Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Pétalas de Rosas

por Andrusca ღ, em 04.10.10

Para ser sincera, acho que este capítulo é um dos mais fraquinhos de sempre :s por isso peço já desculpa...

 

Capítulo 4

Presentes Caros

 

As aulas pareciam uma eternidade, até que finalmente tocou e fui com Gwen para o refeitório. Derek, Verónica e Gary já lá estavam, sentados numa mesa sozinhos, como sempre. Gwen sentou-se ao lado de Gary e em vez de comer, encostou-se a ele. Eu sentei-me ao lado de Verónica, em frente a Gary, e comecei a comer. Depois destes dias todos em que já nos sentávamos na mesa com os Thompson, ainda não me tinha habituado a isto. Derek e Verónica olhavam para mim a comer, e Gwen e Gary pareciam estar numa realidade alternativa onde só existiam eles os dois. Seja como for, numa mesa com cinco pessoas, só eu é que como, e isso é estranho. Cada garfada que levo à boca é cuidadosamente observada, e isso chateia-me um bocadinho.

- O que foi? – Perguntei, quando vi Verónica a olhar para mim pela ponta do olho, pela milionésima vez.

- Nada. Só… eu tenho saudades de comida – disse-me.

- Sim, nem me faças começar com esse tema – disse Derek.

- Pois bem, desta comida não iam sentir falta. É comida de escola, não presta – murmurei.

- Tenho saudades de comer bolos, e chocolate… - acho que Verónica se tinha “desligado” e agora sonhava acordada.

- Sim, eu tenho saudades de saborear gelado de morango… - murmurou Derek.

- Eu pensava que vocês ficavam felizes com sangue – disse Gwen, que decidiu juntar-se a nós.

- E ficamos – respondeu-lhe Gary – Mas às vezes é normal começarmos a lembrar-nos do que comíamos antigamente.

- Mas o que é que sentem quando bebem sangue? – Insistiu ela – É porque pensava que não iam ter desejo por qualquer tipo de comida…

- Nós sentimo-nos bem – disse-lhe Verónica –, e não são bem desejos, são mais memórias do passado, que se pudéssemos, voltávamos a reviver, em vez de nos alimentarmos sempre de sangue.

- Pois – disse Derek – Imagina que comes lasanha a todas as refeições, e que só podes comer isso. Connosco é o mesmo, o nosso organismo não suporta mais nada sem ser sangue. Sempre que temos fome temos que beber sangue, e vai ser sempre assim.

Sangue, sangue, sangue… é tudo o que oiço à hora do almoço. Pousei os talheres e os oito olhos da mesa viraram-se para mim.

- O que foi? Perdi o apetite… - disse-lhes. Com esta conversa como é que esperam que coma arroz de tomate com panados de peixe?

Agora percebo porque é que Gwen raramente almoça quando nos sentamos aqui. As conversas são sempre esplêndidas…

Quando tocou eu e Derek dirigimo-nos para Biologia, e ele sentou-se ao meu lado, como tem feito nas últimas semanas.

Quando as aulas acabaram, fui buscar Abby e quando cheguei a casa Dylan estava a ver televisão. Abby correu para o sofá e sentou-se ao lado dele.

- Como foi a escola? – Perguntei, a Dylan.

- Chata – respondeu-me –, mas não me baldei.

- Óptimo, é tudo o que peço – e dei-lhe uma pequena chapadinha na cabeça.

Subi para o quarto e tirei o livro de Geometria da prateleira, tinha um trabalho para entregar amanhã e ainda nem a meio ia.

Fiz uma coisa rápida para o jantar, e depois voltei a enfiar-me no quarto para acabar o trabalho. Sentei-me à secretária e recomecei de onde tinha parada.

- Olá.

Dei um pulo enorme na cadeira e a caneta que estava na minha mão caiu para o chão, antes de me virar para Derek. Fiquei a olhar para ele com aqueles olhos de “eu não tenho poderes vampirescos, por isso não consigo saber que aqui estás antes de falares”.

- Desculpa – disse-me, já ao meu lado e com a caneta na mão –, às vezes esqueço-me que se não falar não sabes que estou aqui.

- Estás desculpado – disse-lhe –, mas só porque tenho que acabar o trabalho.

- Geometria?

- Sim.

- Nós temos esse trabalho há uma semana…

- Sim, eu sei. Esqueci-me completamente dele.

- Precisas de ajuda?

- Não vou negar.

Ele sentou-se na cama, e eu peguei nas folhas e na caneta e fui para o seu lado.

Passei metade da noite acordada para acabar o trabalho, e sem a ajuda de Derek teria ficado a noite inteira. Acabei por me deixar de dormir encostada a ele, como já era habitual.

Não acordei com o despertador, como é normal. Acordei com uma mão muito fria a fazer-me festinhas na bochecha.

- Está na hora de acordar – sussurrou Derek, ao meu ouvido.

- Não quero acordar – murmurei, pondo a almofada em cima da cabeça. Consegui ouvi-lo a rir-se e tirei a almofada, para poder olhar para ele – O que foi?

- Nada, ficas engraçada quando acordas – disse-me.

- Hum… nada engraçado.

Dei-lhe com a almofada e levantei-me. Fui para a casa de banho e tomei um duche rápido para ver se acordava. Quando voltei para o quarto Derek já lá não estava, deve ter ido para a casa dele mudar de roupa, ia ser suspeito voltar para a escola com a mesma roupa de ontem.

Acordei Abby e Dylan e fui preparar o pequeno-almoço. Sentámo-nos os três a comer cereais, e o primeiro a cortar o silêncio foi o Dylan.

- Vou chegar tarde hoje – disse-me – Vou jantar na casa da Siara.

- Ok, diverte-te.

- Posso ir passar a tarde à casa da Amy? – Pediu Abby – Ela diz que a mãe dela deixa sempre… por favor!

- Tenho a tarde livre e vocês fogem os dois de mim? – Gozei – Ok, mas depois não se queixem se eu pensar que não gostam de mim.

- Assim ficas com mais tempo para namorar – disse-me Abby.

- Muito engraçadinha – disse-lhe.

- Por falar em namorar, sabiam que o corpo humano tem aproximadamente 639 músculos? – Continuou ela, como se eu não tivesse dito nada.

- O que é que isso tem a ver com namorar? – Perguntou Dylan.

- Nada – respondeu ela, descontraída – Mas lembrei-me agora.

- Não querida, não sabíamos – disse-lhe eu.

Cheguei cedo à escola, por isso sentei-me nas escadas da entrada. Ainda não se via muita gente, tinha mesmo chegado cedo. Normalmente quando o despertador toca não me levanto logo, e despacho-me com menos energia, mas como hoje foi Derek a acordar-me, acordei com as pilhas carregadas.

Aos poucos foi começando a chegar gente, e Gwen chegou quando faltavam dez minutos para o toque. Estou admirada de ainda não ter visto Derek chegar, visto que Verónica e Gary já tinham chegado.

Gwen sentou-se ao meu lado, com um sorriso reluzente nos lábios.

- Desembucha – disse-lhe –, o que é que aconteceu?

- Nunca vais adivinhar onde é que fui jantar ontem.

- Ok, por isso podes-me dizer já…

- Não é divertido fazer isto contigo… o Gary preparou-me uma surpresa daquelas.

- Ok, onde é que jantaste?

- Ele levou-me a jantar a Paris!

- Paris?! Em França?! Isso é fantástico.

- Eu sei. Devias ver, parecia que estava num filme. Foi tudo tão perfeito… e na semana passada quando fomos a Veneza também foi tão espectacular…

- Gwen… não te estás a aproveitar um bocadinho?

- Ele é meu namorado, e se me quer dar coisas eu não lhe vou dizer o contrário. Sabias que eles têm um jacto privado?

- Sim, o Derek mencionou isso, duas ou três vezes… - enquanto me tentava convencer a ir a Moscovo. Sem sucesso. Eu estou farta de lhe dizer que não quero que me dê prendas dessas.

- É tão maravilhoso. Neste andar vejo o mundo inteiro antes dos quarenta anos. Ah! E adivinha o que me comprou lá.

- Um colar?

- Não, isso foi na Argentina. Desta vez foi uma pulseira. Só queria que visses o que eu vi. Paris é tão fabuloso. Fomos à Torre Eiffel, e à Capela de Notre Dame… - respirou fundo – Não sei como é que não deixas o Derek fazer-te este tipo de coisas.

- Porque tenho irmãos. E responsabilidades.

- E? Nós fomos à noite…

- E o Derek não tem a obrigação de me dar nada.

- Mas se ele quer dar…

- Eu não devia dizer o contrário – completei. Era fácil demais saber o que ela ia dizer – Já sei. Mas mesmo assim, não me sinto bem a receber esses presentes todos…

- Porque não aprecias. Se queres um conselho…

- Eu sei o que vais dizer. Aproveita e não queixes, acertei?

- Acertaste sim. Olha, aí vem o teu príncipe – e apontou para Derek, que se aproximava de nós, e esboçou um sorriso quando a ouviu. Ainda me surpreende ele conseguir ouvir tão bem a tanta distância – Esta é a minha deixa para ir procurar o meu…

Gwen levantou-se e entrou para a escola. Eu levantei-me também, agarrei na mala e comecei a aproximar-me de Derek, apesar de ele vir na minha direcção. Mal chegou ao pé de mim, agarrou-me nas mãos e beijou-me.

- Bom-dia – disse-me, quando finalmente me deixou respirar.

- Oi.

Envolveu-me os ombros com um braço e começámos a dirigirmo-nos para a porta da escola. Quando subimos as escadas ele parou e olhou para mim, com uma cara pensativa.

- O que é que vais fazer hoje à tarde? – Perguntou-me. O tom soava inocente, mas conhecendo-o como conheço, há mais qualquer coisa.

- Fui abandonada pelos meus irmãos, por isso nada.

- Perfeito, eu sei exactamente o que vamos fazer.

Não adiantou mais nada, limitou-se a fazer aquele sorriso de quem está a tramar alguma e a continuar a andar.

No intervalo estive com Gwen e Gary, porque Derek desapareceu misteriosamente outra vez.

Quando chegou a hora do almoço, voltei a sentar-me com os Thompson, e Derek chegou pouco depois, sentando-se ao meu lado em seguida.

- Onde é que estiveste? – Perguntei – Desapareceste durante a manhã inteira…

- Fui tratar dos planos para esta tarde.

- Hum… está bem – o que é que ele me vai fazer que precise de tanto planeamento?

Quando a minha última aula finalmente acabou, chegou a altura de matar a curiosidade. Dirigi-me ao meu carro e vi que em vez dele, estava o de Derek no mesmo sítio, com Derek a acenar-me.

Aproximei-me dele e fiquei à espera que me dissesse qualquer coisa.

- Eu levei o teu carro para casa – anunciou – Hoje és minha e só minha.

Agarrou-me e beijou-me. Em seguida abriu-me a porta do lado do pendura e esperou que eu entrasse.

- Tanto mistério… - murmurei-lhe, enquanto entrava.

Vi-o esboçar um sorriso antes de fechar a porta, e depois foi para o lugar ao meu lado. Agora já conduzia mais devagar, da primeira vez que andei de carro com ele ia tendo um ataque cardíaco.

Ele levou-me até à praia. Descalçámo-nos e começámos a caminhar sem rumo, acho eu.

- Não me vais contar o que é que andaste a planear? – Pedi.

- Vou, quando chegar a altura certa.

Deu-me a mão e enquanto caminhávamos à beira mar não me disse mais nada. Estávamo-nos a aproximar do porto, onde estavam vários barcos atracados, uns mais pobres, e outros de arregalar os olhos. Derek não pareceu ligar, e continuámos o nosso rumo até lá chegarmos.

Ele aproximou-se de um pequeno iate, branco e reluzente, e subiu a bordo. O barquinho parecia de brincar, parecia uma miniatura perfeita de um iate grande.

Estendeu-me a mão para eu subir também, e eu fi-lo sem perguntar mais nada. Fosse o que fosse, ele não me ia contar.

Derek tirou umas chaves do bolso e ligou o barco. O barco começou a andar, e enquanto ele o conduzia, eu olhava a imensidão de oceano, que parecia um espelho de água, de tão calmo que estava. É raro o oceano estar assim, pelo menos aqui.

Quando Derek desligou os motores do iate, ainda se via a praia, embora um pouco ao longe. Levantou-se e veio ter comigo, que estava em pé a olhar em volta.

Deu-me as mãos e olhou para o lado, tal como eu, para onde o oceano continuava e era infindável.

- Gostas? – Perguntou-me ele.

- Sim, é lindo. E sente-se uma calma esplêndida.

- Chloe, lembras-te quando te quis pagar o resto da casa e tu não deixaste?

- E que pagaste na mesma contra a minha palavra? Sim, lembro.

- E quando disseste que não querias um IPOD todo XPTO e eu to queria dar?

- E deste na mesma.

- Sim. E quando disseste que não querias ir jantar a Roma e…

- E tu… bem, dessa vez fizeste-me a vontade. E eu agradeço bastante, acredita.

- Sabes que gosto de te dar coisas.

- E tu sabes que eu não gosto que gastes dinheiro assim. Só porque podes, não quer dizer que deves.

- E por isso é que não te contei antes. O iate é teu.

- O quê?! Tu compraste-me um barco?! – Olhei para ele, chocada, e ele para mim com um sorriso nos lábios.

- Sim.

- Espera. Tu compraste-me um barco?!

Ele soltou uma gargalhada.

- Sabia que não querias uma coisa muito grande, por isso mandei fazer este.

- Espera… um barco? Mandaste fazer de propósito? Para mim? Porquê?

- Porque… porque sinto que nunca te surpreendo o suficiente. Porque tu nunca me deixas dar-te nada e… tenho mesmo de justificar porque é que quero mimar a minha namorada?

- Bem… não mas… sabes perfeitamente que não me sinto bem quando me dás coisas assim, sabes que não preciso que me dês este tipo de coisas.

Agora sinceramente, para que raios é que eu preciso de um iate?!

- Eu sei, mas também sei que usas o IPOD que te dei, e que assim ficas com o dinheiro do café para ti, em vez de o gastares na renda. E sei que se tivesses ido jantar a Roma ias amar.

- Responde-me sinceramente. Porque é que me dás estas coisas todas? Porque se tens medo de me perder ou…

- Não é nada disso. Eu já te conheço, se não quisesses estar comigo não iam ser IPOD’s ou telemóveis, ou barcos, que te iam fazer mudar de ideias. Eu gosto de te surpreender. A Gwen gosta de ser surpreendida, e o Gary está-lhe sempre a comprar coisas e a surpreendê-la a cada dia que passa, e sinto que fico um bocado atrás nesse aspecto.

- Então, tu gostas de me dar coisas porque achas que não me surpreendes o suficiente…

- Não exactamente, mas a ideia está aí.

Sorri e abanei a cabeça.

- Tu já me surpreendeste imenso – disse-lhe – O Gary pode surpreender a Gwen com prendas, ou viagens em redor do mundo, mas no que diz aspecto a surpresas, tu ganhas Derek. Tu deste-me a maior surpresa da minha vida ao mostrares-me que vampiros podiam ser bons. Tu ganhas.

Ele sorriu e aproximou o seu rosto do meu.

- Mas o iate continua teu.

Passou as chaves para a mão e beijou-me, antes que pudesse reclamar.

O resto da tarde foi mágico. Acabámos por nos sentar no iate, a apanhar sol, e a namorar.

Depois Derek começou a ensinar-me a conduzi-lo. Acho que até me consigo safar bem, porém pôr-me no mar sem supervisão era o mesmo que ser suicida.

Quando a noite começou a cair Derek levou-me a casa no seu carro mas não entrou. Porém, prometeu voltar à noite, e eu sei que cumpria essa promessa. Cumpre sempre.

Entrei em casa e passei por Abby e Dylan, que estavam os dois no sofá. Eles viraram-se para trás para me verem, e devem ter notado no sorriso parvo que tinha na cara. Apesar de não gostar destas prendas caras de Derek, não posso deixar de ficar toda babada quando ele as dá.

- Que sorriso é esse? – Perguntou logo Abby, com aquela voz que sabe que se passou qualquer coisa.

- Não é nada – disfarcei, apesar de mal.

- Pois sim – disse Dylan – Olha que eu pensava que não tínhamos segredos.

Revirei os olhos e comecei a andar em direcção ao sofá, deixando-me cair nele em seguida.

- Eu tive uma boa tarde, só isso – disse-lhes.

- Então já estás feliz por te termos abandonado? – Perguntou Dylan.

- Espera lá! – Disse eu – Vocês sabiam disto, não sabiam?

- Nunca saberás – gozou Abby.

14 comentários

Comentar post