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Pétalas de Rosas

por Andrusca ღ, em 06.10.10

E cá vai mais um capítulo...

Espero que gostem :D

 

Capítulo 6

Recompensas

 

Estava sentada debaixo de uma árvore, no pátio da escola, enquanto pensava numa coisa, quando Dylan chegou e se sentou ao meu lado. Olhei para ele e esperei que se pronunciasse, mas ele permaneceu calado. Estranho, o Dylan raramente se dá comigo na escola, e muito menos se senta ao meu lado para não dizer absolutamente nada. Enquanto o observava, ele olhava para a imensidão do bosque, com uma cara pensativa.

- Está tudo bem? – Perguntei-lhe.

- Sabes que dia é hoje?

- Terça-feira…

- Hoje faz dois meses que raptaram o Derek. Dois meses desde que entraste neste bosque à procura de um sonho.

- Sim, eu lembro-me. Também estava a pensar nisso.

- O plano era ridículo… mas conseguiram pô-lo em prática e salvá-lo. Tu conseguiste. E mataste o assassino do pai.

- Eu anestesiei-o, os Thompson é que o mataram.

- Mesmo assim. Foste tão corajosa nessa noite e… eu nunca amei ninguém o suficiente para fazer uma coisa dessas.

- Sim, amaste. Amas.

- Eu acabei com a Siera. Só… não estava a resultar. E se não resultou, é porque não a amava.

- Eu não estava a falar dela. Tu farias uma coisa dessas pela Abby. Por mim. Podias estar muito chateado, podias estar em negação, mas farias. Da mesma maneira que eu e ela o faríamos por ti.

- Então basicamente, o que estás a dizer, é que só posso contar com o amor da família.

- Não.

- Porque tu namoras com um vampiro, e consegues que resulte. Como é que eu não consigo quando se trata de uma rapariga normal?

Encostei-me a ele e pousei a minha cabeça no seu ombro.

- Hás-de conseguir. Por momentos, eu também pensei que não conseguiria. E agora olha para mim, passados dois meses, estou feliz. E tu também vais ficar. Não foi a Siara. Vai ser outra. O meu conselho é não te preocupares.

Ele deu uma pequena risada.

- Há dois meses, quem diria que me ias estar a dar conselhos amorosos?

- Sim… é incrível como as coisas mudam.

Quando tocou fomos ambos para as aulas.

Gwen tinha ido a uma consulta de rotina, e Derek tinha ido ao hospital buscar sangue.

Quando chegou a hora de almoço, sentei-me na mesa onde Verónica e Gary estavam.

- Com saudades do namorado? – Perguntou Gary, a meter-se comigo.

- Com saudades da namorada? – Perguntei-lhe – É que não sou eu que não deixo o Derek respirar, e também não ando em cima dele vinte e quatro horas por dia.

- Ela nunca reclamou.

Como sempre, eles ficaram a olhar para mim, enquanto eu comia. Depois do almoço eles foram logo para as aulas, enquanto eu não, porque a minha professora faltou.

Fui para a parte de fora da escola e sentei-me numa das mesas de pedra, com os pés apoiados no banco, a olhar de novo para o bosque. Depois de amanhã iriam fazer dois meses que estava com Derek, e desta vez não queria que fosse ele a surpreender-me. Desta vez queria ser eu a preparar a surpresa.

- Olá.

Dei um pulo ao ouvir esta voz, e só agora é que me apercebi que não estava sozinha. Olhei para o lado e vi-a a sorrir-me, de novo doce e encantadora, como se eu não soubesse a verdade.

Levantei-me e comecei a andar em direcção às escadas da entrada. Ela seguiu-me.

- Porque é que estás a fugir de mim? – Perguntou.

- Porque me estás a seguir – disse-lhe – Se fores para outro lado já não fujo de ti.

- Ah, já percebi! O teu namoradinho já te envenenou contra mim.

Virei-me para ela e encarei-a.

- Ele não precisava, eu sei julgar as pessoas sozinha.

- Não te preocupes, não tens que fugir de mim, não te vou matar. Ainda.

- Uau, isso é reconfortante. Charlotte, o que é que queres? Só… faz o que quer que seja que viste cá fazer e vai-te embora.

- Não tão depressa. Eu quero apreciar a estadia. Sabes… eu não sou assim tão má. Já te podia ter morto, mas não o fiz… o que é que isso te diz sobre mim?

- Que tens paciência, mas não me garante nada.

Ela revirou os olhos.

- Tenho que admitir, estar aqui contigo, vai-me dar bastante gozo.

- Pelo menos uma de nós sente isso.

Continuei a andar e comecei a subir as escadas.

- Sabes… eu podia ser a tua melhor amiga… livrávamo-nos da Gwen e…

Parei subitamente e virei-me para ela, aproximando-me. Se fosse uma daquelas rapariguitas populares todas maricas, eu parecia intimidadora, mas como é uma vampira má e sádica, não sei bem, mas isso não me deteve.

- Mantêm-te afastada da Gwen – disse-lhe – Eu não sei que tipo de jogo distorcido é que vieste para aqui jogar, mas eu não quero jogar.

Ela sorriu docemente, e depois os seus olhos mudaram e os vasos sanguíneos ficaram completamente encarnados, mas os dentes não desceram.

- Eu não acho que percebeste. Tu não escolhes se jogas ou não. Eu escolho. E tu és a jogadora principal minha querida.

Afastou-se de mim e entrou para a escola. Dei com a mala no muro, que fazia de corrimão, e toda a gente olhou para mim. Claro, não olham quando aquela vampira mete os olhos diabólicos, mas olham quando dou com a mala. Faltei a História, não me apetecia dar de caras com Charlotte outra vez.

Fui para o carro e pus-me a caminho de casa.

Mas quem é que Charlotte pensa que é?! Pensa que é só chegar aqui e começar a intimidar e a ameaçar toda a gente?! Pensa que vai tudo comer à mãozinha dela?! Pois eu não. Não sei porquê, mas não consigo sentir medo dela. Sinto raiva. Sinto repugnância. Sinto vontade de me agarrar ao pescoço dela e esganá-la. E é aí que me lembro que não iria servir de nada.

Ela é mais forte que eu. É mais forte que os vampiros que eu conheço. E é perseverante. Ela não me parece ser o tipo de pessoa que desiste à primeira tentativa, nem à segunda, nem à terceira… ela fica a tentar até conseguir, e quando conseguir pode ser tarde de mais para se salvar alguma coisa.

O que é que ela quis dizer com eu ser a jogadora principal? Ainda não me fez nada, como é que era eu a jogadora principal? E que raio de jogo é que estávamos nós a jogar?

Quando cheguei subi para o quarto e mandei-me para cima da cama. Estava sozinha.

Agora estava na altura de pensar em Derek. De pensar no que iria fazer para celebrar os nossos dois meses de namoro. Depois de tudo o que ele fez por mim, queria recompensá-lo da melhor maneira possível.

Não me vinha ideia nenhuma à cabeça, e vi pela janela que Gwen se dirigia para a porta. Desci as escadas e abri-a antes que ela batesse. Fomos as duas para o meu quarto e sentámo-nos na cama. Pu-la a par dos acontecimentos de hoje, mas ocultei a parte de Charlotte. Notava-se que Gwen já estava aterrorizada com ela, não era preciso assustá-la mais.

- Então tu queres surpreender o Derek… - disse ela – E que tal uma ida ao cinema?

- Uma ida ao cinema? Gwen, nós vamos ao cinema montes de vezes. Eu quero uma coisa especial, inesquecível.

- Hum… podiam ir à praia e fazer um piquenique lá…

Olhei para ela com uns olhos de “estás a gozar comigo?!”. Apesar de essa ideia já me ter passado pela cabeça, demorei logo milésimos de segundos até perceber porque é que não ia resultar, mas Gwen não parecia compreender o meu olhar.

- Deixa-me ver se percebi – disse-lhe eu – Nós vamos à praia… eu como, e o Derek fica a olhar. Ou então ele bebe sangue enquanto eu como tarte.

- Ok, tens razão, má ideia.

- O que é que tu e o Gary vão fazer?

- Ele vai-me levar à Holanda.

- Ok, eu estou oficialmente sem ideias.

Gwen jantou connosco, e depois de estar tudo despachado, voltei para o quarto. Amanhã é o dia, e ainda não tenho nada planeado. Que raio de namorada sou eu? E ele, será que ele está a planear qualquer coisa? Espero bem que não…

Sentei-me no parapeito da janela e observei as estrelas. Agora, durante a noite, Verónica levantava o manto de nuvens do céu, e deixava as estrelas bem à vista. Desde que os Thompson chegaram, que o céu, durante o dia, está sempre enublado. É obra de Verónica. Ela consegue controlar o clima.

Fiquei a pensar durante um bocado, até que Abby bateu à porta e deu-me um beijinho, dizendo em seguida que se ia deitar.

Quando eram onze horas já estava perdida de sono, abri a porta e espreitei, Dylan ainda tinha a luz do quarto acesa.

Deitei-me e tentei dormir. Talvez me viesse alguma ideia boa à cabeça para surpreender Derek.

 

***

 

Derek estava longe, encostado a uma árvore, que ao contrário do normal, não estava verde e florida. Esta cinzenta e morta.

Senti um calafrio ao dar um passo na sua direcção e parei logo. Tudo me dizia para não avançar mais. Para ficar quieta, escondida entre o arvoredo, porque algo de mau ia acontecer.

Vi Verónica aproximar-se de Derek e pôr-lhe a mão no ombro, e só agora percebi que ele chorava.

- Ela matou-a – pronunciou, enquanto uma lágrima lhe molhava a cara.

Quem? Quem morreu? Quem matou quem? Porque é que ele chora?

Queria aproximar-me. Queria dizer-lhe que tudo ia correr bem, que eu estava com ele e o ia ajudar a superar o que quer que tenha acontecido, mas não consegui. Tentei mover as minhas pernas, mas elas não me obedeciam. Era como se estivessem presas ao chão, como se não fosse eu que as comandasse.

- Lamento Derek – disse Verónica, abraçando-o – A Chloe era uma rapariga fantástica. Ela não merecia.

Gelei completamente, e se as minhas pernas não me obedeciam até agora, agora ainda era pior. Eu morri? Mas não. Eu estou aqui. Estou viva. Estou bem.

Vi uma rapariga com cara angelical e cabelo ruivo, mas com alma de diabo, aproximar-se.

Ela sorriu diabolicamente para Derek, e este atirou-se a ela com uma raiva em incandescência. Charlotte soltou-se dos braços de Derek e pousou em cima de um ramo de uma árvore.

- Eu avisei – pronunciou – Eu consigo sempre o que quero.

Desapareceu do meu campo de visão, e Verónica voltou a abraçar Derek, a tentar consolá-lo.

Ele estava tão triste, tão destroçado, tão… sem vida.

Uma mão pousou no meu ombro e eu assustei-me, mas abafei um grito. As minhas pernas obrigaram-me a virar-me para ela, e Charlotte sorriu.

- O jogo começou – disse-me, com um sorriso malvado nos lábios.

Assim que me senti a acordar, num impulso, sentei-me. Estava a transpirar, e uma lágrima escorria-me pelo rosto. O quarto estava completamente escuro, e comecei a ouvir uma respiração. Estiquei o braço muito lentamente até alcançar o candeeiro da mesa-de-cabeceira e liguei-o. Observei, mas não vi ninguém dentro do quarto.

Seria ela? Estaria Charlotte no meu quarto, à espera que eu acordasse para me matar realmente?

A porta abriu-se e de lá apareceu um homem, muito magro, com um cabelo liso até aos ombros e um cavanhaque escuro, da cor do cabelo. Tinha os dentes descidos, e os vasos sanguíneos dos olhos a vermelho vivo, enquanto a pupila estava cinzenta.

- Aisaec… - murmurei, já a ficar sem voz.

- Parece que alguém teve um pesadelo… olha em volta – disse-me ele.

Obedeci, e de súbito já não estava no meu quarto. Estava amarrada numa cama, numa sala enorme, escondida numa casa de madeira no meio do bosque.

- Isto não é real, tu estás morto – disse-lhe.

Ele aproximou-se e cravou os seus afiados dentes no meu pescoço, enquanto eu deitei um grito estridente, tirando-os em seguida. Queria levar a mão ao pescoço, queria aliviar a dor, mas não conseguia. Ele limpou a boca com as costas da mão e voltou a olhar para mim.

- Minha querida Chloe… isto, é muito real. Felizes dois meses – e voltou a cravar os dentes no meu pescoço.

 

***

 

Assim que acordei sentei-me, de impulso, e levei a mão ao pescoço. Estava ofegante, e toda a tremer. Olhei em volta mas o quarto estava escuro, a noite ainda não tinha acabado.

Ouvi um passo, e liguei a luz do candeeiro da mesa-de-cabeceira o mais rápido que consegui. Respirei fundo ao ver Derek ao pé da cama, com uma cara de incompreensão.

- Estás bem? – Perguntou-me – Estavas bastante agitada.

Pus-me a andar de joelhos, desajeitadamente por causa dos lençóis e das mantas, até chegar ao fim da cama, e agarrei-me a ele pela cintura.

- Eu sonhei com ele. Aisaec. O vampiro que matou o meu pai.

Ele sentou-se na cama, ao meu lado, ainda comigo a agarrá-lo, e envolveu-me nos seus braços.

- Lamento – disse-me.

- Ele estava-me a morder e… era tão real, eu pude sentir tudo…

- Foi só um sonho Chloe, ele não te vai apanhar, está morto. Ninguém, nem mesmo vampiros, pode voltar a viver. Descansa.

- Não te vás embora – pedi – Fica aqui e… só… fica abraçado a mim durante um bocadinho.

Ele deu-me um beijo na cabeça e abraçou-me com mais força.

- Prometo. Felizes dois meses de namoro.

- Sim, para ti também.

Derek ficou comigo até de manhã, e depois foi à casa dele para se despachar para irmos para a escola.

Levantei-me, despachei-me e acordei os meus irmãos. Como eles ainda estavam a comer o pequeno-almoço e eu já estava despachada, subi para o quarto. Ainda não tinha tido ideia nenhuma para surpreender Derek hoje. Desde que acordara que a minha cabeça estava centrada no pesadelo de ontem à noite. Charlotte… Aisaec… ambos vampiros, ambos maus, e ambos contra mim. Por sorte Aisaec estava morto, não iria voltar, isso eu sei, mas quanto a Charlotte já não tenho certezas de nada.

Achei melhor não contar essa parte do pesadelo a Derek. Ele já anda bastante stressado com a chegada de Charlotte, não precisava de mim e dos meus sonhos estúpidos para o stressar ainda mais.

Fui de encontra à mesa-de-cabeceira quando me estava a levantar da cama, e esta abanou. O livro que lá estava em cima, “Crepúsculo”, da Abby, caiu. Soltei um pequeno sorriso ao apanhá-lo. Nunca quis ler este livro por nada, e depois de conhecer Derek, não o consigo parar de ler. Se bem que só o li duas vezes. Sentei-me na cama e abri o livro. A meio estava uma rosa seca, a rosa que Derek me tinha dado no dia em que começámos a namorar. Ao olhar para a rosa, percebi exactamente o que tinha que fazer para o dia de hoje ser esplêndido.

Quando chegámos à escola, Dylan foi ter com os amigos e eu com Gwen.

- Eu sei o que fazer para o Derek – disse-lhe.

- Olá, bom dia para ti também – e sorriu – O que é que decidiste?

- Depois digo-te. No intervalo grande empata-o durante dez minutos e depois diz-lhe para ir ter comigo, ok?

- E onde é que digo que vais estar?

- Ele é vampiro, não precisa de orientações.

Quando chegou o intervalo grande, dirigi-me ao bosque e comecei a caminhar rapidamente. Só dispunha de dez minutos de avanço.

Cheguei ao pé do pequeno lago de água cristalina, com a ponte por cima e os vários tipo de flores em redor, e pousei a mala. Este sítio era simplesmente mágico. Foi aqui que começámos a namorar, foi aqui que lhe disse o que sentia, e é este o sítio que para sempre será nosso. O pequeno paraíso infiltrado no bosque.

Arranquei várias rosas vermelhas e escrevi “Amo-te, para Sempre” no chão, com elas.

Derek chegou assim que acabei a última letra, e ficou com um sorriso parvo na cara.

- O que é isto? – Perguntou, ainda meio aparvalhado.

Aproximei-me dele e pus os meus braços à volta do seu pescoço.

- Eu queria recompensar-te por tudo o que fizeste, e fazes por mim – disse – E tenho matado a cabeça à procura de alguma coisa que te mostrasse isso, mas há bocado, quando vi a rosa que me ofereceste aqui, no dia em que começámos a namorar, percebi.

- O quê?

- Que tu não queres grandes recompensas. Que, como eu, só queres saber que és amado. Por isso, esta é a minha forma de te dizer que és. Não só palavras, mas tudo. Eu amo-te. Hoje. Amanhã. E para sempre.

Ele sorriu e vi que os seus olhos brilhavam mais que o habitual. Ele estava a olhar directamente nos meus, e puxou-me para ele com uma rapidez incrível. Não é difícil dizer que este foi o beijo mais apaixonado que alguma vez me deu, nem o que eu alguma vez dei. Ele estava aqui para mim. Estava aqui por mim. E nada pode estragar este momento.

Quando finalmente me parou de beijar e me deixou respirar, sorriu de novo.

- E eu também te amo. E é por isso que não te comprei nada caro, como pediste.

- Nada caro? Então compraste alguma coisa?

Ele levou a mão ao bolso das calças e de lá tirou uma pequena caixinha, que abriu. Lá dentro estava um anel prateado.

- Não é prata – disse-me, a rir-se. Era exactamente o que lhe ia perguntar, e em seguida ia-lhe dar na cabeça por ter gasto dinheiro num anel de prata para mim – E não foi caro. Mas vale imenso.

Fiquei a olhar para ele sem reacção, e ele voltou a rir.

- Não te estou a pedir em casamento nem nada – disse-me – É só um sinal do meu amor por ti.

Sorri também e ele agarrou na minha mão, onde enfiou o anel no dedo anelar.

- Ainda bem que não gastaste muito dinheiro – disse-lhe, antes de o puxar de novo para mim para o beijar.

 

Peço desculpa pelos erros, não tive tempo de corrigir :s

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