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Together as One - The Second Part

por Andrusca ღ, em 11.05.11

Desculpa a demora, hoje não tenho muito tempo para estar no pc.

Espero que gostem ^^

 

Capítulo 25

Regresso à Realidade

 

Danny

 

Quando pensava que não havia volta a dar, quando comecei realmente a perceber o que era perder a pessoa que mais amamos para sempre, os médicos conseguiram estabilizá-la, porém ela não acordou.

E continuou assim por mais três dias.

O médico dizia que era frequente estes casos acontecerem, e aconselhou-me a ir a casa, talvez dar um passeio, de modo a conseguir desanuviar de toda esta pressão, mas claro que recusei. Não a ia abandonar, muito menos agora.

Cada vez que me lembro de quando a deixei sinto-me como se fosse eu a morrer. A dor que me transmitiu pela voz, ao implorar-me que não fizesse aquilo e que não me afastasse dela… se soubesse o que sei hoje, certamente lhe teria dado ouvidos e não sairia da sua beira.

Saí do quarto de modo a dar mais privacidade aos seus pais, que tinham chegado há poucos minutos, e dirigi-me até à máquina de bebidas, tirando uma garrafa de água. Dei um gole e inspirei. Estava cansado da espera. Esgotado até. Sentia que ela estava próxima de mim, mas suficientemente longe para que não a conseguisse agarrar e puxar. E isso dava cabo de mim. Fazia-me perceber que por muito que a amasse, isso não serviria nada quando o momento do fim se aproximasse. O meu amor por si não ia mudar se ela sobrevivia ou… respirei fundo, não podia pensar nestas coisas, metiam-me com as lágrimas nos olhos com uma força inexplicável.

Quando o Sr. e a Sra. Davies se foram embora, eu comi os restos do almoço que Alice me tinha levado, e depois comecei a ver a matéria de Biologia que Felícia me tinha cá deixado. Tomei um banho e vesti o pijama, e depois, tal como em todas as outras noite, puxei a cadeira para ao pé da cama e agarrei-lhe na mão.

Uma vez mais dei por mim a apreciar a sua beleza. As pestanas longas e escuras estavam bem visíveis, tal como os olhos estavam bem fechados. Se ao menos os abrisse…

- A Felícia veio cá outra vez – disse-lhe, e sorri com a resposta que ela provavelmente me diria – Eu sei, eu sei que não gostas dela mas… ela está a ser uma fixe, sabes? E por muito que me custe dizer, é uma das pessoas que faz com que eu não ande aí pelos cantos a chorar… - mais uma vez sorri, ao imaginá-la a dizer “mas tu andas pelos cantos a chorar” – Sim, é verdade… - suspirei – Ell, quando é que vou poder parar de imaginar a tua voz? Quando é que vais finalmente falar comigo? Eu, sinceramente, não sei quanto tempo é que aguento mais Ell…

E mais uma vez, tal como em todos os outros dias, deixei que as lágrimas me escorressem pela face. Pousei a cabeça na cama, ao seu lado, sem deixar de lhe agarrar a mão com a minha, e tentei fazer o choro parar. Pensei no que me diria se me visse agora. Diria para não estar assim, que não valia a pena, e que tinha que ter fé. Mas ao fim de todos estes dias… como é que espera que mantenha a fé ao fim de tanto tempo?

- Se ao menos soubesses como isto é difícil Ell… - murmurei, contra os lençóis que lhe assentavam na bata de hospital que lhe cobria o corpo – Se ao menos percebesses e quanto preciso que acordes. Desculpa ter acabado contigo. Desculpa ter mentido quanto a ir ter com a Felícia. Peço desculpa por qualquer coisa… mas por favor, volta, imploro-te. – e as lágrimas continuavam a escorrer.

 

Ellie

 

Aos poucos comecei a ouvir barulhos e a aperceber-me das coisas. Ainda de olhos fechados, conseguia distinguir que estava num sítio claro, onde quer que fosse. Não me conseguia lembrar bem do que se tinha passado, apenas pequenos fragmentos me assaltavam a memória. Um tiro… conseguia ouvir o barulho vezes e vezes na minha mente, e depois lembro-me do sangue. E depois dele. A segurar-me, a pedir-me para não o deixar, mas a dor foi mais forte que a minha vontade de permanecer acordada, e por isso cedi. Jeffrey… ele tinha sido o causador de tudo… e eu tinha confiado nele.

Respirei mais uma vez e concentrei-me no que conseguia ouvir, visto que sentia os olhos demasiado pesados para os conseguir abrir. Ao respirar tinha sentido o seu perfume… estaria a delirar? Mas depois quando comecei a tentar ouvir melhor, ouvi um choro baixo, já em vias de parar, arriscaria a dizer. Tentei mover a minha mão, mas não consegui, estava fraca. E foi aí que percebi que algo me tocava nela. Era uma mão quente e macia… a dele, tinha a certeza.

Danny… ele tinha ficado comigo.

Eu tinha que abrir os olhos, tinha que ficar também com ele, tal como ficou comigo. Tinha que lhe mostrar que estava arrependida de tudo. Não ia dar outra vez nenhuma oportunidade a que algo de mau me acontecesse antes que ele soubesse como me sentia.

Esforcei-me ao máximo para conseguir elevar as pálpebras, porém assim que o fiz fui obrigada a baixá-las em seguida, pela luz. Senti uma lágrima a escorrer-me pela face, por causa disso. A segunda tentativa já foi mais fácil, devido à claridade ainda tive que semicerrar os olhos, porém consegui mantê-los abertos. Vi-o nesse momento. Estava sentado numa cadeira, e com a cabeça pousada na cama, com a mão junto à minha. Abri a boca porém o som não saiu, por isso tentei mexer a mão, mas parei ao ouvi-lo.

- Não sei que mais fazer Ellie… - dizia, fazendo breves pausas para fungar – Não sei que mais pensar… eu preciso de ti viva, não aguento mais, já se passou demasiado tempo, já dói demasiado… - demasiado tempo? Quanto tempo terei estado inconsciente?

- Des… - murmurei, baixo, porém elevei a voz em seguida, mexendo a mão para que olhasse para mim – Desculpa.

Primeiro ficou muito quieto, como que petrificado, e depois elevou a cabeça da cama muito lentamente, como se temesse ter imaginado a minha voz, e virou-a para mim.

- Ell… - murmurou, com uma voz de choro, e uma lágrima a escorrer-lhe pela face – Ell, tu…

- Desculpa – disse-lhe, também já com uma lágrima a escorrer-me – Danny desculpa, eu fui parva e…

- Shh – pôs um dedo na minha boca e após limpar as minhas lágrimas, e as suas, juntou as nossas testas. Os seus olhos brilhavam mais que qualquer outra vez em que eu os tenha visto, não conseguia nem imaginar pelo que o tinha feito passar. Se fosse comigo, se fosse ele deitado nesta cama, sei que não aguentaria – Está tudo bem Ell… tu estás bem. Eu também peço desculpa, não devia ter mentido… desculpa.

Assenti com a cabeça enquanto me deixava mergulhar naqueles olhos, e desejava ardentemente que ele se inclinasse para juntar os nossos lábios, visto que eu nem força para isso sentia ter. E foi exactamente o que ele fez, e apenas parou quando a máquina dos batimentos cardíacos começou a apitar, indicando que estavam demasiado rápidos.

- Tenho que ir chamar os médicos – sussurrou-me, ainda com a testa encostada à minha. Deve ter visto nos meus olhos que não queria que me deixasse por nada. Que queria que ficasse aqui comigo. Que precisava disso – Não te preocupes, eu volto num segundo.

Deu-me um beijo ao de leve e dirigiu-se à porta.

- Danny – parou quando o chamei, e voltou-se para mim – Eu amo-te.

- Eu também te amo Ell.