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The Mess I Made - One shot

por Andrusca ღ, em 17.08.11

The Mess I Made

 

Era hoje. O dia tinha finalmente chegado. Ele sabia que a culpa era dele. Sabia que a podia ter impedido de se afastar. Devia tê-la beijado, devia ter agarrado na sua mão e dizer-lhe que nunca a ia deixar ir embora, devia ter dado uma olhada àqueles olhos azulão que ele tanto gosta e ter pronunciado a simples palavra de cinco letras. Um simples “amo-te” chegaria para a fazer ficar. Para a fazer desistir de tudo menos dele.

Mas não o fez.

E ela foi-se embora.

Ela deu-lhe todas as oportunidades para a fazer voltar atrás, para a fazer parar a fantochada em que vivia e ficar finalmente com ele. Mas ele não as aproveitou. E agora, sozinho, no seu apartamento meio vazio e ainda com o cheiro da amada, ele enfrenta a confusão toda que fez. A asneira que fez em não ter seguido o coração, em ter medo de o ouvir.

Olhou para as horas, em poucos minutos a sua amada seria a mulher de um outro homem, unidos pelos laços de um matrimónio indesejado pelo menos por uma das partes. E ele nem sequer a tentou impedir de comparecer.

Lembra-se claramente da discussão do dia anterior. Ela chorou, ele lastimou-se, ela quase que implorou para que ele a impedisse de casar, ele não o fez. Ela apenas queria uma prova que podia ficar com ele. Que ele queria ficar com ela. Não precisava de um anel de diamantes nem de um inesperado pedido de casamento e promessas de um amor eterno. Da maneira como ela se sentia por ele, um simples “não vás” chegava para a fazer ficar.

Mas de novo, ele não o fez.

Ele sabia que nunca lhe poderia dar as coisas que o, em breve, marido, podia. Não lhe podia comprar jóias caras, nem carros topo de gama, nem alimentar o estilo de vida a que estava habituada. De facto, ele nem sequer sabia o que ela tinha visto nele, em primeiro lugar. Mas sabia que as últimas três semanas tinham sido as melhores de toda a sua vida.

Mas não havia nada a fazer, ele tinha feito asneira, não a seguiu quando teve a oportunidade.

Permaneceu ali, imóvel no meio da sala vazia onde tantas vezes usufruiu da companhia dela. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto, e apressou-se a limpá-la. De novo, outra olhadela ao relógio. Poucos minutos até a cerimónia começar.

Ele sentiu raiva, angustia, de si próprio. Porque sabia que a podia ter impedido de casar e não o tinha feito.

Mas não era tarde demais. A asneira podia ser remediada. Se ele lhe pedisse, se ele lhe mostrasse que a ama, em vez apenas o dizer, ela largaria tudo para ficar com ele. Porque a verdade é que ela não liga aos bens materiais, e se apaixonou por ele por ser um homem bom e honesto, um homem que a faz rir e a compreende. E ela não mudaria uma única coisa nele.

Ele abriu o roupeiro do quarto e de lá tirou o único fato de possuía, e que de facto, já estava algo antigo. Não se importou. Vestiu-o numa questão de segundos e saiu de casa, correndo desenfreadamente pelas escadas, até chegar à porta de prédio e agarrar na sua bicicleta. Era de loucos. Tinha tido tanto tempo para a fazer ficar, e apenas agora sentiu que era mesmo isso que tinha que fazer. Que se ela casasse com o outro homem, todo o mundo poderia desmoronar.

Chegou à igreja onde a cerimónia se estava já a realizar e saltou da bicicleta ainda com ela em movimento, pouco se importando em que ia bater ou que se podia estragar. Tudo o que lhe importava era ela. Era dizer-lhe que estava errado em não a ter impedido. Que lamentava ter feito essa asneira e que esperava que ela o perdoasse e voltasse para ele.

Correu até à porta de igreja e abriu-a com força, fazendo com que todos os convidados e os noivos olhassem para ele. Muitos dos convidados faziam parte do Jet7, pessoas finas e com uma maneira de viver totalmente diferente dele. Mas ele não se importou, porque apenas contemplava a mulher mais bonita daquele espaço.

Assim que pousou os olhos nele, o azulão dos olhos dela começou a ficar enlagrimado, e um grande sorriso brotou-lhe nos lábios. Ele tinha vindo. Tinha vindo impedi-la de fazer o maior erro de toda a sua vida.

Ele deu uns quantos passos para dentro da igreja e ela desceu do pequeno altar, andando também na sua direcção.

- Perdoa-me – pediu apenas ele, agarrando-lhe em ambas as mãos – Perdoa a minha asneira.

- Vieste – proferiu ela.

- Não podia não vir. Eu amo-te – confessou-lhe ele.

Ela mandou-se para o seu peito e enrolou os seus braços no pescoço dele, envolvendo-os assim aos dois num abraço apertado que se seguiu de um beijo sentido, perante a incredibilidade de todos os que assistiam.

- Eu também te amo – afirmou ela, sorrindo imensamente para ele.

 

Fim

 

Quem ainda não viu o capítulo ainda vai a tempo...