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Together as One

por Andrusca ღ, em 30.03.11

Capítulo 18

Constrangimentos   

 

Ellie

 

Estava encostada à parede a falar com Alyssa quando vi Rachel a passar com o meu irmão lá fora, pela janela.

- Alyssa… - chamei –, eles não te parecem muito cúmplices?

- Um bocado, mas tu achas que…?

- Acho!

Puxei-a por uma mão e encaminhámo-nos depressa até onde eles estavam, parando mesmo por trás deles. Clareei a garganta para que dessem por nós, e por isso eles voltaram-se.

- Ora, ora, ora – disse eu –, que temos aqui?

- Bem nós… - o meu irmão estava nervoso e a Rachel corada. Tinha-os apanhado!

- Vocês namoram! – Acusei.

- O quê? – Rachel riu-se – Não, percebeste mal.

- Percebi? – Percebi?! Não, impossível…

- Nós curtimos na passagem de ano… - disse Michael –, e algumas vezes depois dessa… mas não é nada de mais.

- Hum hum – enganem-me que eu amo.

- É verdade – reforçou Rachel – Nós não te quisemos contar porque, bem… porque…

- Porque tu és uma das minhas melhores amigas e ele é o meu irmão Rachel! Porque é estranho e… - e nisto apareceu Danny, acabado de entrar pelo portão, e os nossos olhares cruzaram-se logo como imãs. Mas quem sou eu para os julgar? Não tenho esse direito, não quando fiz o mesmo, não enquanto ainda penso em fazer o mesmo. Senti-me a corar, o que será que Michael diria se soubesse? – Não faz mal – acabei por dizer, encolhendo os ombros –, a vida é vossa e… lá porque és minha amiga e ele meu irmão não são impedidos de se darem bem e…

- Estás bem? – Perguntou Michael – É que eu esperava o raspanete do ano…

- Não, sabes é que… - Eu estava nervosa, e sem argumentos. Ok, ele ia desconfiar, isto não era justo – vocês são pessoas e bem… são livres de fazerem o que querem e… - vi que Danny se começava a aproximar, não queria estar perto dele, não ainda. Sei que passei a última semana a evitá-lo, mas ainda não me sinto preparada para falar com ele normalmente de novo. E ainda para mais com Michael aqui, ele ia desconfiar! – Eu vou ver uma coisa à biblioteca.

- Ok… - disse Michael, sem perceber nada.

Voltei a puxar Alyssa e entrámos as duas para o corredor, onde me voltei a encostar à parede.

- Tu curtiste com o Danny, não foi? – Perguntou ela, com aquela voz de “nem vale a pena mentires”.

- O quê?! – Mas mesmo assim eu tentei – Claro que não! Só aquele beijo ao pé do bar, mas tu viste – é claro que na altura nem o conhecia, mas pronto. Ela arqueou a sobrancelha, não acreditava – E quando estava bêbeda.

- E… - insistiu.

- Ok, sim, na semana passada na casa dele. – Desisti. Também, talvez fosse bom falar disto com alguém… - Não sei porquê, simplesmente aconteceu e eu…

- E tu…

- E eu não queria parar – admiti –, por mim ficava assim o resto da tarde mas depois lembrei-me de com quem estava, do mulherengo que estava a beijar, do rapaz que em nada se parece comigo e…

- E paraste.

- E parei.

- E andas a fugir dele desde aí?

- Não ando a fugir, só não me dirijo na sua direcção…

- Ai rapariga – ela abanou a cabeça –, tenho o pressentimento que alguém está apaixonada.

- Shh, não estou nada – “não estou, não estou, não estou”, insisti, interiormente.

- Pois sim – disse ela, completamente sem acreditar.

Revirei os olhos e bufei, acho que já nem eu acreditava.

Finalmente começou a aula e Rachel chegou atrasada. Rachel e o meu irmão… apesar de no primeiro dia ela me ter dito que o achava giro, nunca pensei que fosse dar nisto. Suspirei. Só espero que ele não esteja só a brincar com ela, ia ter que falar com ele sobre isto, porque apesar de tentar ao máximo não me meter, não quero que ela saia magoada no meio desta história toda. Não merece. E pelo número de conquistas que o meu irmão possui, é bem possível que isso aconteça. Ele não é o tipo de rapaz de ficar agarrado a uma rapariga, fica a várias. “Tal como Danny”, apareceu, na minha mente “mas agora ninguém está a falar desse!”, reclamei, para mim. Bolas, sentia-me uma maluca perdida, sentada numa sala de aula, que já nem sabia se estava em História ou Geografia.

Quando o toque soou nem me mexi, e apenas dei conta que estava na hora de sair quando Alyssa me chamou e tocou no braço.

Saímos juntas e ela foi até ao bar comprar comida, sentámo-nos numa mesa e começámos a conversar até avistar Rachel, que se vinha sentar ao pé de nós.

- Olha Ellie, nós íamos-te dizer… - começou logo ela, assim que se sentou. Eu sorri-lhe e pousei a minha mão em cima da sua, ela calou-se e olhou para mim.

- Não faz mal – estava a ser sincera, afinal, qual é a diferença entre ela e o meu irmão e eu e Danny? Nenhuma – Só não quero que te iludas e que sofras.

- Obrigada – ela sorriu e deu-me um abraço.

Ficámos as três à conversa até voltar a tocar, infelizmente esta aula não ia ter com nenhuma das duas. Caminhei lentamente até à sala e ao fazer uma curva vi Danny e o meu irmão lá ao fundo.

Dei meia volta bastante rápido mas…

- Ellie! – A voz do meu irmão soou. Aparentemente não fui rápida o suficiente.

Parei e respirei fundo, lá ia ter que falar com Danny. Sabia que era algo inevitável, mas gostava de ter conseguido evitar durante mais um pouco espaço de tempo.

Esperei que me alcançassem e fingi o meu melhor sorriso.

- Não ias ter aulas naquele corredor? – Perguntou Michael, apontando para trás deles.

- Ia… quer dizer, vou – respondi – Só ia dizer uma coisa à Alyssa.

- Hum, está bem, e olha…

- Michael Davies! – Uma voz rouca soou vinda de trás de mim, e o meu irmão quase ficou azul. Voltei-me lentamente e vi um homem de meia-idade, com uma cara de meter medo ao susto – Já tocou, vamos para as aulas! E vocês também! – Nisto agarrou o meu irmão por uma orelha e encaminharam-se os dois para dentro de uma sala.

“Ok, isto foi estranho”, pensei. Olhei para Danny, ele ia dizer qualquer coisa, eu sabia, conseguia ver.

 

Danny

 

Tinha que dizer qualquer coisa, ela não me podia continuar a evitar o resto da vida. Tínhamos que resolver as coisas. Se não a posso ter de outra maneira, ao menos não a quero perder como amiga. Não a posso perder como amiga.

- Tens-me andando a evitar – murmurei, alto o suficiente para que ouvisse. O corredor já estava praticamente vazio, já tinha dado o segundo toque. Sabia que essa seria a sua desculpa para se safar à conversa.

- Não – disse-me – Danny, já tocou e… - tal como eu imaginava.

- Pára – pedi –, não venhas com desculpas. Desculpa ter-te beijado outra vez, nunca mais vai voltar a acontecer, juro.

Não consegui ler a sua expressão. Parecia apanhada de surpresa, sim, mas não conseguia distinguir se tinha ficado contente ou triste.

- Ok – disse.

- Não, não me digas só isso Ellie – quase que implorei. Abanei a cabeça, estava em sérios riscos de ela parar de me falar de vez – Aquilo não foi nada, ok? Vamos continuar como estávamos antes, pode ser? Foram só meia dúzia de beijos, eu não senti nada – completa mentira –, tu não sentiste nada, vamos simplesmente fingir que nada aconteceu, pode ser?

De novo, nada nas suas feições me deram qualquer sinal do que sentia. Engoli em seco.

 

Ellie

 

- Não, não me digas só isso Ellie. Aquilo não foi nada, ok? Vamos continuar como estávamos antes, pode ser? Foram só meia dúzia de beijos, eu não senti nada, tu não sentiste nada, vamos simplesmente fingir que nada aconteceu, pode ser?

Não sabia o que dizer. Ele não sentiu nada: dado adquirido. Eu não senti nada: afirmação à espera de confirmação. Eu sei que senti qualquer coisa. Qualquer coisa que nunca tinha sentido antes mas… mas não sabia o quê. Talvez estivesse a ficar louca, talvez não, mas ele não sentiu nada, logo porque haveria eu de sentir?

- Não te preocupes – proferi, devagar –, como disseste, aquilo não foi nada – formei um pequeno sorriso – Nós estamos bem, mas agora tenho mesmo que ir para as aulas.

Dei-lhe um beijo na bochecha para que visse que eu não tinha ficado chateada e em seguida corri até à sala onde iria ter aula.

 

(…)

 

Ouvi barulho no corredor e a porta à frente do meu quarto a fechar. Michael estava em casa, finalmente.

Levantei-me da cadeira da secretária e fui bater-lhe à porta, só entrando quando me disse que podia.

Ficou a olhar para mim, nada disse, mas eu sei que ele sabia o motivo pelo qual ali estava.

- Porque é que andas a curtir com a Rachel? – Perguntei, ao fim de poucos segundos de silêncio – Gostas dela, ou é só uma curte como tu dizes? Sê honesto Michael, porque ela é minha amiga e a última coisa que quero ver é ela a sofrer.

- Senta-te aqui – fui sentar-me ao seu lado, em cima da cama – Não sei. Não estou apaixonado, se é isso que queres saber, mas ela não me é indiferente.

- Como assim?

- Não somos… exclusivos, mas sinto ciúmes quando a vejo com outros. Mas não lhe digas, senão começa a pensar coisas.

Sorri.

- Tens ciúmes… gostas dela, não gostas?

- Não – Sorri de novo, ele gostava, mesmo que ainda não soubesse. Respirei fundo e dei-lhe um beijo na bochecha, dirigi-me à porta e antes de sair voltei a virar-me para ele.

- Michael, ela não vai ficar com curtes para sempre – disse-lhe –, às vezes as raparigas fartam-se de rapazes conquistadores e querem algo mais.

Desta vez foi ele a sorrir.

- Podes não acreditar, mas o Danny disse-me exactamente isso há bocado.

- É de admirar dizer alguma coisa certa – desta vez ambos rimos, e eu saí.

Ele não a ia magoar, parece que finalmente tinha encontrado algo que gostasse mais do que do seu carro.

 

Logo vem sneak peak, se quiserem ^^

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