Together as One
Capítulo 6
Assalto
Danny
Eu e Michael fomos na minha moto até ao ringue para nos encontrarmos com o Boogy e o resto da malta.
A minha moto era o meu orgulho, a única menina que alguma vez me tocou no coração. A única coisa de jeito que os meus pais alguma vez me deram.
Ringue era apenas o que o nosso grupo chamava a um descampado com duas balizas bastante afastadas uma da outra. Um sítio onde ninguém vai, e apenas muito raramente se ouvem barulhos de carros ou assim.
Estacionei a minha menina ao lado da mota de Shane e ambos nos encaminhámos para junto do resto da malta. Já cá estavam todos.
Boogy estava encostado a um dos postes da baliza, com uma feição completamente enfada. Os seus musculosos braços cheios de tatuagens tribais estavam cruzados. Ele era sem dúvida uma figura da qual a maioria das pessoas tem algum receio, para não dizer medo mesmo.
Do seu lado direito encontrava-se Shane. Shane é o típico guarda-costas, apesar de Boogy não precisar de tal coisa. Pela primeira vez seguiu o meu conselho e prendeu os seus cabelos loiros, pelos ombros. A melhor coisa que decidiu fazer, visto que com os assaltos não dá jeito nenhum mostrar-se nada que nos possa identificar.
Do lado esquerdo estava Kevin, a mandar pequenas pedras para longe. Ele é só músculos e nada de miolos, mas tenho que admitir, normalmente sai-se bem.
- Então pessoal? – Perguntou Michael, assim que nos aproximámos – Como é?
- Estava a ver que as princesas nunca mais chegavam – disse Boogy, com o seu típico mau humor.
- Problemas com os cotas – respondeu Michael –, nada de mais.
- Já sabem o sítio? – Perguntei.
- Achas que andamos a dormir? – Perguntou Kevin, em resposta à minha pergunta.
- Sim, sabemos – disse Shane.
- Então estamos à espera de quê? – Perguntei, deitando as mãos ao ar e sorrindo – Sigam que nós vamos atrás.
Sem pronunciarmos mais quaisqueres palavras, cada um de nós voltou para a devida mota – excepto Michael, que vinha comigo –, e assim que o resto da malta arrancou eu arranquei atrás.
O caminho não foi longo, seguimos uma estrada completamente escura e depois eles estacionaram, sempre comigo como sombra.
Saímos das motos e Shane trazia os capuchos na mão, enquanto que Kevin agarrava num saco negro de pano. Que estaria a tramar?
Bem, sinceramente também não me interessava lá muito, fosse o que fosse, este assalto iria ser óptimo para mandar o stress para um sítio que eu cá sei.
Quando nos aproximámos todos, fizemos uma roda como já era normal. Uma brisa deixou-se sentir, estava mais gélida que o normal.
- Kevin – disse Boogy. E Kevin abriu o saco para que cada um de nós tirasse da lá o que quer que fosse que lá jazia.
Por sorte, fui o primeiro.
Senti metal. Definitivamente frio. Apenas pelo tacto, calculei o que fosse, e não me surpreendi tanto quando tive a confirmação visual do objecto que manuseava.
Não sei porque se lembraram que subitamente precisávamos de algo assim.
Depois de todos tirarem uma para si, foi a minha vez de falar.
- Porquê uma arma? – Perguntei – Nunca usámos uma antes.
- Estás com medo? – Provocou Shane – Se não tens bolas o suficiente para aguentares vai para casa.
- Não, não estou – respondi, bruscamente –, apenas não esperava. Mas se queres saber, até não desgosto da ideia.
Shane entregou-nos as carapuças pretas. Boogy deu-nos umas indicações e depois dirigimo-nos para uma casa. Não aparentava ser muito rica, mas pobre também não era. E era perto do sítio onde tínhamos as motos, talvez a menos de 2 minutos a caminhar, logo a menos tempo se corrêssemos. Pusemos as nossas carapuças.
Kevin mandou uma pedra partindo a janela e foi o primeiro a entrar, seguindo-se Boogy, eu e Michael e deixando Shane na rua, para controlar as coisas.
- Para o chão, isto é um assalto! – Gritou Boogy, enquanto todos apontávamos com as pistolas para um casal de talvez trinta e poucos anos, que claramente estava assustadíssimo.
- Para o chão já! – Tenho que admitir que me dava imensa adrenalina sentir o poder assim sobre alguém. É algo único.
Eles assim obedeceram e a mulher começou automaticamente a chorar. Onde é que está a coragem hoje em dia?!
- Tu! – Kevin apontou com a arma para a mulher – Onde está o ouro?
Ela permaneceu calada.
- Onde está?! – Gritou, mais alto.
- No… no… quar-quarto – disse ela, enquanto gaguejava e chorava e soluçava.
- Por favor… levem… levem o que quiserem mas… não nos magoem… por favor… - dizia o homem.
- Calado! – Mandou Michael, olhando para mim em seguida. Eu sabia que ele se sentia exactamente como eu.
Kevin desapareceu por breves minutos com Boogy e reapareceram pouco depois, com o saco que antes se encontrava vazio, agora com um aspecto pesado.
- Tomámos a liberdade de vos fazer uma limpeza à casa – disse Boogy, com um certo traço de gozo na voz, que me fez sorrir brevemente.
- Vamos – mandou Kevin.
Desta vez o último a sair fui eu, e usámos a porta. Assim que me aproximei dela, ouvi o casal movimentar-se, de certo que iam chamar a polícia imediatamente.
Corremos que nem loucos até à mota e todos tomámos caminhos separados para não sermos seguidos. Boogy levou os pertences roubados, como sempre acontecia.
Encontrámo-nos no armazém, nos subúrbios da cidade, para dividirmos os bens como sempre fazíamos. Estivemos lá até às cinco da manhã, e quando finalmente cheguei a casa, após ter levado Michael à sua, mandei o saco com a minha parte dos bens para dentro do roupeiro e deixei-me cair em cima da cama ainda vestido, onde rapidamente adormeci.