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Together as One - The Second Part

por Andrusca ღ, em 04.05.11

Afinal hoje ainda deu... amanhã é que já não sei :s

 

Capítulo 17

Afastamento

 

Ellie

 

Já se tinham passado duas semanas desde o início dos assaltos, e as notícias sobre eles eram cada vez mais constantes. E o grande problema que me atormenta é que sinto que Danny me anda a esconder qualquer coisa mas não me diz o quê. E tenho medo que seja ele que ande a fazer estas asneiras. Por um lado penso que é o Danny, e que ele nunca seria capaz de voltar a cometer o mesmo erro; mas por outro, porque não? Até onde eu sei, ele gostava da adrenalina dos roubos, e até onde já me apercebi, ele não é rapaz de ficar sem se meter em sarilhos durante muito tempo. Só gostava que não fosse em sarilhos destes que se estivesse a meter outra vez.

E os álibis. Os álibis do Danny são sempre, ou esteve em casa – sozinho ou com Alice, que praticamente não conta pois pode estar a haver um terramoto e aquela mulher não dá por nada –, ou com Michael, que também não é santinho nenhum.

Michael…

Ele também não podia andar metido nisto outra vez, não podia.

Mas eu não tinha provas, e por isso não os podia acusar. E ainda havia o facto de não saber se Boogy, Shane ou Kevin tinham fugido da prisão. Mas se fugiram, porquê separarem-se e seguirem apenas dois? Se assim fosse, de certeza que Kevin tinha ficado para trás, ele sempre me pareceu como o mais fraco dos três…

- O que é que lhe vai pela cabeça, Eleanor? – Perguntou o meu pai. Hoje éramos apenas nós a almoçar em casa, a minha mãe tinha ido às compras com as amigas e Michael tinha ido sair com Danny. De novo, apenas os dois. Se houvessem notícias mais logo a dizer que qualquer coisa tinha sido assaltada por estas horas acho que ia dar em louca.

- O pai lembra-se dos rapazes que foram presos por causa dos assaltos, no ano passado? Aqueles contra quem argumentou no tribunal?

- Claro, porquê?

- Sabe se eles ainda se encontram presos?

- Acredito que sim, eu caso contrário teria recebido qualquer coisa a avisar. O Jim – um amigo dele que trabalha na prisão – ter-me-ia dito, com certeza.

- Certo…

E isso era mau. Com aqueles três fora da fotografia, não me deixavam muitas hipóteses de escolha.

Mas claro que também podiam ser pessoas que eu não conhecia. “Pois sim, fia-te nisso”.

- Obrigado – disse-lhe.

- Mas porque queria saber Eleanor? – Perguntou, levando mais uma garfada de arroz à boca.

- Tem visto as notícias?

- Algumas.

- Sobre os roubos?

- Acredita que eles estão envolvidos, é isso?

- Bem, agora já não, se estão presos é impossível.

- Pois, mas não se mace com esse assunto querida, não são coisas para pôr a sua cabecinha às voltas – pois, o problema é que isso era exactamente o que eram.

 

Danny

 

Desliguei a televisão e bufei. Isto estava uma seca. Ellie disse que tinha que estudar para um teste qualquer, Michael despachou-se logo de mim para ir ter com Rachel, e Felícia não me atendia o telemóvel. Acho que a parte menos secante do meu dia tinha sido ver o professor Roaks às voltas a tentar explicar aquelas equações maradas. O que é incrível, visto que mesmo aí sentia que ia adormecer a qualquer momento.

Olhei para o telemóvel, já eram quase quatro horas, talvez Ellie já tivesse acabado de estudar. Peguei nele e procurei o seu número, chamando em seguida.

- Olá linda – disse-lhe, quando atendeu.

- “Oi…” - pronunciou, com um falso entusiasmo. Ultimamente tenho ficado com a sensação que me anda a evitar, apesar de não fazer a mínima ideia da razão. Sinto que já não somos os mesmos, desde aquela noite em que me embebedei no bar. Mas não podia ser só por isso, devia haver mais qualquer coisa que me estava a escapar.

- Já estudaste tudo? – Rezei para que dissesse que sim, mas no fundo sabia qual seria a sua resposta.

- “Amor, não…” – Claro que não. Da mesma maneira como anteontem também não podia ir sair à noite, e antes disso não lhe apetecia ir dar uma volta pelo parque.

- Ellie, vá lá, já não estamos sozinhos há séculos – Ok, não era assim há tanto tempo, eu sabia disso, mas mesmo assim pareciam centenas de anos. E o que mais me matava era não saber porque é que não queria estar comigo.

- “Oh amor, não é assim há tanto tempo. Nós andamos cheios de testes, sabes disso” – sim, isso era verdade, mas também sei que não é razão para ela não poder dispensar meia hora para passar com o namorado. Ela tem altas notas, com, ou sem estudo.

Mas decidi não insistir mais, apesar de me matar por dentro, se não queria estar comigo não a ia obrigar.

- Está bem – disse-lhe, derrotado.

- “Ficas zangado?” – Perguntou, com uma voz super querida.

- Não – menti – Vá, volta ao estudo. Amo-te.

- “Também te amo”.

 

Ellie

 

Desliguei o telefonema e deixei-me cair para trás, deitando-me na cama, entre os livros de Geometria. Detestava evitá-lo desta maneira, mas a minha cabeça neste momento estava uma confusão. Não sabia o que pensar, aliás, não sabia pensar sequer. Eu queria confiar nele, mas por outro lado tinha medo de que se confiasse demasiado, ainda podia sair magoada como da última vez.

Depois disto já não tinha cabeça nenhuma para estudar, por isso calcei os ténis e fui dar uma volta pelo parque.

- Olhem quem cá está – ouvi, num perfeito sotaque britânico.

- Jeff! – Exclamei, ao mesmo tempo que me virava para o encarar – Como estás? Melhor?

Ele tinha faltado por duas semanas às aulas, primeiro apanhou uma virose qualquer, e depois varicela, coitado. Durante todo esse tempo ninguém o tinha ido visitar, ambas as coisas eram contagiosas…

- Estou óptimo – disse-me – Tu é que não pareces lá muito bem…

- Pois…

- O que é que se passa? – Começámos a andar.

- Ouviste falar dos roubos? – Perguntei.

- Por alto, apenas. Porquê?

- Eu só… é estúpido, deixa lá.

- Não, vá lá, eu quero saber. Para te deixar assim tão em baixo de certeza que é alguma coisa.

- Sabes que mais? Eu não quero falar sobre isso.

Ele ainda insistiu durante mais um bocado, mas eu fui mais forte e acabámos a falar de outros assuntos. Danny voltou a telefonar-me, mas eu não atendi, ele ia ouvir o barulho da rua, e depois ia começar com as perguntas, e eu já sabia onde isso ia dar.

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