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Love Between Changes

por Andrusca ღ, em 18.04.11

Capítulo 22

Emendes * Parte 1

 

Levantei-me devagar e com cuidado para não acordar Jenny. Tinha ficado a dormir na sua casa, mas é escusado dizer que não preguei olho a noite toda. Não conseguia parar de pensar em tudo e mais alguma coisa.

Saí do quarto e fechei a porta sem fazer o mínimo barulho, ainda era cedo, não queria acordar ninguém. Olhei para a porta em frente, pelo que Jenny me disse, era o quarto de Logan. Queria entrar lá, queria resolver as coisas com ele tal como tinha decidido antes, mas antes tinha que fazer outra coisa. Precisava de resolver os assuntos com outra pessoa. E precisava de tempo para pôr as ideias em ordem. Resisti à tentação.

Desci as escadas e quando ia para sair ouvi passos atrás de mim e voltei-me.

- Daphne – disse Dianne –, ias já embora? Não queres comer nada? Ainda é tão cedo…

- Obrigada Dianne, mas eu tenho que resolver umas coisas, não leve a mal.

- Oh, por favor, não te prendas por mim – mostrou-me um daqueles sorrisos super maternais que eu sempre desejara receber e aproximou-se mais de mim – Mas diz-me querida, sentes-te melhor?

Encolhi os ombros. Na verdade não, sentia-me um caco, mas não a podia deixar saber isso, não queria que se preocupasse.

- Mais ou menos – disse-lhe, tentando sorrir, sem sucesso.

- Hum… por acaso isso não tem nada a ver com o meu Logan, tem?

Logan… mesmo enquanto me tento convencer que vai ficar tudo bem, tocam-me na ferida. História da minha vida.

- De certo modo. Dianne desculpe, mas eu tenho mesmo que ir, mas vou voltar, depois tenho que falar com o seu filho. Pode dizer à Jenny que eu saí e que não é preciso que ela se preocupe?

- Claro, o recado será entregue.

- Obrigada.

- Daphne, espero que resolvas seja o que for que te apoquenta.

- Também eu… - murmurei, antes de abrir a porta e sair.

Caminhei pelas ruas nesta manhã fria enquanto sentia o vento vir directo à minha cara. Sem dar por mim reduzi a velocidade do passo, inconscientemente não queria chegar ao meu destino. Tinha medo. Não do que Kevin me pudesse fazer ou dizer, mas do que poderia eventualmente ver reflectido nos seus olhos. Estava completamente convencida a emendar todas as porcarias que fiz até agora. E ia conseguir. Só tinha que arranjar a mínima coragem.

Quando cheguei à sua porta esperei um pouco antes de bater. Ainda era cedo, provavelmente ia-o acordar, mas não podia esperar mais. Toquei à campainha e esperei que abrissem, o que estranhamente não demorou muito tempo.

Kevin abriu a porta e olhou-me, suspirando em seguida. Não parecia raivoso, mas os seus olhos inchados denunciavam que tinha dormido tão, ou ainda pior que eu.

- Já estava à espera que aparecesses – disse-me, respirando fundo de seguida.

- Nós temos que falar – a minha voz soou como uma súplica, e ele apenas assentiu com a cabeça e abriu mais a porta para me dar espaço para entrar. Em seguida dirigimo-nos à sala, eu sentei-me no sofá e ele no cadeirão, praticamente à minha frente.

- O que é que queres dizer? – Ele estava calmo e falava baixo. Demasiado calmo…

- Vais ouvir até ao fim? – Pedi. Mais uma vez nada disse, apenas assentiu com a cabeça – Muito bem. Eu já conhecia o Logan antes de ele vir para a escola. Não quero perder tempo com os detalhes porque honestamente não te vão interessar, mas sim, é verdade, eu estou apaixonada por ele. – Ele suspirou, e eu tive que me manter forte para não desatar de novo a chorar – Mas não te usei para lhe fazer ciúmes. A verdade é que até agora nunca tinha percebido que gostava dele. Eu gostava ti, gosto de ti, bastante Kevin. És o meu melhor amigo, eu amo-te. E queria amar-te mais, acredita que queria, e eu tentei. Acreditei mesmo que era capaz, percebes? Vi o quanto estares comigo te fazia feliz, via a luz no teu olhar… - a minha voz começou a sair trémula, por isso obriguei-me a respirar fundo para me recompor – Eu adoro-te desde o primeiro dia que te conheci, tu és das poucas pessoas em quem posso confiar. Sim, não devia ter permitido que fossemos tão longe, não merecias aquilo que te fiz passar, não merecias alguém que não te amasse da mesma maneira.

- Não é só culpa tua – murmurou, interrompendo-me – Eu sabia que não me amavas. Sempre soube. Primeiro foi o Collin, e quando te livraste dele, quando as coisas pareciam que se podiam compor para mim, apareceu o Logan, e aí eu percebi Daph. Não importava quão bom eu fosse, simplesmente nunca seria eu. E eu sei que não me querias magoar, acho que também me magoei a mim próprio. Não devia ter dito o que disse…

- Não, tu tinhas razão – apertei os lábios um no outro – Eu não tinha o direito de te ter mentido, porque mesmo que a verdade doesse, assim doeu ainda mais. Mas eu preciso que saibas que nunca fingi nada ao pé de ti. Eu amo-te. Eu só… não te amo o suficiente.

- Sim… eu sei. E, para ser sincero, isso facilita uma coisa.

- Que coisa?

- Vou para Londres.

O quê? Não, não pode ser, este meu erro não me pode custar o meu melhor amigo assim sem mais nem menos, não pode.

- O quê?! Kevin, por favor…

- Não. Ouve-me tu agora. Os meus pais arranjaram lá um trabalho porreiro, e tu sabes que sempre quis frequentar uma escola de Artes. Bem, conseguiram inscrever-me numa mesmo boa.

- Mas isso quer dizer… - uma lágrima escorreu-me pela face e ele limpou-a com o dedo – que te vou perder…

- Não tonta… - saiu do cadeirão e sentou-se ao meu lado. – Só quer dizer que vou estar um pouco mais longe.

- Kevin eu estou tão arrependida… - e simplesmente assim, todas as lágrimas voltaram a escorrer-me pela face e fui envolvida no seu abraço.

- Shh, eu sei. Isto não é por tua causa Daph, eu já tinha planeado ir, só não sabia como te contar…

Não sabia o que dizer, por isso limitei-me a ficar quieta, junto a ele, enquanto tentava que as lágrimas cessassem por pelo menos dez minutos. Ele ia para Londres… ia estar longe de mim… tinha-o perdido.

- E agora? – Perguntei, com a voz rouca do choro, desviando-me dele para que o pudesse olhar nos olhos.

- Agora… - agarrou nas minhas mãos, respirou fundo e sorriu-me – Agora prometes que não vais recusar os meus telefonemas nem ignorar as minhas mensagens.

Sorri-lhe debilmente ao mesmo tempo que me limpava as lágrimas com o polegar.

- Prometo, se prometeres que telefonas e mandas mensagens.

- Prometo. Daph, eu não vou para te ver a sofrer, juro.

- Eu sei… eu sei, tu não és esse tipo de rapaz. É por isso que gosto de ti. Desculpa… a sério eu…

- Não se fala mais nisso, combinado?

- Combinado.

Como é que ele podia ser assim tão bom? Como pode, apenas desde ontem para hoje, ter ficado tão calmo e compreensivo? Como é que pode simplesmente aceitar que não gosto dele e dizer-me que vai para Londres?

Ele ser tão bonzinho ainda me fazia sentir pior por o ter magoado.

Mas pelo menos agora ia ser feliz, ou pelo menos espero que sim. Ele merece, mais que qualquer outra pessoa.

- Eu devia ir – disse-lhe – Há umas quantas coisas que quero fazer hoje…

- Sim, claro. Anda lá, eu levo-te até à porta.

Levantámos e ambos caminhámos até à porta, mas antes de a abrir voltei a virar-me para ele.

- Quando vais?

- Amanhã. Parto logo cedo, os meus pais foram há dois dias.

- Porque é que não me tinhas dito que eles já tinham ido?

Ele encolheu os ombros.

- Porque não sabia como te dizer que também ia.

- Vou ter saudades tuas Kev.

- Não… eu vou estar sempre presente.

Assenti e vi que não sabia como me despedir dele. Esta ia ser a última vez que o ia ver por um período indeterminado de tempo, e não sabia como me despedir do meu melhor amigo.

- Posso-te abraçar? – Perguntei. Ele sorriu-me.

- Precisas mesmo de perguntar? – Puxou-me para ele e deu-me um abraço apertado, seguido de um beijo na cabeça.

- Telefona-me quando lá chegares, está bem? – Pedi.

- Podes crer.

Demos mais um abraço e saí, com as lágrimas de novo a quererem cair. Mas desta vez eu não as ia deixar. Hoje já não podia chorar mais, amanhã ia ser um novo dia e podia vir a precisar destas lágrimas para essa altura. Não as posso usar todas no mesmo assunto, mesmo sabendo que nunca se esgotam.

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