvel por isso o plano mudou, a prioridade era resgatá-los e só mais tarde destruir o demónio. Olhei para ao lado e vi o saco que tinha os cristais dentro, vieram-me logo dezenas de ideias à cabeça. Olhei-me ao espelho, fechei os olhos, disse um feitiço baixinho e quando os abri tinha o cabelo cheio de caracóis, ruivo e sardas na cara, tinha um sinal no meio da bochecha. Vesti um macacão, apenas de calções, não de calças até abaixo, de lycra, vermelho, muito reluzente, combinava com o cabelo. Calcei umas sandálias com umas tiras muito grossas e uns saltos extremamente altos, mas mesmo assim faltava qualquer coisa, faltava uma coisa que os ajudasse a saber que era eu.

Ia a passar da casa de banho para o meu quarto para ver o que podia encontrar para pôr quando mandei um pontapé numa pequena caixinha azul escura com uns brilhantes prateados. No momento em que vi a caixa soube que era aquilo que tinha que usar, mas pôr aquele anel no dedo significaria que estava a aceitar o pedido de casamento… seria mesmo isso que queria? Será que estava preparada?

Abri a caixa e olhei para o anel prateado com o diamante no meio e outros três de cada lado e respirei fundo, tirei-o da caixa e enfiei-o no dedo anelar da mão esquerda. Afastei a mão e observei como me ficava o anel. Até não me ficava nada mal.

Fui ter com o demónio e levei os cristais dentro de um saco. Aquilo não tinha muita segurança lá, só precisei de explodir dois demónios e de posicionar os cristais, o problema era que não conseguia ter um bom ângulo para fazer a roda, estava na hora do plano B.

Entrei de rompante na sala velha e com três cobras a um canto.

- Está cá alguém?! – Perguntei, aos gritos.

- Quem raios é que és tu?! – Perguntou o demónio-cobra.

- Alguém que te vai fazer muito feliz… tu deves ser aquele demónio das cobras que me falaram…

- Sim, eu…

- Continuando. – Disse eu, super arrogante. – Eu tenho uma coisa em que podes estar interessado. Eles disseram-me que querias poder, eu encontrei-o e talvez esteja disposta a partilhá-lo, por um preço muito baixo…

- Que tipo de poder é esse?

Mostrei-lhe o meu anel, o que o deixou pasmado, tal como eu quando o vi pela primeira vez, mas definitivamente não pela mesma razão. Luc viu-o também e vi na cara dele que percebeu que era eu. Os Connor continuavam paralisados, moviam apenas a cara e para meu espanto Sue e Claire também lá estavam, o que surpreendentemente me facilitava o trabalho.

- É um anel mágico. – Disse-lhe. – É capaz de copiar os poderes das bruxas e dos bruxos.

- E como é que isso se faz? – Perguntou ele, interessado.  

- Por exemplo, vês aquela bruxa ali? – Perguntei, apontando para Claire. – Eu investiguei-a e ela consegue mover coisas. Tudo o que tenho que fazer é aproximar-me dela e o anel trata do resto. – Disse, aproximando-me e pondo a mão com o anel ao pé dela. – E é só isto.

- Funciona?

Movi duas pedras, uma contra a outra, fazendo com que se estilhaçassem em centenas de pequenos pedaços.

- Diz-me tu. – Respondi, amargamente.

- Eu fico com ele.

- Bom, vamos negociar. – Disse eu, encaminhando-me para o círculo, já quase todo feito. Quando ele me seguiu, movi o cristal que faltava para completar o círculo, fechando-o só a ele.

- Desculpa, há melhores partidos que tu. – Disse-lhe, enquanto me encaminhava para as irmãs, mostrando-lhes o feitiço, que tinha guardado num dos bolsos daquele fato justinho.

Elas leram o feitiço e o demónio desvaneceu-se e ficaram peles secas de cobras, no chão. O efeito dos poderes dele passou logo e eles puderam mexer-se à vontade.

Luc veio ter comigo.

- Afinal sempre puseste o anel… - Disse-me, sugestivamente. – Isso significa que…

Olhei para o chão e tirei o anel. Agarrei-o e pu-lo à frente de Luc, que o agarrou, incrédulo.

- Não digas nada. Deixa-me falar. – Pedi, ao que ele consentiu, apesar de parecer destroçado. – Eu amo-te Luc Connor e sim, quero passar o resto da minha vida contigo e a verdade é que não sei se estou pronta para isto ou não mas… eu não te respondi da primeira vez… podes-me perguntar outra vez?

Ele sorriu.

- Queres casar comigo? – Perguntou ele, a olhar-me nos olhos.

- Claro que sim, adorava. – Respondi.

Ele ficou com um sorriso enorme, pôs-me o anel de volta no dedo e agarrou-me, levantando-me e dando voltas comigo no ar.

- Acalma-te. – Disse eu. – Não faças a festa toda ainda, isto ainda vai dar muitas dores de cabeça.

- Desde que esteja com a minha noiva, as dores de cabeça podem vir às toneladas. – Disse ele, beijando-me.

«Acredita, vão vir…» pensei.

 

Agora já sabem do que Hillary estava a falar ^^

Apesar de eu achar que vocês já tinham descoberto xD

Vamos subir para 14 comentários, ok?

1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog tem comentários moderados.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.