SOS Nashville
"Voltámos para casa na Star, e sempre a rir e a falar. Não sei há quanto tempo é que não me sentia tão bem."
Parte 5
- Têm a certeza que é seguro? – Perguntou Liam, aos pais. Eles tinham acabado de nos dizer que iam sair no fim-de-semana todo, e partiam já hoje, sexta-feira.
- Sim querido – Respondeu-lhe Ellen, pela milionésima vez.
- Tu sabes onde eu guardo a pistola, os números de emergências estão ao pé do telefone, e além disso ninguém sabe que a Jill está aqui. – Disse-lhe o pai.
- Vocês ficam bem, já não são crianças – disse Ellen, dando-lhe um beijo na testa e um abraço a mim.
- Até domingo à noite – disse Joseph, dando-nos um breve aceno de mão.
Fecharam a porta atrás de si e nós olhámos um para o outro embasbacados. O que é que íamos fazer aqui sozinhos o fim-de-semana todinho?
O jantar foi pizzas, e depois vimos uma comédia até adormecermos todos tortos no sofá, e apesar de ter acordado a meio da noite completamente morta das costas, sabia-me bem estar a levar com o calor que vinha da lareira, e estar encostada a Liam. Sabia-me melhor do que deveria… mas quando é que eu apanho juízo?
Acordei com Liam a mexer-se, e ele em seguida olhou para mim.
- Confortável? – Perguntou. E só aí é que reparei que estava completamente abraçada a ele e com a cabeça repousada no seu peito. Estávamos ambos deitados, eu do lado de dentro do sofá.
- Sabes como é que ficava mais? – Perguntei.
- Como?
- Com o pequeno-almoço…
- Então vai fazê-lo, olha – e revirou os olhos, mas percebi que tinha sido na brincadeira.
- Não podes ir fazer? – Perguntei, com uma voz super querida.
- Hum… - num reflexo rápido pôs-me completamente por cima dele e a poucos milímetros de os nossos lábios se tocarem. Isto estava a acontecer vezes demais – Com um solavanco, cais para o chão… - murmurou, expandindo ar directamente para mim. “Ai que me vai dar uma coisa”, pensei – E depois podias ir fazer o pequeno-almoço… - prosseguiu. – Porém… há uma coisa que quero fazer mais do que tomar o pequeno-almoço… - senti o meu coração disparar a 500, sim, porque antes já estava nos 250, e tive a certeza que ele o podia sentir contra si. Não aguentava mais, nem mais um segundo. Não aguentava estes jogos de sedução.
Em vez de lhe perguntar o que era, como certamente ele estava à espera, encostei os meus lábios aos dele e rapidamente senti os seus braços a apertarem-me mais e mais.
Acho que já tínhamos programa para o fim de semana… namorar.
Enquanto nos beijávamos uma certa sensação percorria-me todo o corpo. Era diferente de tudo aquilo que já tinha sentido com outros namorados… talvez porque nunca gostei deles verdadeiramente, apesar de terem muito mais a ver comigo do que Liam.
Apenas separámos os lábios porque os pulmões precisavam de ar, e tendo em conta a velocidade com que o meu coração batia, surpreende-me ter aguentado tanto tempo sem respirar.
Ambos ficámos a olhar um para o outro com um sorriso tosco na boca, sem dizer nada. Eu sabia no que ele estava a pensar, tal como eu sabia também o que me passava pela mente.
- Adivinhaste – disse-me, alargando o sorriso.
- E agora… - murmurei, chegando de novo os meus lábios aos dele e dando-lhe um beijinho suave –, está na hora do pequeno-almoço.
Saí de cima dele e fui para a cozinha, sempre a senti-lo a seguir-me.
Fiz as torradas sempre com ele a agarrar-me pela cintura e a beijar-me o pescoço, e até conseguindo roubar-me um beijo ou dois.
Depois de comermos fui tomar um duche e mudar de roupa, calcei umas calças pretas justas, com uma blusa verde clara e uma camisa aos quadrados brancos e verdes por cima, com os ténis habituais. Deixei o cabelo solto e fui procurar o Liam.
Encontrei-o a escovar a Star. Ela era mesmo a égua dos olhos dele…
Sentei-me no muro e limitei-me a observar por alguns minutos, ele nem tinha dado por mim, até que ouvi um grunhido e olhei para o lado. O mesmo porco que me tinha lambido a cara da primeira vez que lhe tive que dar banho, estava ao pé de mim, a abanar aquela cauda rosada e encaracolada. Parecia um cão. Aliás, ultimamente anda a comportar-se como um cão, sempre atrás de mim a abanar a cauda.
- O que é que tu queres? – Perguntei, descendo do muro e pondo-me de cócoras.
Ele não teve mais nada, mandou-se a mim, fazendo cair no chão de costas e pôs-se em cima de mim a lamber-me a cara. Ai que nojo, é a segunda vez!
- Pára! – Gritei – Pára, pára, pára – a minha voz ia-se perdendo devido ao riso, porque ele fazia-me bastantes cócegas enquanto me dava “beijinhos”.
- Vá lá amigo… - disse Liam, tirando-o de cima de mim –, não faças o meu trabalho por mim.
- Eu preciso de outro banho – murmurei, dando-lhe a mão para me ajudar a levantar.
Fui para a casa de banho e acho que se lavasse mais a cara, arrancava a pele.
Passei pelo telefone e não resisti. Tinha que dizer a alguém que estava bem, dar-lhes sinais de vida. Os pais de Liam não estavam, e ele estava lá fora… não ia acontecer nada, era apenas um telefonema.
Agarrei no telefone e marquei o número. Esperei sete toques até atenderem – sim, eu contei-os. Sete.
- “Estou?” – Disseram, do outro lado da linha.
- Mãe? – Perguntei. Era bom ouvir uma voz familiar por fim, apesar de as últimas vezes que a ouvi era a gritar.
- “Amy!” – E era bom ouvir alguém chamar-me pelo meu nome – “Onde estás? O que aconteceu? Estás bem?”
- Tem calma. Não posso dizer onde estou, nem o que aconteceu, mas estou bem, juro.
- “Mas Amy…”
- Desculpa mãe. Adoro-te, diz ao pai que também o adoro – e desliguei. Controlei-me para que lágrimas não começassem a escorrer, mas já tinha passado o pior, eu ia voltar a vê-los, e talvez não demorasse muito, tinha que acreditar que o FBI estava a fazer o seu trabalho.
Passei o resto do dia com Liam, sempre na brincadeira, e ao jantar ele até quis cozinhar. Sinceramente não sabia o que éramos. Não sabia se namorávamos, se éramos amigos coloridos, nada. E surpreendentemente, não me importava. Tudo o que me importava era estar ao pé dele, fosse de que maneira fosse.
Eram quase dez horas quando desligámos a televisão e nos dirigimos aos quartos. Ambos parámos às portas, sem saber bem o que fazer.
- Queres ir dormir? – Perguntou-me, aproximando-se de mim.
- Não – afirmei, com todas as certezas que podiam existir.
Logo após ouvir isto, envolveu-me nos seus braços com uma rapidez imedível, e sempre entre beijos abriu a porta do meu quarto de modo a deixar-nos entrar, e eu fechei-a com o pé.
Deitou-me lentamente na cama deixando-se seguir também com cuidado para não me magoar, numa separando a sua boca da minha.
A primeira coisa a voar foi a sua blusa, seguindo-se da minha até apenas sobrar a roupa interior. Senti as suas mãos percorrerem as minhas costas e gentilmente desapertarem-me o sutiã.
Desejava que estava noite pudesse durar para sempre, apenas ele e eu, sem homicídios ou porcos armados em cães… apenas nós os dois juntinhos, numa das melhores noites da minha vida.
***
- Estás demasiado calada – observou, fazendo-me levantar a cabeça do seu peito para o fitar –, passa-se alguma coisa?
- Não – afirmei – Eu acho… estava só a pensar. – Voltei a deixar que a minha cabeça repousasse.
- Em quê?
Sorri e mudei para o tom que uso quando brinco com alguma coisa.
- Tu normalmente dormes com todas as raparigas que vêm aqui parar? – Perguntei, sorrindo no fim. Ele percebeu a brincadeira e o seu peito encheu-se, indicando que também tinha sorrido.
- Não, és a primeira… - em seguida senti o seu coração acelerar um pouco, e consequentemente o meu também acelerou –, também és a primeira pela qual acho que me apaixono a sério…
Voltei a levantar a cabeça e quando olhei nos seus olhos vi um brilho que me fez sorrir. Ele estava a ser sincero, e isso não me podia fazer mais feliz.
- Estás-te a apaixonar pela rapariga que é lambida por porcos e não sabe montar um cavalo? – Perguntei, no gozo.
- Estou… pela Barbie da cidade.
- Excepto que não sou loira.
- Mas finges bem.
Revirei os olhos e beijei-o. Não podia ficar mais perfeito que isto, e nada arruinaria este momento. Até à campainha tocar.
- Eu vou lá – Liam levantou-se num instante e correu até ao seu quarto, vi pela porta aberta que tinha ido buscar outra blusa e vestia as calças pelo caminho.
Deixei-me cair para trás a sonhar acordada, como é que isto tinha acontecido? Num minuto vejo alguém ser morto, depois venho parar a um sítio que detesto e depois apaixono-me?
Decidi regressar à realidade e vesti roupa interior e a blusa que Liam tinha vestida, fazia-me sentir bem…, e então ao olhar pela janela petrifiquei por completo.
Corri para fora do quarto mas era tarde demais, Liam tinha acabado de abrir a porta e uma pistola estava apontada ao seu peito. Engoli em seco e voltei a meter-me para dentro do quarto. O que é que ia fazer agora? Isto era tudo culpa minha!
Agora deixo-vos mais uma parte, e a partir desta sim, ficam a faltar duas.
Talvez logo poste outro capítulo, depois vejo, porque ainda não tenho a história nem a meio...